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Abandonada em um sítio no sul de Minas Gerais, Fabio só iria comprá-la se a moto estivesse funcionando. Depois de algumas tentativas, o motor da velha guerreira voltou a “pulsar”. Na época da ressuscitação, a Norton tinha câmbio de uma BSA (outra marca de moto inglesa), velocímetro da VW Variant e magneto de avião.
Reconstrução
Como em um “serial killer”, a reconstrução da Norton 500 foi feita em partes e dividida em várias frentes de trabalho. A desmontagem da moto foi feita na Moreno Motos. A Doby Motos fez a funilaria do tanque de combustível e também do reservatório de óleo. Já a Choppers Paint a pintura total. Para finalizar, toda a parte elétrica ficou a cargo da Jacaré Motos.
Agora quem montou este grande quebra-cabeças foi Samuel Alleman. O mecânico-artesão fez algumas adaptações, entre elas, a utilização dos raios da Honda CB 750 Four e as barras que fixam o pára-lama nas rodas são hastes de retrovisores de caminhão. Para ficar o mais original possível, o executivo da indústria do entretenimento teve de comprar várias peças no exterior: velocímetro, platinado, suportes, placa, lanterna e adesivos. O pneu “quadrado” da Metzeler veio da Alemanha. Câmbio, dínamo e magneto vieram de uma outra Norton. O clímax deste épico foi ver a moto em perfeito estando, tanto visual como de funcionamento. “Esta é a minha jóia-rara. Não vendo minha Norton por dinheiro nenhum no mundo”, conta, orgulhoso, o executivo da Paramount, que ao longo de sua vida motociclística teve 17 motos. A primeira, aos 15 anos, uma Yamaha RX 80. Hoje, Fábio tem mais três motos: duas Honda XLX 350 para trilha e uma BMW R 1200 GS Adventure para viajar.
Características técnica
A Norton 500, do executivo paulista, está equipada com um motor monociclíndrico de 500 cilindradas, que gera 21 cv de potência. A clássica moto inglesa apresenta uma configuração motriz muito peculiar: motor, câmbio e carter são totalmente separados. É engraçado, mas a moto de 1948 tem a mesma concepção de motorização que as Harley-Davidson “zero quilômetro”.
Outra característica marcante desta Norton é o quadro semiduro, já que a suspensão traseira não usa balança. O eixo da roda trabalha verticalmente dentro do amortecedor. O banco, com molas, também ajuda no trabalho de absorção dos impactos. Já na dianteira, a tradicional suspensão telescópica.
O primeiro contato com esta moto de cinema é de certo ponto estranho. O pedal de freio fica do lado esquerdo e o de câmbio do lado direito. Ou seja, são invertidos, se comparados com os padrões atuais. Para acionar a primeira marcha (para cima) é preciso que o motociclista dê um bom tranco com o peito do pé. Depois é só fazer uma viagem no túnel do tempo, se transportar para a década de 50 e imaginar que está rodando pelas cercanias de Londres do pós-guerra. “Piloto minha Norton praticamente todos os finais de semana”, conta o vice-presidente da Paramount Home Entertainment.
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