• Quarta-feira, 30 de Outubro de 2024
Não solicitamos nenhum código de verificação, por WhatsApp, SMS ou telefone.

Duelo nakeds 1.000 cm³: muita adrenalina e nenhuma roupa

18/02/2012 - 10:36 - Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO - FOTOS: Doni Castilho/Agência INFOMOTO
WhatsApp
Tamanho da fonte:   - +

Comparar as mais recentes nakeds de 1.000cc lançadas no mercado brasileiro – MV Agusta Brutale 1090RR e Honda CB 1000R – pode parecer loucura, afinal a diferença de preço entre ambas é de cerca de R$ 20.000. Porém, ambas disputam a preferência do consumidor que busca uma moto com a potência na casa dos três dígitos, mas que não seja uma esportiva. Uma análise mais cuidadosa durante o uso diário e uma viagem ao interior do Estado de São Paulo mostrou que há tanta disparidade entre elas quanto a diferença entre os valores de cada uma.

O comparativo acaba sendo mais sobre a origem e a filosofia de cada fabricante das nakeds do que sobre o modelo em si. A Honda CB 1000R é quase um estandarte da marca nipônica que, desde sua criação, preocupou-se em desenvolver motocicletas amigáveis e fáceis de pilotar. É comum alguém descrever uma moto Honda com a frase chavão: “você sobe nela e parece que a moto é sua”. Com a CB 1000R não é diferente.

Por outro lado, a Brutale “exala” em cada detalhe, cada parafuso, o desejo italiano pelo máximo desempenho. Traz bastante eletrônica – controle de tração e dois modos de pilotagem -, um motor arisco, além de suspensões e freios com especificações dignas de uma moto de corrida. Para gostar da Brutale, o motociclista precisa ser experiente e “aprender” a lidar com ela.

Design e acabamento

Ambas, apesar de novas no mercado brasileiro, já tem algum tempo nas estradas europeias. A MV Agusta Brutale virou ícone de moto naked (nua), sem carenagem, com seu motor e quadro expostos. Destaque para seu farol excêntrico e rabeta minimalista com duas saídas de escapamento na lateral da moto.

Claramente inspirada nas motos esportivas personalizadas, a própria CB 1000R, quando surgiu, trouxe o visual streetfighter (lutadora de rua) para as linhas de montagem. Sua rabeta mostra alguma semelhança com o elogiado desenho de Massimo Tamburini – principalmente pelas alças para a garupa embutidas. Mas a Honda optou por uma única saída curta de escape no meio da moto.

Os dois modelos têm um desenho que agrada, mas um ponto negativo da naked de 1.000cc da Honda é que a marca disponibiliza sua moto apenas nas cores verde metálico e preta – as mesmas da nova Hornet CB 600F. Portanto, não é raro alguém confundir a CB 1000R com sua “irmã” de 600cc. Por outro lado, a Brutale é inconfundível. As linhas são únicas e não há quem não pare para admirar a naked italiana.

Modelo exclusivo e fabricado quase de modo artesanal, a Brutale demonstra um maior cuidado da fábrica italiana com os detalhes. Tem quadro em treliça soldado a mão e um acabamento impecável – também a MV Agusta fabrica apenas 30 unidades por dia em Varese, na Itália. Já a CB 1000R tem bom nível de acabamento, mas seu projeto mostra que sua fabricação é em larga escala – como se nota nos punhos espartanos demais. Uma das razões para tamanha diferença no preço final.

Desempenho

Ao montar nessas duas nakeds de um litro o motociclista já começa a notar as filosofias distintas de cada uma delas. Enquanto a Honda traz um banco com mais espuma, um guidão mais largo e pedaleiras mais baixas, a MV Agusta conta com um assento estreito para facilitar a pilotagem esportiva, pedaleiras mais altas (e reguláveis) e uma posição de pilotagem mais agressiva.

Quando o motor é acionado, o ronco da Brutale, mais alto e compassado, já dá ideia de que se trata de uma moto mais bruta. A primeira marcha bastante curta chega a dar um tranco e faz com que o piloto ponha segunda, terceira... Pode-se rodar na cidade, por exemplo, em quarta marcha, praticamente sem queimar embreagem.

