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Ficamos com um modelo na versão topo de linha, Griffe, por 2 semanas para avaliação. Com um design atraente, o carro ainda atrai olhares por onde passa. Isso se deve pelo fato de ter poucos modelos rodando nas ruas de Campo Grande-MS. Mas o carro tem potencial de sobra para enfrentar seus concorrentes.
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O modelo da francesa Peugeot ainda consegue manter os preços de venda iguais aos da época do lançamento. Em alguns Estados, algumas versões ainda saem mais baratas do que o preço de tabela.
Allure (manual): R$ 59.500
Allure (A/T): R$ 64.500
Féline (A/T): R$ 74.900
Griffe (A/T): R$ 79.900
Mecânica
O 408 é um projeto que uniu chineses, brasileiros e franceses a partir de 2007 e é fabricado em Palomar, na Argentina. O motor utilizado é um 2.0 16V flexível do 307, empregado também (mas com calibragem diferente) no Citröën C4 Pallas. Feito em alumínio e com comando variável das válvulas na admissão, o propulsor entrega 151 cavalos de potência a 6.000 rpm e 22 kgfm de torque a 4.000 rpm quando abastecido com etanol. Mas a nossa avaliação foi feita totalmente com gasolina, onde a potência fica em 143 cv a 6.250 rpm e o torque em 20 kgfm a 4.000 rpm. O câmbio escolhido para gerenciar a força para as rodas é o automático sequencial denominado AT8, de quatro velocidades (como o Tiptronic ainda usado nos 207 e o único ponto fraco da mecânica do carro). A versão Allure tem a opção de câmbio manual de cinco marchas.
Design
Como dissemos, a grande arma dos modelos que chegam ao mercado nacional é o design. Pensando nisso, a Peugeot caprichou no desenho do 408. O conjunto óptico mantém a identidade "felina", contornando um capô dianteiro massudo que descarta parcialmente o "bocão" de outros modelos da marca, mas são as lanternas traseiras de pequeno porte (apesar de invadirem o porta-malas) e forma relativamente simples, inspiradas nas peças do antigo 406 Coupé, que arrematam a contento uma silhueta elevada e, de resto, sóbria, sem excessos nem ousadias.
Uma escolha vista como “infeliz” pelos críticos, inclusive por nós, foi a escolha de trazer duas falsas saídas de escapamento cromadas no para-choques traseiro. Uma bobagem que, se não estraga o conjunto, pouco acrescenta também. Poderiam dar lugar a duas luzes de ré ou mesmo de neblina. Mas é questão de gosto.
Ao volante
Em nossa avaliação de 2 semanas, rodamos quase 1.000 quilômetros entre as ruas de Campo Grande e um pequeno trecho de estrada. Ao entrar no carro, a posição de dirigir relativamente alta é causada pela enormidade do parabrisa e pelas colunas A estreitas, solução comum nas minivans com DNA francês. Além disso, as portas dianteiras têm janelas grandes, ampliadas por duas seções fixas perto das colunas. A direção é regulável em altura e profundidade e a versão testada ainda tem ajuste do banco do motorista por comandos elétricos.
O habitáculo do 408 é espaçoso e abriga com muito conforto quatro adultos, que se beneficiam do entre-eixos de 2,71 metros e do teto em arco, especialmente favorável a quem vai no banco traseiro. Mas o espaço é tanto que, devido à distância, chega a ser difícil para o motorista abrir o porta-luvas, e mais difícil ainda (e perigoso, com o carro em movimento) pegar algo ali dentro. O compartimento ainda tem uma saída de ar-condicionado para conservar bebidas e alimentos frescos durante uma viagem mais longa. Por falar em compartimentos, os chamados porta-trecos são muitos no 408.
