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Nesta celebração de liberdade sobre duas rodas, o altar-mor foi transformado em palco, onde salmos e cantos gregorianos deram espaço para o melhor rock’n roll em clima de confraternização. E não é que neste culto havia até um padre, isso mesmo, um padre motociclista. O Padre Vanderlei Bock, de Porto Alegre (RS), e mais cinco amigos do Donos do Tempo Moto Clube, do qual faz parte, vieram celebrar a amizade e a paixão pela motocicleta. “Hoje, a Harley é o centro das atenções. Mas não podemos nos esquecer de celebrar a vida que é uma dádiva divina”, explica o pároco do Santuário São Cristovão, em Canoas (RS). Detalhe: do Rio Grande do Sul, o Pe. Vanderlei veio pilotando uma HD Road King 2008. Na sua garupa, a imagem de Nossa Senhora Aparecida. O padre disse ainda que realiza uma moto-procissão que reúne mais de 25 mil motociclistas que homenageiam São Cristovão, sempre no mês de julho.
Um dos pilares da Harley-Davidson no Brasil é o Capitão Senra, ex-militar de 83 anos, há 67 na estrada sempre pilotando motos da grife americana. “As Harley são minha paixão. Com ela participei de aventuras, paqueras e muitas conquistas profissionais. A HD me deu tudo na vida, inclusive uma enorme família formada por amigos e admiradores da marca como eu”, explica Capitão Senra, um dos embaixadores da HD no Brasil e também no mundo. Indagado sobre qual Harley mais gostou de pilotar nestas quase sete décadas, o sábio motociclista mineiro foi sucinto na resposta: “Harley-Davidson. Já que cada uma teve seu charme e história dentro da HD”, comenta o ex-militar que fez a escolta do presidente Juscelino Kubitschek, na década de 1950, e da Rainha Elizabeth, nos anos 1960. Para muitos admiradores, Capitão Senra é visto como uma espécie de ‘Papa’ entre os harlistas, já que em função de sua experiência dissemina os princípios de segurança, qualidade de vida e companheirismo em duas rodas.
Harlistas do Norte/Nordeste
Em um ambiente de pura descontração encontramos harlistas vindos de várias partes do Brasil, inclusive das regiões Norte/Nordeste. Para o empresário Mário Fidalgo, que rodou mais de 2.200 quilômetros entre Belém (PA) e Caldas Novas (GO) com sua HD Ultra Classic, o encontro é uma forma de rever velhos antigos de estrada, fazer novas amizades e trocar experiências com pessoas que nutrem a mesma paixão pela Harley. “A marca é uma irmandade na qual nenhum irmão fica desamparado. Todos nós somos solidários e podemos rodar pelo mundo sem passar por apuros. Sempre haverá um harlista disposto a ajudar seu irmão de estrada”, filosofa Fidalgo, que pilota Harley há quase 15 anos. Integrante da Confraria Harley-Davidson, que tem 100 associados, o empresário de Belém diz que tem uma Honda para o dia a dia, uma BMW para viagens curtas e uma Harley para viver “grandes aventuras”.
Os amigos Roberto Paiva e Wagner Andrade seguem a mesma linha de raciocínio. A dupla, acompanhada de suas esposas, foi de Recife (PE) até o planalto central em duas HD Ultra Classic em busca de uma viagem inesquecível de mais de 2.500 quilômetros, que percorreram em três dias e com três paradas: Itaberaba e Luis Eduardo Magalhães, ambas cidades baianas e Caldas Novas (GO) para participar do National HOG Rally. “Foi quase um Iron Butt, já que percorremos 1.000 quilômetros no primeiro dia de viagem”, brinca o empresário Roberto Paiva.
Para Betão, como Roberto é mais conhecido, a Harley-Davidson faz parte de seu estilo de vida. “Hoje 70% das minhas roupas são HD”. Andrade completa dizendo que sua aliança de casamento e sua corrente também levam o logo da marca. “Quem compra uma moto HD ganha de brinde uma nova família”, afirma Paiva, que é diretor do HOG Chapter da concessionária Recife Harley-Davidson.
“Em Recife ou em qualquer grupo de harlistas ninguém quer saber o que você é ou o que faz. O que importa realmente são as experiências que podem ser trocadas sobre o mesmo tema, ou seja, a Harley-Davidson”, analisa Wagner Andrade.
Mulheres na pista
Neste universo formado em sua grande maioria por homens, as mulheres têm se destacado. Encontramos dois bons exemplos durante o National H.O.G. Rally: a experiente Valéria Aranha e a novata Alana Montagna Dias. Em comum, ambas nutrem a paixão pela Harley.
Carioca da gema, a dentista Valéria já rodou – junto com a amiga Cláudia Fujarra – quase toda a América do Sul, isso sem falar nos principais eventos e rotas norte-americanas. No seu colete de couro está um pet que carrega com carinho e destaca a façanha de ter rodado 150.000 milhas a bordo de uma Harley. Aliás, Valéria Aranha teve sete Fat Boy, uma Rocker e uma 883, que lhe confere 10 anos pilotando motos HD e o orgulho de ter participado de todos os eventos do H.O.G. no período.
Para chegar a Caldas Novas (GO), a motociclista e mais quatro amigos rodaram 1.350 quilômetros. Durante o encontro da Harley, a motociclista participou com sua Fat Boy também do motor games, que é realizar um percurso em local fechado, no qual todas as habilidades sobre a moto são colocadas à prova. “Estou aqui para curtir a estrada e rever os amigos”, afirmou a Valéria Aranha.
Outra piloto que participou da prova foi a designer de produto, Alana Dias, que veio num comboio de 25 motos que partiram da concessionária Harley Rota 67, de Campo Grande (MS). O percurso de 1.150 quilômetros foi realizado em duas etapas, com uma parada estratégica em Itumbiara (GO). Conduzindo uma HD 883 Low, carburada, a sul-matogrossense participa pela primeira vez de um evento do H.O.G. “Aqui encontro pessoas que carregam o mesmo espírito de liberdade e a mesma paixão que a minha”, conclui a jovem motociclista que desenvolve uma linha de produtos batizada de “Luck on The Road” - como, por exemplos, roupas, acessórios, capacetes personalizados e itens de decoração.
Para Flávio Villaça, gerente de marketing da Harley-Davidson Brasil, a marca está focada em renovar seu público. “No H.O.G Caldas Novas, por exemplo, havia motociclistas experientes, mas também muitos jovens participando das gincanas sobre duas rodas. E é esse perfil de consumidor que queremos trazer para a Harley. Por isso buscamos atraí-lo aprimorando nossa comunicação e também oferecendo produtos mais joviais, caso da linha Dark Custom, motos com estilo urbano, mas também com linguagem estética mais moderna, de atitude”, explica Villaça.
Numa visão mais global do negócio, a HD tem se esforçado em trazer novas gerações de motociclistas ao seu mundo de entretenimento e estilo de vida. Prova disso são os modelos mais básicos e acessíveis que foram a apresentados no mercado internacional, como as Street 750 e 500cc. No Brasil ainda não há previsão de chegada destas novas HDs.
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