O propulsor de quatro cilindros em linha, 1078 cm³ de capacidade, duplo comando de válvulas no cabeçote, válvulas radiais e refrigeração líquida, produz 144,2 cv de potência máxima a 10.300 rpm e torque máximo de 11,2 kgf.m a 8.100 rpm. Porém o que impressiona é como essa italiana sobe de giros abruptamente e demonstra vigor impressionante acima de 5.000 giros – nem é preciso reduzir para realizar ultrapassagens e, um giro com mais ímpeto no acelerador, já faz com que a roda dianteira saia do chão.

O tetracilíndrico da CB 1000R com 998,3 cm³ de capacidade, refrigeração líquida, DOHC, conta com um sistema de exaustão 4 em 1 e uma válvula que regula a saída de gases, melhorando o torque em baixas rotações. Além de ser infinitamente mais amigável que o da Brutale, o propulsor tem um desempenho mais modesto: são 125 cavalos de potência máxima a 10.000 rpm e 10,1 kgfm de torque a 7.750 rpm. Sem dúvida é mais confortável rodar com a CB 1000R no trânsito urbano. Motor mais manso, embreagem mais macia, enfim, uma motocicleta mais fácil de “domar”.

Mais fácil também para enfrentar o trânsito urbano. Apesar de mais pesada – a CB tem 208 kg (versão com ABS) contra 190 kg da Brutale RR – a Honda tem maior ângulo de esterço e um pneu mais estreito na traseira (180/55-17), deixando-a mais ágil em manobras com baixa velocidade. Além disso, a CB 1000R faz jus à herança da família CB, uma linhagem de excelentes motos urbanas que existe desde a década de 60.

Especificações top de linha

Por outro lado, a MV Agusta Brutale traz especificações de uma superesportiva top de linha, praticamente pronta para entrar na pista. Ambas têm garfo telescópico invertido na dianteira, porém a Brutale traz tubos de 50 mm de diâmetro da grife Marzocchi. As duas nakeds têm freios a disco nas duas rodas – mas a bruta italiana conta com pinças monobloco Brembo fixadas radialmente e mangueiras revestidas em malha de aço (aeroquip). Em resumo, a MV Agusta escolheu o que há de melhor no mercado de motos para montar a Brutale – novamente justificando o preço mais alto.

Já a Honda optou por componentes de qualidade, mas que fossem mais acessíveis. Caso dos freios Nissin convencionais, porém equipados com sistema Combined ABS. São bastante eficazes e mais progressivos do que na Brutale, que optou por um conjunto mais agressivo.

No quesito suspensão fica novamente clara a diferença entre as propostas dessas nakeds. Quando exigida até mesmo esportivamente, a Brutale mantém a moto na trajetória. Por outro lado, na Honda a suspensão dianteira é mais macia e, portanto, menos “esportiva”. Funciona muito bem para o uso cotidiano, mas o piloto vai sentir falta de mais rigidez para deitar em curvas radicais.

Isso sem falar em toda a eletrônica embarcada na Brutale 1090RR. Além de contar com dois modos de pilotagem – Sport e Rain –, a naked italiana traz controle de tração com oito níveis de atuação. Um auxílio e tanto para rodar na pista e abusar do acelerador nas saídas de curvas. Outro item bastante importante para rodar em altas velocidades é o amortecedor de direção de série na Brutale – ajustável, funciona muito bem.

Duas origens, duas boas nakeds

Como afirmei no início, esse comparativo não trata de decidir qual a melhor naked de 1.000cc. Cada uma tem suas qualidades e características, portanto cabe ao motociclista decidir qual a melhor para ele. E isso depende de diversos fatores. A começar pela conta bancária. A MV Agusta baixou o preço da Brutale 1090RR. Agora a naked montada em Manaus (AM) custa R$ 60.000, ainda bem acima dos R$ 40.800 pedidos pela Honda CB 1000R com freios C-ABS.

