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Porém resumir a Duke 690R a seu motor potente é mais que uma injustiça, é uma heresia. Essa naked austríaca oferece uma maneabilidade invejável, freios excelentes e muita diversão em um pacote super leve: 149,5 kg a seco na versão “R”, avaliada. Mais esportiva, a 690R tem acabamento diferenciado, mas também suspensões e freios melhores. Além de um sistema de escapamento da marca Akrapovic que garante os dois cavalos a mais no motor em comparado à versão standard.
Vibrante
Embora não seja a configuração preferida de muitos motociclistas, os motores de um cilindro têm muitos benefícios. Entre eles, o menor número de peças móveis, o que facilita a manutenção, e o bom nível de torque desde os baixos giros. E sendo a KTM uma fábrica especializada em motos off-road, a opção pelo LC4 foi natural desde a Duke original, fabricada em 1994. Ou seja, era um motor que já existia na casa austríaca.
Desde então, foram feitas diversas melhorias. Nesta última versão, a adoção do acelerador eletrônico ride-by-wire e das duas velas por cilindro com mapas de ignição independentes melhorou e muito a alimentação do propulsor. Ajudou a reduzir bastante o característico “ploft” dos monocilíndricos. Quem já pilotou uma Yamaha XT 660R sabe do que estou falando: basta estar em terceira ou segunda marcha e deixar o giro cair para o motor apagar. Não que isso não aconteça nessa naked austríaca, mas menos frequentemente.
Embora a marca alegue que ele está mais suave nas acelerações, a “patada” do propulsor é tamanha que, nas curvas de asfalto úmido das estradas da Tailândia, onde rodei com a Duke 690R, era só girar um pouco mais o acelerador para sentir a traseira da moto derrapar em função do torque brusco do motor. O par máximo de 7,15 kgf.m chega a 5.500 rpm, mas acima de 3.000 giros já há grande parte dessa força – e quando ela chega, vem de uma vez só.
O resultado é um motor divertido de guiar, seja para sentir o “soco” no estômago na aceleração ou para levantar a roda da frente. Aliás, é praticamente impossível abrir todo o acelerador sem tirar o pneu dianteiro do chão.
Mas vale dizer que é divertido, porém vibrante – uma característica (ou defeito) dos monocilíndricos. Afinal, não é fácil comprimir e explodir 690 cm³ de mistura ar/combustível sem nenhuma vibração. Mas até que a KTM fez um bom trabalho para manter as vibrações em um nível civilizado com um eixo balanceiro instalado no virabrequim e também com o sistema eletrônico de gerenciamento do motor que reduz as vibrações também em desacelerações.
Estreita, leve e potente
Outra vantagem do motor de um cilindro é seu desenho estreito – por isso também seu uso é comum em motos off-road, nas quais o baixo peso é crucial para se ter uma boa dirigibilidade. Na Duke 690R não é diferente. Amarrado a um quadro em treliça construído em aço cromo-molibdênio, que pesa somente nove quilos, o motor é parte integrante da estrutura e resulta em uma moto bastante esguia e estreita.
Ao montar na Duke 690R as pernas abraçam com facilidade o tanque de 14 litros e o contato dos joelhos com o corpo da moto garante a segurança necessária para uma pilotagem esportiva e ousada.
As suspensões da marca WP – garfo invertido na dianteira e balança de alumínio monoamortecida na traseira – trazem infinitos ajustes. E um curso maior na versão “R”, o que permite inclinar mais nas curvas sem raspar as pedaleiras no asfalto.
O melhor é que tudo isso pesa “apenas” 149,5 kg a seco. Pense: baixo peso, potência e torque de sobra e suspensões com boas especificações. O resultado é uma moto precisa na maneabilidade e com um desempenho de deixar sorriso no rosto.
O câmbio bem escalonado e o torque disponível em uma ampla faixa de rotações (acima de 3.000 giros) dispensam muitas trocas no câmbio de seis marchas para ultrapassagens. Pode-se rodar sem muita vibração e a uma boa velocidade de cruzeiro na estrada.
Completam o pacote freios Brembo com pinça monobloco radial para morder o disco de 320 mm de diâmetro na dianteira; e pinça simples na traseira. Com o moderno sistema ABS Bosch 9M (que pode ser desligado). Configuração mais que suficiente para “estancar” a Duke 690R.
Anticlímax
O duro é saber que toda essa diversão da Duke 690R não deverá vir ao Brasil. Não neste primeiro momento. A naked média não está entre os modelos anunciados pela marca austríaca para desembarcarem no País até o final deste ano. Uma pena.
Afinal, trata-se de uma versátil naked para rodar no dia-a-dia, divertir-se em uma estrada sinuosa nos finais de semana ou até mesmo pegar a estrada numa viagem solo. Seria mais uma opção interessante no segmento de motos médias – entre 600cc e 800 cc – tão explorado pelas outras fábricas no Brasil. Quem sabe a fábrica austríaca não muda de ideia?
FICHA TÉCNICA - KTM Duke 690R
Motor Um cilindro, OHC, quatro válvulas com refrigeração líquida
Capacidade cúbica 690 cm³
Potência máxima 70 cv a 7.500 rpm
Torque máximo 7,15 kgf.m a 5.500 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica Bosch
Partida Elétrica
Quadro Treliça de aço cromo molibdênio
Suspensão dianteira Garfo invertido WP com tubos de 43 mm de diâmetro e 150 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecedor WP com 150 mm de curso fixado à balança por links
Freio dianteiro Disco simples de 320 mm de diâmetro, pinça monobloco radial Brembo com quatro pistões e ABS Bosch 9M+
Freio traseiro Disco simples de 240 mm de diâmetro, pinça flutuante Brembo de um pistão ABS Bosch 9M+
Pneus 120/70 ZR17 (dianteira) /160/60 ZR17 (traseira)
Comprimento Não informada
Largura não informada
Altura não informada
Altura do assento 865 mm
Distância entre-eixos 1.466 mm
Distância do solo 192 mm
Peso a seco 149,5 kg
Tanque de combustível 14 litros
Cores Branca com quadro e rodas laranjas
* O jornalista viajou a convite da KTM Sportmotorcycle GmbH
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