A Yamaha apresenta o modelo 2019 da Lander 250 com um design inédito e freio ABS apenas na roda dianteira. A trail manteve o motor bicombustível de um cilindro e 250 cc, mas ganhou tanque maior e uma ergonomia revista. Com isso, a marca japonesa aposenta a Ténéré 250, versão aventureira baseada na Lander. A nova Lander 250 ABS chega às lojas em janeiro do próximo ano, mas o preço ainda não foi definido.
A proposta da Yamaha foi unir a agilidade e a vocação off-road da Lander com as qualidades para viajar da Ténéré 250. Para isso, adotou um novo quadro para comportar o tanque de maior capacidade – passou de 11 para 13,6 litros - e um banco mais largo e confortável.
Design mais “encorpado”
Desde seu lançamento em 2006, a XTZ 250 Lander não sofreu alterações em seu design – ganhou apenas o motor flex em 2015 e novas cores e grafismos a cada ano. Para 2019, a Lander ganhou linhas mais robustas. As abas laterais do tanque, o farol, o paralama dianteiro e os protetores rígidos das bengalas são inspirados na XT 660R, já descontinuada.
O farol e a lanterna são de LED, porém, a luz de posição e os piscas ainda usam lâmpadas halógenas. Outra novidade é o painel, semelhante ao da Fazer 250 ABS. Digital, tem velocímetro, conta-giros, marcador de combustível, hodômetros, relógio e ganhou um computador de bordo que indica o consumo médio e instantâneo, mas ainda ficou devendo um indicador de marcha.
Motorização conhecida
Assim como na Fazer 250 ABS, a Yamaha alterou radicalmente o visual da moto, mas não mexeu no conjunto motor e câmbio. A fábrica japonesa manteve o monocilíndrico de 249,5 cm³, duas válvulas, comando simples no cabeçote (SOHC) e refrigeração a ar com caixa de cinco velocidades, utilizado desde o surgimento da linha 250cc no Brasil.
O desempenho também não mudou. Bicombustível, ele produz 20,7 cv (gasolina) e 20,9 cv (etanol) de potência a 8.000 rpm; e o torque é de 2,1 kgf.m a 6.500 giros. Em função de mudanças no sistema de alimentação eletrônica, que ganhou bico injetor de 10 orifícios, as respostas parecem estar melhores e com menos “buracos”, principalmente, em arrancadas e retomadas.
A Yamaha também promete mais economia do que na antiga geração, que percorria em média 28 e 30 km/litro. Neste primeiro contato com a nova Lander ABS, rodei em torno de 150 km em estradas sinuosas e de terra e o novo computador de bordo indicou 34,2 km/litro de consumo. O que projeta uma autonomia de mais de 400 km. Corrigindo assim um “defeito” da antiga Lander que não chegava a rodar 300 km com um tanque.
Primeiras impressões
Ao despertar o motor, o som é familiar. Para não dizer igual ao da geração anterior. Já a posição de pilotagem mudou. O guidão mais curvado remete ao da aposentada Ténéré 250 e o banco em dois níveis também.
No trajeto percorrido, o banco se mostrou mais confortável do que na Lander antiga. E falo com propriedade, pois já tive uma Lander 2008, com a qual rodei mais de 60 mil km. O guidão não é tão aberto e reto, o que favorece a pilotagem quando se está sentado, mas não se mostrou ideal para pilotar em pé na terra por ser um pouco mais alto. O tanque, mais largo, faz com que as pernas fiquem mais abertas e é escorregadio para segurar a moto entre os joelhos no trecho fora-de-estrada.
Por outro lado, a ciclística agrada. O quadro conservou o desenho de berço semi-duplo, que vai bem na terra, e a adoção de uma dupla trave superior para acomodar o tanque não prejudicou a agilidade típica das trails.
As suspensões – garfo telescópico, na dianteira, e monoamortecedor fixado por links, na traseira – perdeu um pouco de curso em relação à antiga Lander. Oferece 220 mm na frente, como na Ténéré 250, mas um pouco mais na traseira, 204 mm. Na prática, ignora lombadas e buracos no asfalto e absorve bem os obstáculos na terra. O peso aumentou um pouco: agora são 143 kg a seco, e a antiga pesava 143 kg em ordem de marcha.
