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Para tornar mais popular a tecnologia híbrida e o seu Prius no Brasil, a Toyota vem elevando gradativamente os investimentos em divulgação e publicidade. Há cerca de um ano começou a veicular propaganda do Prius em TV por assinatura. Esta semana inaugurou no Parque Villa Lobos, em São Paulo, a Hybrid House, um estande onde os visitantes podem conhecer o Prius e seus sistemas. O espaço fica aberto por cerca de uma semana e depois segue para o Rio de Janeiro. Está nos planos realizar a mesma ação em outras cidades.
Esse novo mercado aberto pela Toyota em 2013, quando trouxe o primeiro Prius ao Brasil – principalmente para frotas de táxis devido ao preço muito elevado –, pode ganhar fôlego adicional se for confirmado o plano da marca em colocar em 2018 mais um híbrido à venda no País, o SUV compacto C-HR fabricado na Turquia e no Japão, hoje com mais da metade das vendas concentradas na versão híbrida. O problema até agora é a falta de modelos disponíveis para importar, já que o carro faz sucesso na Europa desde o lançamento em 2016 e toma 100% da produção da fábrica turca.
Por causa dessa dificuldade a Toyota ainda não confirma o lançamento, mas executivos da marca concordam que o C-HR híbrido poderia catapultar as vendas de híbridos no País, pois colocaria a marca na disputa do segmento que mais cresce no País, o de SUVs compactos, com potencial de aumentar bastante o interesse dos brasileiros pela tecnologia que combina no veículo o uso de motores elétrico e a combustão para reduzir emissões e economizar combustível – o Prius tem consumo medido pelo Inmetro de 18,9 km/l com a gasolina brasileira misturada com 27% de etanol.
Vantagem tributária
A vantagem de trazer só a versão híbrida é o imposto de importação bem menor, de 4%, contra 35% para os importados só com motor a combustão. Foi justamente essa diferenciação de tributação, adotada pelo governo brasileiro desde 2014, que permitiu à Toyota praticar preços mais competitivos para o seu híbrido. Além disso, o Estado do Rio de Janeiro e algumas cidades paulistas, como Indaiatuba, Sorocaba e São Paulo, isentam os híbridos do pagamento de IPVA.
“Está melhor do que era antes [com imposto de 35%]. O preço do Prius já foi 30% maior que o do Corolla, hoje é em torno de 10%. Mas a tributação de IPI sobre os híbridos ainda é maior em comparação com modelos a combustão. Existe espaço para corrigir isso no Rota 2030 [o programa de desenvolvimento do setor automotivo que está em discussão entre governo e representantes da indústria]”, avalia Ricardo Bastos, diretor de relações públicas e governamentais da Toyota do Brasil. “Sabemos que atualmente é difícil discutir qualquer tipo de isenção fiscal, mas o que propomos é uma tributação mais justa para um produto que traz indiscutíveis benefícios ambientais”, acrescenta.
O aumento das vendas do Prius também ajudou a Toyota a cumprir as metas de eficiência energética do Inovar-Auto, cuja média a ser atingida por fabricante é calculada com base no consumo e no volume de vendas de cada carro – ou seja, não basta ter um veículo muito econômico na lista de produtos à venda, mas também é necessário que ele seja bem vendido para influenciar positivamente na média de consumo. No caso de híbridos, pelas regras do Inovar-Auto, cada modelo comercializado é multiplicado por 1,85, para assim aumentar sua influência sobre o total de vendas.
“Atingimos as metas”, informa Bastos, sem confirmar se a Toyota conseguiu ou não superar os objetivos para ganhar bonificação de um ou dois pontos porcentuais no IPI de seus carros. “Só vamos divulgar isso depois que o governo publicar nossos números”, diz. Mas ele lembra que a empresa investiu fortemente para perseguir redução de consumo e emissões, como a introdução dos novos motores 1.3 e 1.5 fabricados em Porto Feliz e usados pela família Etios, além da recalibração dos motores 1.8 e 2.0 do Corolla, que também passou a usar câmbio automático CVT. “É parte integrante de nossos objetivos estratégicos mundiais produzir carros com emissões de carbono cada vez menores”, diz.
Bastos avalia que o incentivo à eficiência energética deverá ser mantido nas novas metas que deverão ser impostas no Rota 2030. “É preciso lembrar também que a tecnologia híbrida pode conversar muito bem com a matriz energética brasileira, com o desenvolvimento de motores flex para híbridos, ou mesmo para modelos elétricos alimentados por células de hidrogênio [que pode ser extraído do etanol]”, pondera o executivo. Essa seria, segundo ele, mais uma razão para continuar apostando no crescimento dos híbridos no Brasil. “Nesse sentido, estamos buscando parcerias de desenvolvimento com universidades”, revela. Um Prius já foi cedido para estudos para a USP e outro deverá ser para a UNB.
Rápido no mundo, lento no Brasil
Por falta de maiores incentivos, as poucas opções de propulsão eletrificada no País avançaram muito lentamente desde 2011, quando chegaram os primeiros Ford Fusion Hybrid. A frota de elétricos e híbridos vendidos soma cerca de 6 mil unidades, mais da metade (3.269) são Toyota Prius e alguns poucos Lexus CT 200 (marca de luxo da Toyota). É quase nada quando se compara com os 11 milhões de carros híbridos já vendidos pela Toyota no mundo todo entre 1997, quando lançou o Prius, e 2016.
A escalada na venda de híbridos (e mais tarde dos elétricos com célula de hidrogênio) é parte fundamental da estratégia corporativa global adotada pela Toyota desde 2015. Mês passado no Salão de Tóquio a montadora anunciou que até 2040 irá vender somente veículos híbridos ou elétricos, eliminando completamente de seu portfólio carros movidos unicamente por motores a combustão. “Claro que o Brasil terá de acompanhar essa tendência”, resume Bastos.
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