Vale dizer que a escolha não deve ficar restrita apenas a boa grana que você pode economizar, mas também vai depender do seu perfil de motociclista. Se você nunca teve uma moto de 1.000cc e ainda sente certa insegurança em acelerar motores com mais de uma centena de cavalos, opte pela Honda CB 1000R. Certamente a naked japonesa vai lha oferecer potência e emoções suficientes, além de ser mais fácil de pilotar.

Agora, se você já tem uma superesportiva japonesa de um litro, fez cursos de pilotagem em autódromos e curte acelerar na pista, a Brutale vai ser ideal para conhecer as motos italianas. São mais bruscas, ariscas, com mais personalidade, e, uma vez que vocês se entendem, é só diversão. Sem falar que, com as especificações da versão RR, não será preciso nem mesmo gastar com amortecedor de direção e pneus para entrar na pista – a Brutale vem calçada com os Pirelli Diablo Rosso Corsa, um pneu de corrida homologado para rodar nas ruas.
 

FICHA TÉCNICA MV Agusta Brutale 1090RR

 Motor: Quatro cilindros em linha, 16 válvulas, DOHC, com refrigeração líquida
 Capacidade cúbica: 1078 cm³
 Potência: 144,2 cv 10.300 rpm
 Torque: 11,2 kgf.m a 8.100 rpm
 Câmbio: 6 velocidades
 Alimentação: Injeção eletrônica Magnetti Marelli com corpo Mikuni
 Quadro: Treliça em cromo-molibdênio
 Suspensão dianteira: Telescópica invertida (upside-down) Marzocchi com 50 mm de diâmetro e 130 mm de curso, com ajuste de pré-carga da mola, retorno e compressão
 Suspensão traseira: Monoamortecedor Sachs fixado ao monobraço traseiro por link, com curso de 120 mm e ajuste de pré-carga da mola, retorno e compressão
 Comprimento: 2.093 mm
 Largura: 760 mm
 Altura: não informada
 Distância entre eixos: 1.438 mm
 Altura do banco: 830 mm
 Tanque de combustível: 23 litros
 Peso (a seco): 190 kg
 Freio dianteiro: Duplo disco flutuante de 320 mm com pinças monobloco Brembo de quatro pistões fixadas radialmente
Freio traseiro: Disco simples de 210 mm, com pinça de 4 pistões
 Pneu dianteiro: 120/70 – 17
Pneu traseiro: 190/55 – 17
 Cores: Pérola/preto e vermelha/prata
 Preço Sugerido: R$ 60.000,00
 
Honda CB 1000R C-ABS

 Motor Quatro cilindros em linha, 998,3 cm³, 16 válvulas, DOHC, arrefecimento líquido
 Potência máxima 125,1 cv a 10.000 rpm
 Torque máximo 10,1 kgf.m a 7.750 rpm
 Diâmetro x curso 75,0 x 56,5 mm
 Alimentação Injeção Eletrônica de combustível
Taxa de compressão 11,2 : 1
 Sistema de partida Elétrica
 Capacidade do tanque 17 litros
Câmbio 6 velocidades
 Transmissão final Corrente
Quadro Do tipo diamante em alumínio
 Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido, com 120 mm de curso e 109 mm de diâmetro, com regulagens
Suspensão traseira Monoamortecida, 128 mm de curso e 10 regulagens na pré-carga da mola
 Freio dianteiro Discos duplos flutuantes com 310 mm de diâmetro e pinça de 3 pistões
 Freio traseiro Disco simples com 256 mm de diâmetro e pinça de duplo pistão
 Dimensões (C x L x A) 2.105 x 805 x 1.095 mm
 Pneu dianteiro 120/70 – ZR17 M/C (58W)
 Pneu traseiro 180/55 – ZR17 M/C (73W)
 Altura do assento 825 mm
 Altura mínima do solo 130 mm
 Entre-eixos 1.445 mm
 Peso seco 208 kg (versão C-ABS)
 Cores Verde metálica e Preta
 Preço sugerido  R$ 40.800,00 (versão C-ABS) – base estado de São Paulo, sem frete, óleo e seguro.

Mais Imagens
Clique na foto para ampliar
WhatsApp
Topo
Publicidade
  • © 2024 SHOPCAR - Sua Referência em Veículos - Classificados de Carros. Todos os direitos reservados