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Entretanto, na ZX-6R o motor maior e mais potente não são as únicas novidades. Agora sistema de controle de tração, dois novos modos de pilotagem e modernos freios ABS resultam em um pacote eletrônico completo.
De acordo com pesquisa feita pela própria Kawasaki, 80% dos proprietários do modelo o pilotam somente em estradas. “Desde 2007, quando a ZX-6R voltou para as 600cc, a moto passou a ser focada muito no usuário que vai pra pista. Agora os engenheiros queriam que agradasse a um espectro maior de motociclistas”, afirmou Yoshi Sakakihara, engenheiro de produto da Kawasaki. Por isso fomos rodar em estradas para avaliar o novo modelo.
Mais torque e potência
Além de ser um bom argumento de vendas, a maior capacidade cúbica traz outros benefícios para o motociclista. Agora o propulsor tem mais torque em uma rotação mais baixa – 7,2 kgf.m a 11.500 rpm contra os antigos 6,8 kgf.m a 11.800 rpm. Não pilotei o modelo anterior, mas este 2013 demonstra bastante suavidade na entrega de potência e torque suficiente para rodar em rotações mais baixas (pelo menos acima de 4.000 rpm) até mesmo na cidade sem muitas trocas de marchas – em estradas pode-se engatar a sexta marcha e rodar sem a necessidade de reduções. Mesmo nessas condições a nova alimentação de combustível com apenas um bico por cilindro, em vez dos injetores duplos, não demonstrou engasgos ou “buracos”.
Derivado do antigo (que tinha 599 cm³), o novo propulsor ganhou mais capacidade com o aumento do curso, que passou a ter 45,1 mm. O que manteve o diâmetro nos mesmos 67 mm e o propulsor com a mesma largura e montado no mesmo quadro perimetral em alumínio prensado.
A potência também é mais facilmente aumentada em um motor de maior capacidade. Na Ninja ZX-6R 636 são quase 10 cavalos extras: dos antigos 128 para 137 cv a 13.500 rpm. Bem abaixo das 1.000 cc, mas acima das concorrentes (a Honda CBR 600RR tem 120 cv) e o suficiente para se divertir bastante, acredite.
Ajuda a domar a cavalaria e o torque maiores o novo pacote eletrônico. Uma arrancada do semáforo com mais ímpeto fez a roda dianteira levantar do chão, porém por pouco tempo. O tal do KTRC (Kawasaki Traction Control, ou seja, controle de tração) entra em ação e não permite grandes “empinadas”.
Ao exemplo de outros modelos da Kawasaki, o sistema traz três níveis de atuação, além de a possibilidade de ser desligado. O nível “1” é o menos intrusivo e indicado para pilotos experientes na pista. Optei pelo “2” para rodar nas ruas e estradas e era raro perceber sua intervenção, indicada por barras na tela de cristal líquido do painel, a não ser nas acelerações mais bruscas. O nível “3” mais atuante deve ser usado em asfalto molhado e superfícies lisas.
Os dois modos de mapeamento do motor, “Full” e “Low”, são outra novidade eletrônica. O “Full”, cheio, entrega toda a potência, já o “Low”, que em tradução literal significa baixo, tem o mesmo desempenho em baixos regimes, mas a partir de 10.000 rpm fica mais manso e entrega cerca de 20% menos potência. De tão suave e linear que é esse propulsor nem precisei optar pelo modo mais comportado, rodei quase todo o tempo com o motor no “Full”.
Espaçosa
Feita praticamente a imagem e semelhança da irmã maior ZX-10R, a nova Ninja 636, porém, tem dimensões menores. Pilotos de estatura menor, como eu, que acham a superesportiva de 1.000 cc grande demais com seu enorme tanque, encaixam-se melhor neste modelo de média capacidade cúbica. A distância do guidão transmite a sensação de mais controle e até certo conforto sobre a moto.
O triângulo de ergonomia formado pelas pedaleiras, banco e guidão manteve-se o mesmo. O assento continua “espaçoso”, entre aspas já que a comparação é feita com outras esportivas. Há espaço suficiente para se movimentar de forma mais esportiva sobre a ZX-6R em curvas ou mesmo assumir uma posição de pilotagem mais confortável em rodovias.
