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O estudo da Tecnobank reúne diversas análises sobre a economia e o comportamento do mercado automotivo brasileiro. Apesar de ainda ser tempo de cautela, o relatório aponta a pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que revela que 84% dos entrevistados mantiveram o plano de comprar um carro durante a pandemia. A venda de carros cresceu 132% no Brasil em junho, a maior alta na história do país, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). E a maior demanda por serviços de delivery fez também disparar a venda de motocicletas: 57% entre maio e junho deste ano. Maior parte delas foi no setor de usados. Mas até mesmo no setor de novos, que teve queda nas vendas em geral, as motos se sobressaíram com aumento de 8,29% na quantidade de emplacamentos em agosto deste ano, comparado a agosto do ano passado.
Usados impulsionam índices
De acordo com o especialista em Economia e Mercados, Cristiano Dantas, diretor comercial da Tecnobank, a venda de veículos zero quilômetro só deve se recuperar em 2025, conforme apontam os dados da Fenabrave. Já o mercado de usados anda a galope: 70% das fichas com pedidos de crédito aos bancos foram aprovadas, retomando os mesmos níveis de janeiro (pré-pandemia).
Em julho, foram financiadas 485,7 mil unidades, entre novos e usados de veículos leves, pesados e motos. O número resulta um decréscimo de 10,2% sobre o mesmo mês de 2019, porém um aumento de 25,8% de junho para julho deste ano. Com isso, os números de financiamentos do setor automotivo cresceram mais rapidamente que os números da economia do país, principalmente nos meses de junho e julho.
Compromisso é compromisso
Segundo levantamento da Serasa Experian, entre os compromissos financeiros das famílias brasileiras, o financiamento de veículos é o segundo que o brasileiro menos atrasa. Quase 90% das parcelas são pagas em dia. Só perde para o crédito consignado, que praticamente não tem como deixar de pagar, visto que é retido direto na fonte. O carro tem mais prioridade do que o cartão de crédito (86,8% de pagamento em dia), que chega a ter 300% de juros ao ano quando as parcelas atrasam, e o crédito pessoal (86,1%).
Um dos motivos para a assiduidade no pagamento, segundo Dantas, é o crescimento dos aplicativos de transporte, que se tornaram o ganha pão de muitos brasileiros no meio desta crise. A média dos financiamentos de carros por motoristas de aplicativos é de 10% a 7,3%. Para os que ganham acima de R$ 5 mil mensais, o percentual chega a 20,1%. "Como, em geral, o próprio carro é dado como garantia do pagamento do financiamento, a grande maioria preza pelo pagamento em dia para não perder o seu instrumento de trabalho e não arriscar o sustento da casa", justifica o diretor da Tecnobank.
Questão de saúde
Outro dado que chama a atenção nos levantamentos da Tecnobank vem da pesquisa da Pode Data: 93% das pessoas consideram arriscado usar o transporte coletivo. Elas têm medo de contaminação pelo novo coronavírus, o que impulsionou o uso do transporte individual, como o carro próprio, alugado ou aplicativos de carona. E 68% das pessoas dizem que continuarão usando o carro para deslocamentos depois da pandemia. Destas, 39% justificam a resposta por quererem reduzir o risco de contaminação. Outros 35% afirmam que farão isso por conta da sensação de segurança gerada pela utilização do carro.
Segundo Dantas, esse medo aliado ao aumento da demanda por transporte individual foi um dos motivos que impulsionaram não só a venda de carros na pandemia, mas também as locações. Um levantamento da locadora Movida revelou que o fluxo de aluguel por motoristas de aplicativos já voltou ao mesmo patamar de antes da pandemia. Porém, as locações para pessoas físicas subiram de 1 milhão de diárias por mês para 1,4 milhão. O perfil desse público também mudou: em vez de empréstimos por curtos períodos (para viagens a lazer ou trabalho, por exemplo), agora são por períodos maiores, para uso do automóvel no dia a dia.
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