Ainda na parte ciclística, os freios usam os mesmos discos e pinças, mas agora com o sistema anti-bloqueio (ABS) apenas na roda dianteira. Segundo a Yamaha, a opção pelo ABS apenas em uma das rodas foi uma maneira de reduzir custos. Na prática, e no off-road, o sistema se mostrou eficiente e mal se nota sua atuação. Mas é preciso cuidado ao pisar no pedal de freio traseiro para evitar derrapagens, principalmente na terra.
Mas, no geral, a nova Lander 250 ABS manteve a agilidade e a vocação off-road da geração anterior, embora seja um pouco mais pesada. As rodas raiadas calçam os pneus Metzeler Tourance com câmara nas medidas 80/90-21 (diant.) e 120/80 (tras.), os mesmos da Ténéré 250. O novo modelo é ágil e muda facilmente de direção. A roda dianteira de 21 polegadas encara bem pedras e buracos maiores.
Conclusão
Ao menos do ponto de vista técnico, a Yamaha conseguiu aprimorar a receita de sucesso da Lander. O tanque maior e o banco em dois níveis e com espuma mais densa trazem mais conforto para a trail de 250 cc, sem perder suas características originais.
Já do ponto de vista comercial, a aposta da Yamaha foi arriscada. Afinal, a Ténéré 250 era um modelo mais encorpado e que fazia sucesso entre os aventureiros que procuram uma moto acessível e confortável para viajar. A autonomia do seu tanque de 16 litros e a maior proteção aerodinâmica podem fazer falta em algumas situações. E a nova Lander 250 não conta com o bagageiro de série que havia no modelo. A Yamaha defende-se dizendo que criou um kit touring para a nova moto, com bagageiro, protetor de motor e parabrisa. Mas vale destacar que vai ser vendido à parte e por um custo extra.
Quando questionado sobre o futuro da “Ténérézinha”, o gerente de produto e marketing da Yamaha Motor do Brasil, Hélio Ninomiya, afirmou: “o nome Ténéré é muito importante para nós”. A declaração dá pistas de que a marca pode, no futuro, lançar uma aventureira compacta com o motor bicilíndrico da MT-03 e da R3, nos moldes da Kawasaki Versys 300. Mas, por enquanto, são apenas especulações.
Por fim, a nova Yamaha Lander 250 ABS deve agradar os consumidores da marca que procuram um modelo versátil para o dia-a-dia e confortável para viajar, mesmo por estradas de terra. Claro que o sucesso vai depender do preço que, segundo Ninomiya, vai ser inferior ao da Honda XRE 300 ABS, recentemente reformulada.
A nova Lander 250 ABS, portanto, deverá custar menos do que R$ 18.200, o valor sugerido para a XRE 300, o que já era esperado. Afinal, a trail da Honda tem ABS nas duas rodas e um motor com melhor desempenho nominal. A ausência de ABS na traseira não é assim tão ruim no fora-de-estrada e oferece certa segurança. Mas, comercialmente, é um argumento desfavorável para a nova moto da Yamaha.
A XTZ 250 Lander ABS chega às lojas apenas na segunda quinzena de janeiro do próximo ano em três opções de cores: azul, branca e preta. Uma boa notícia é que o modelo terá quatro anos de garantia e revisões a preço fixo até os 30.000 km.
FICHA TÉCNICA - Yamaha XTZ 250 Lander ABS
Motor DOHC, um cilindro, duas válvulas com refrigeração mista ar/óleo
Capacidade cúbica 249,5 cm³
Potência máxima 20,7 cv a 8.000 rpm (gasolina); 20,9 cv a 8.000 rpm (etanol)
Torque máximo 2,1 kgf.m a 6.500 rpm (gasolina e etanol)
Câmbio Cinco marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Quadro berço semi-duplo
Suspensão dianteira Garfo telescópico com 220 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecedor fixado por links com 204 mm de curso
Freio dianteiro Disco simples de 245 mm de diâmetro (ABS)
Freio Traseiro Disco simples de 203 mm de diâmetro,
Pneus 80/90 – 21 (dianteira) e 120/80 – 18 (traseira)
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