As suspensões, novas, contam com garfos telescópicos invertidos com funções separadas (Separate Function Fork) que têm molas nas duas bengalas, mas os ajustes de pré-carga são feitos na direita e os de compressão e retorno na esquerda. Facilitando a vida do piloto. Com 120 mm de curso têm acerto mais rígido e esportivo, mas até que não se saíram mal em estradas mais onduladas. Ajudados pelo monoamortecedor Showa, completamente ajustável, com uma mola mais macia na traseira.
A atuação firme do conjunto dianteiro resulta em uma superesportiva bastante obediente e agora mais fácil de deitar nas curvas: o ângulo de cáster foi levemente reduzido no modelo 2013. Mesmo ainda longe do seu limite de inclinação, a segurança transmitida pela bem equilibrada ciclística permite se divertir bastante em estradas sinuosas.
No quesito segurança, os freios merecem destaque. As pinças antigas foram substituídas por novas peças monobloco da Nissin que, agora, mordem discos de 310 mm (10 mm maiores do que o anterior) na roda dianteira. São precisos, eficientes e proporcionam frenagens seguras. O sistema ABS (que não pode ser desligado) é de última geração e inteligente; utiliza, além dos sensores nas rodas, outros sinais como a pressão hidráulica e a informações da ECU para dosar sua atuação. Na estrada, não comprometem nem mesmo uma pilotagem mais esportiva.
Completa e mais cara
Depois de rodar cerca de 300 km com a superesportiva média da Kawasaki por ruas, estradas sinuosas e rodovias de trânsito mais rápido, podemos concluir, com o perdão do trocadilho, que a nova Ninja ZX-636R está acima da média. Principalmente se comparada as suas concorrentes diretas, como a Honda CBR 600RR, à venda no Brasil, a Suzuki GSX-R 600 e a Yamaha YZF R6.
Afinal, a nova Ninja 636 é a única esportiva entre as japonesas de média capacidade que conta com um completo pacote tecnológico de segurança: freios ABS, controle de tração e dois modos de pilotagem. Além disso, tem um motor mais potente e uma ciclística digna das motos de 1.000cc, mais caras.
Com preço sugerido de R$ 52.990 pela versão completa (R$ 49.990 sem os freios ABS), a ZX-6R 2013 é mais cara que a atual Honda CBR 600RR (R$ 50.900), que tem freios ABS, mas não tem controle de tração e traz visual já cansado. Mas, por outro lado, a Kawa 636 tem desenho novo e mais tecnologia.
Portanto, se você não compra moto pela capacidade cúbica, saiba que a Kawasaki Ninja ZX-6R 636 traz novos ares ao segmento de esportivas de média cilindrada. Proporciona mais potência para os motociclistas comuns e também para os pilotos de pista com eletrônica sofisticada, suspensões eficientes e freios top de linha para garantir mais rapidez e segurança a todos.
Ficha técnica Kawasaki Ninja ZX-6R 636 ABS
Motor Quatro cilindros em linha, DOHC, 16 válvulas e arrefecimento misto ar e líquido
Capacidade cúbica 636 cm³
Potência máxima (declarada) 137 cv a 13.500 rpm
Torque máximo (declarado) 7,2 kgf.m a 11.500 rpm
Alimentação Injeção eletrônica
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Partida Elétrica
Quadro Perimetral em alumínio prensado
Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido (upside-down) de 41 mm de diâmetro completamente ajustável e 120 mm de curso
Suspensão traseira Balança monoamortecida com amortecedor a gás totalmente ajustável e curso de 134 mm
Freio dianteiro Disco duplo de 310 mm de diâmetro em formato margarida com pinça monobloco fixada radialmente e sistema ABS
Freio traseiro Disco simples de 220 mm de diâmetro em formato margarida e pinça de pistão simples e sistema ABS
Pneus 120/70-ZR17 (diant.)/ 180/55-ZR17 (tras.)
Comprimento 2.085 mm
Largura 705 mm
Altura 1.115 mm
Distância entre-eixos 1.395 mm
Distância do solo 130 mml
Altura do assento 830 mm
Peso em ordem de marcha 194 kg
Tanque de combustível 17 litros
Cores Branca e verde
Preço sugerido R$ 52.990
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