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O presidente da marca japonesa parece ter acertado em sua previsão. Em maio último, o segundo mês de vendas da Crosser, foram comercializadas 2.621 unidades do modelo. Ainda pouco se comparado aos 15.275 emplacamentos da mais vendida da categoria, a Honda NXR 150 Bros, mas bem próximo ao objetivo da Yamaha.
Bastou rodar com a Crosser 150 para perceber que, de fato, o novo modelo desperta a curiosidade dos motociclistas nas ruas e estradas de São Paulo. Em todo semáforo ou posto de gasolina, ouvíamos perguntas e comentários sobre o desempenho, o consumo, o preço... Ao ouvir a resposta de que o preço praticado nas concessionárias Yamaha era de R$ 9.600 (versão ED, a topo de linha com partida elétrica e freio a disco na frente) o sorriso de alguns virava crítica: “está cara, não?”. Um pouco, afinal o preço sugerido pelo fabricante é de R$ 9.350. Porém, mais em conta do que a Honda Bros 150, comercializada por R$ 9.800 na sua versão topo de linha.
Apesar do preço de “lançamento”, a força de ser uma novidade aliada ao desenho agressivo parece ter feito a cabeça dos motociclistas, como mostram os números de vendas. O para-lama superior (no estilo bico de pato, muito comum nas Suzuki DR) ajuda a encorpar a moto. O banco largo, um avantajado suporte para bagagens e um bom acabamento ajudam a reforçar a impressão que ela é mais do que uma 150 cc.
Como anda
Nas redes sociais os donos da Yamaha XTZ 150 Crosser rasgam elogios ao modelo, destacando desempenho, conforto e consumo como seus maiores trunfos. Em nossa avaliação concordamos em vários pontos, mas nem todos.
O desempenho é surpreendente para uma 150 cc, principalmente nas marchas baixas quando o pequeno motor de um cilindro (Blue Flex de segunda geração), 149,3 cm³, trabalha em giros mais elevados. O piloto tem a opção de abastecer com etanol ou gasolina e oferece a potência máxima de 12,2 cv de potência máxima a 7.500 rpm. O torque máximo é de 1,28 kgf.m e está disponível nos 6.000 giros quando abastecida com gasolina. Usando etanol atinge 12,4 cv de potência e 1,29 kgf.m de torque.
O propulsor é esperto nas arrancadas e se mostra vigoroso para ganhar giros. Uma característica que ajuda o piloto nas manobras urbanas e nas ultrapassagens. No complicado trânsito das grandes cidades, essa agilidade é um trunfo para sair de situações de risco. O bom escalonamento das cinco marchas ajuda a extrair o máximo desse pequeno propulsor.
Quadro e suspensões mostram-se bem ‘casados’. O guidão largo e o pneu dianteiro de 19 polegadas completa o conjunto que se mostrou equilibrado e ágil nas mudanças de direção. Apenas a altura do guidão (que coincide com o retrovisor de alguns carros) exige atenção nos corredores, porém é uma questão de costume. Depois que o piloto pega o jeito pode serpentear entre os carros dominando completamente os 120 kg dessa “fun bike”.
A moto é baixa (o banco fica a 836 mm do solo), uma característica que agrada bastante aos pilotos iniciantes e também ao público feminino. Largo e recheado com uma generosa camada de espuma, o assento mantém o piloto em uma posição de “ataque”, ligeiramente projetado a frente, como em uma típica trail. Pedaleiras emborrachadas e pedais com ranhuras completam o pacote radical da Crosser.
Nesse balé urbano vale ficar atento aos freios. Não que falte eficiência ao conjunto (composto por um disco de 230 mm na dianteira e tambor na traseira), mas em caso de emergência o piloto deve “alicatar” o manete com vontade para estancar a moto. Por isso, muita atenção com os outros veículos.
Trilhas urbanas
As trilhas urbanas (leia-se: a maioria de nossas ruas, principalmente nas periferias) mostrou ser o ambiente da Crosser 150. Quadro, do tipo berço semiduplo, associado ao excelente trabalho da suspensão absorve completamente as oscilações. O garfo dianteiro é convencional com 180 mm de curso, na traseira o sistema monoamortecido (que usa links) tem curso de 56,5 mm. Na prática, esses números garantem estabilidade e conforto ao superar os obstáculos. Os pneus Metzeler Tourance montados em rodas de aro 19 polegadas (90/90) na dianteira e 17 polegadas na traseira (110/90) se destinam ao uso no asfalto, mas o desenho da banda de rodagem permite ser usado no fora de estrada e até em trilhas leves.
Na estrada seu desempenho depende diretamente da inclinação do terreno. Nas descidas, a motinho empolga superando facilmente os 120 km/h (no velocímetro). Porém, nas subidas, o motor mostra sua limitação – baixo torque - e o piloto sente a perda de desempenho. Em serras, a velocidade máxima chegou a pouco mais de 80 km/h. Mas claro que tudo também depende do peso transportado.
O consumo em nossa avaliação (estrada/cidade) chegou a excelentes 37 km/litro. Projetando uma autonomia superior a 440 quilômetros, o que é uma grande vantagem para quem percorre longos trajetos diários.
Acabamento
O painel é completo e de fácil leitura. Traz conta-giros analógico, velocímetro digital, marcador de combustível e até a marcha engatada, mas falta um relógio. Os comandos são fáceis de operar. Ponto negativo para o acabamento da tampa de combustível. Simples e espartano demais. Enfim, não combina com o restante da moto. Quem costuma deixar o capacete travado em sua moto, não terá essa facilidade na Crosser 150, pois o modelo não oferece o equipamento.
No geral, a moto se mostrou uma grande evolução da Yamaha que colhe os frutos de sua história em fabricar versáteis modelos off-road. Consultamos algumas concessionárias de São Paulo que estão cobrando até R$ 9.600 pela XTZ 150 Crosser ED, valor acima do preço divulgado pelo fabricante que é de R$ 9.350 para esta versão. Por falar em preço, vale lembrar que o valor praticado a aproxima da Yamaha Lander 250 – cotada a R$ 12.800. Quem usa a moto em estradas deve levar em consideração este modelo de uso misto que oferece melhor desempenho e se mostra mais seguro e confortável em viagens.
Ficha técnica Yamaha XTZ 150 Crosser
Motor Arrefecimento a ar, SOHC, monocilíndrico, quatro tempos, 2 válvulas
Capacidade cúbica 149,3 cm³
Potência máxima (declarada) 12,2 cv a 7.500 rpm (gasolina) e 12,4 cv a 7.500 rpm (etanol)
Torque máximo (declarado) 1,28 kgf.m a 6.000 rpm (gasolina) e 1,29 kgf.m a 6.000 rpm (etanol)
Câmbio Cinco marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Berço semi-duplo em aço
Suspensão dianteira Garfos telescópicos com 180 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecida com link e 56,5 mm de curso
Freio dianteiro Disco simples de 230 mm de diâmetro (versão ED)
Freio traseiro Tambor mecânico de 130 mm de curso
Pneus 90/90-19 (diant.) / 110/90-17 (tras.)
Comprimento 2.050 mm
Largura 830 mm
Altura 1.140 mm
Distância entre-eixos 1.350 mm
Distância do solo 235 mm
Altura do assento 836 mm
Peso a seco 120 kg
Tanque 12 litros
Cores Branco, Cinza fosco e Laranja
Preço sugerido R$ 9.350,00 (versão ED)
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