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“A nossa prioridade será garantir previsibilidade para que as empresas do setor possam se planejar e sair da crise”, anunciou Megale ao tomar posse na segunda-feira, 25. O executivo de 59 anos apontou que deixar as regras do jogo claras será sua ocupação número um tanto quando se trata de novas regulamentações, como as leis que tornam obrigatórios itens de segurança, quanto na área de financiamento e crédito, principalmente para o segmento de veículos comerciais. “Queremos manter a nossa interlocução com o governo e com outras entidades, que hoje é muito boa”, aponta, mesmo sem saber ao certo com qual governo tratará nos próximos três anos.
Para garantir isso, a agenda de Megale deve priorizar neste início de mandato uma série de visitas a Brasília. Estão previstas reuniões no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no Ministério das Cidades, no Denatran e no Ibama. Assim que o Senado decidir pelo afastamento ou não de Dilma Rousseff da Presidência da República, o executivo pretende marcar reunião com ela ou com Michel Temer, se este for o caso.
Menos promessas em busca de mais realização
Ao contrário de seu antecessor, ao assumir a presidência da Anfavea Megale evitou fazer promessas que podem ser difíceis de ser cumpridas. Há três anos, quando Moan tomou posse, ele chegou a se comprometer com a criação do programa Exportar-Auto, que elevaria o patamar de exportações nacionais para 1 milhão de veículos por ano, algo que jamais poderia acontecer sem produtos adequados e ampliação dos acordos internacionais de comércio. As exportações brasileiras não passam da casa das 400 mil unidades por ano.
Conheça abaixo as grandes prioridades da gestão de Antonio Megale na Anfavea:
- Exportações e competitividade
Com a ociosidade da capacidade produtiva na casa dos 50% na indústria automotiva, Megale quer elevar as exportações para melhorar o aproveitamento das fábricas nacionais. Segundo a Anfavea, a desocupação chega a 80% quando analisado o setor de caminhões. “A produção é a nossa grande preocupação e exportar é uma excelente alternativa para o momento, com o câmbio favorável”, aponta.
Ele pretende seguir trabalhando em parceria com o governo para rever e ampliar acordos comerciais já estabelecidos e firmar novas parcerias. O foco inicial está na América do Sul. “Ao garantir bom volume com Peru, Equador e Colômbia, já chegamos ao patamar de exportação que temos com a Argentina”, compara, indicando que nenhum mercado será desconsiderado.
O acordo da entidade com a Argentina, que termina em junho, também passará por renegociação. Megale enfatiza que o foco é o livre comércio, mas admite que será difícil pleitear estes termos na atual situação política dos dois países. “Podemos rever alguns pontos e renovar, mas gostaríamos de estabelecer acordo com prazo superior a um ano”, conta, batendo novamente na tecla de que é preciso manter a previsibilidade para as empresas.
O executivo também mantém boas expectativas acerca da megaencomenda do Irã, que pode chegar a 140 mil veículos. Segundo ele, ainda não está definido se este volume todo será comprado no Brasil. De qualquer forma, ele indica que as montadoras trabalham internamente para fornecer localmente ao menos parte da encomenda.
- Busca por retomada
O executivo preferiu não divulgar a prévia dos resultados de vendas de abril. Ainda assim, ele adiantou que a média diária permanece bem próxima da registrada em março, com a diferença de que o mês atual tem alguns dias úteis a menos. Assim, se não houver mudança nos próximos dias, já é possível esperar por mais uma contração das vendas na comparação mensal. No primeiro trimestre de 2016 o mercado interno já acumulava queda de 28,6%, para 481,3 mil veículos.
Megale mantém o discurso de Moan e afirma que os primeiros sinais da volta do crescimento do mercado interno de veículos podem acontecer ainda no fim deste ano. “Estamos vivendo uma crise de confiança. Se o cenário clarear, veremos melhora rápida da demanda por automóveis”, afirma. Ele assume, no entanto, que o caso não é tão simples quando analisado o setor de veículos comerciais, que precisa de crescimento econômico para reagir.
O novo presidente da Anfavea enfatiza que o Brasil tem enorme potencial de vendas de veículos no médio e no longo prazos. Por isso, ele acredita que a atual crise não vai tirar o País do mapa dos principais mercados globais. “Perdemos algumas posições no ranking, mas estou certo de que logo vamos recuperar.”
- Futuro do Inovar-Auto
Megale assume a Anfavea em momento decisivo para o Inovar-Auto. Entre outubro de 2016 e setembro do ano que vem as montadoras têm de apresentar os resultados de eficiência energética ao governo. “Não vemos a possibilidade de que aconteça qualquer mudança nestes prazos. Isso está claro para todas as empresas”, assegura.
Com a proximidade do fim do programa nos moldes atuais, a entidade destaca que é o momento de discutir uma possível continuidade para o Inovar-Auto. “O ideal seria estabelecer uma política industrial apoiada em dois pilares: eficiência energética e pesquisa e desenvolvimento local”, acredita.
O executivo afirma que manter a exigência de investimento em pesquisa e desenvolvimento no Brasil não traz benefícios só aos carros, que poderão receber novas tecnologias, mas também aos times de engenharia locais, que ganham mais visibilidade global dentro das montadoras. Na área tecnológica, Megale também pretende impulsionar a indústria na área de propulsão alternativa e enfim colocar o Brasil na rota dos veículos elétricos e híbridos.
- Legislação trabalhista
Para o novo presidente da Anfavea, a busca por mais previsibilidade na indústria passa por melhorar e tornar mais flexíveis as leis trabalhistas. Magale aponta que o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) é uma vitória recente, mas que ele tem validade de apenas dois anos. “Queremos isso como algo perene que possa ajudar a indústria em uma eventual crise futura.”
O executivo também quer se empenhar na busca por mais segurança jurídica para as empresas nas negociações trabalhistas. “Temos sindicatos maduros no Brasil e a negociação entre a empresa e estas entidades tem de prevalecer sobre a legislação”, aponta. Segundo ele, muitos acordos não são aprovados por restrições nas leis brasileiras.
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