O painel frontal possui revestimento emborrachado, agradável ao tato e garantidor de uma sensação de refinamento, mesmo na versão Allure (que tem diferenciais quando dotada de câmbio automático). Saídas de ar com aro de metal cromado são um dos detalhes mais apreciáveis -- há cinco , três delas ao centro da peça (como no Citroën AirCross). Uma pena que os comandos alternativos do som fiquem numa alavanca escondida na coluna de direção, em vez de no próprio volante. O ar-condicionado, que mantivemos ligado o tempo todo por causa do calor absurdo em nossa região, funcionou bem. Na versão Griffe ele é digital com duas zonas de resfriamento dianteiras, que conta também com saídas para os passageiros de trás.
Um destaque estético e funcional do interior do 408 é o painel de instrumentos. Os mostradores circulares possuem iluminação num tom claro e leitoso de cinza e os ponteiros são vermelhos. O conjunto é bonito e a legibilidade, excelente.
Outro ponto forte do sedã é o seu porta-malas. Com capacidade para 526 litros, ele acomoda muito bem bagagem para uma família com dois filhos em uma viagem de férias.
Andando, o 408 roda tranquilo e silencioso pelas ruas. Mas ate pegar uma rua mais esburacada (isso por causa dos pneus de perfil esportivo, que comentaremos mais abaixo) e vias mais íngremes. O conjunto motor motor/câmbio roda tranquilo e quase não denuncia a caixa de câmbio AT8, que possuí apenas quatro marchas (e jamais oito, como sugere o nome). Ao pisar leve no acelerador, as trocas praticamente são imperceptíveis na maioria das situações. De sua parte, o propulsor só começa a "falar alto" em velocidades acima dos limites legais, chegando então à faixa das 4.000 rpm. Em cruzeiro, por volta de 120 km/h, o conta-giros do 408 ficará sempre mais perto das 3.000 rpm.
Agora, quando se exige um pouco mais de força é que o câmbio sofre um pouco. Quando o 408 precisa encarar uma subida forte ou uma ultrapassagem na estrada percebem-se hesitações entre as marchas, especialmente quando a escolha do sistema é entre manter a terceira ou reduzir à segunda. Em certos momentos foi mais interessante fixar o câmbio no modo sequencial e determinar a troca movendo a alavanca.
A suspensão nos pareceu bastante firme e uma certa intenção esportiva se faz notar. Durante condução em pista plana e reta com boa pavimentação o carro sempre se mostrou equilibrado e suave. Mas os pneus de perfil baixo (225 / 45 R17) fizeram o carro sofrer com as irregularidades do asfalto de Campo Grande.
Notamos ainda algumas "quicadas" ao passar em pequenas irregularidades no asfalto, reação que foi claramente perceptível também no volante. Talvez sejam características de um carro que pretende ficar "mais na mão" do motorista do que a média dos três-volumes de seu porte -- em outras palavras, é preciso se acostumar com o 408 antes de gostar de guiá-lo.
Os freios do modelo se mostraram bastante sensíveis, sendo necessário dosar o pé para não provocar ações bruscas do sistema -- que nas três versões possui ABS (antitravamento), auxílio de frenagem de urgência e distribuição de força, com acréscimo de controle de estabilidade na Griffe. Ainda no quesito segurança, o 408 tem nas versões Féline e Griffe seis airbags no total, enquanto a versão de entrada, Allure, tem apenas dois, frontais. O rival Renault Fluence ofecere seis desde a configuração "popular".
Como nosso teste foi feito sempre com gasolina como opção de combustível, o consumo ficou em um nível bom. Na cidade, ele ficou na casa dos 7 km/l. Já na estrada, ele chegou a marcar 11 km/l, em uma média de 110 km/h. Em todos os casos, o ar-condicionado ficou ligado o tempo todo. Os números são muito bons para um carro do porte do 408, que pesa pouco mais de 1.500 quilos nessa versão, e ainda é gerido por uma caixa automática.
Uma das grandes reclamações de quem tem um sedã médio é na hora de estacionar. No caso do 408 isso se torna quase uma diversão. O motivo é por ele ter sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, que podem ser gerenciados por sinais sonoros e na tela de navegação do painel central.
Infelizmente, a Peugeot tem uma certa dificuldade de vender modelos acima do 207. Mas o potencial do 408 é enorme para bater de frente com seus rivais de mercado. Vale experimentar.
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