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"Muitas vezes criticamos os argentinos por mudar as regras do jogo, prejudicando o acordo automotivo bilateral", lembra o executivo. "Agora estamos fazendo algo semelhante". Ele entende que o Decreto 7567 foi preparado sob medida para atender as montadoras associadas à Anfavea, mas acredita que algumas marcas terão dificuldades para se enquadrar nos 65% de conteúdo local. Seria o caso da Honda e da Toyota, por exemplo.
Curi está certo de que muitos empreendimentos ficarão inviabilizados se não houver flexibilidade do governo em aceitar programas progressivos de nacionalização. Ele busca um entendimento com Sergio Habib e a direção da Abeiva para ir ao governo discutir o impacto do decreto e buscar alternativas razoáveis. "Chegamos a um impasse no programa da fábrica em Jacareí", explica. "Em lugar nenhum do mundo é razoável exigir que os carros sejam lançados com 65% de nacionalização, especialmente em tempos de globalização", assegura.
No lançamento da pedra fundamental da fábrica da Chery, em 19 de julho, esteve presente ao site em Jacareí o presidente da Chery Automobile, Yin Tongyue. Na ocasião ele revelou a intenção de trazer cerca de vinte fornecedores da China para complementar a cadeia de suprimentos no Brasil, onde a montadora chinesa começará a produzir. “Nossa intenção é trazer para cá somente empresas que não competem com os fornecedores que já estão aqui”, assinalou.
Curi estima que a montadora deverá ter cerca de 60 fornecedores no Brasil e organizou junto ao Sindipeças um “Chery Day”, para atrair potenciais empresas fornecedoras. Diante do Decreto 7567, ele terá agora de rever o programa de nacionalização se quiser seguir em frente. O plano inicial era sair com 30% e avançar para 50% até 2015, quando o ritmo de montagem chegaria a 150 mil unidades por ano, incluindo os modelos S18 e A13, em versões hatch e sedã.
Decreto afeta projetos e operações
Enquanto fica em xeque a possibilidade de fabricar carros novos no país com 65% de conteúdo local e obedecer outras exigências do Decreto 7567, como efetuar determinadas operações de manufatura e investir 0,5% do faturamento em inovação e tecnologia, os importadores enfrentarão a necessidade de elevar os preços dos carros atualmente comercializadops para compensar a elevação do IPI. Como as margens no segmento costumam ser elevadas, é previsível que os importadores absorvam parte da diferença.
A Chery comercializou no país até o final de agosto 12.780 unidades, conquistando 0,57% do mercado de automóveis e comerciais leves. A JAC emplacou 14.481 (0,65%), Hyundai 73.847 (com 3,31%, incluindo o caminhão leve produzido em Goiás), Kia 53.917 (2,41%), Haffei 11.514 (0,52%), BMW 7.388 (0,33%), Suzuki 4.301 (0,19%), Land Rover 4.870 (0,22%).
Os importadores sem fábrica no Brasil que aparecem entre as 20 marcas mais vendidas no emplacamentos do Renavam somaram 183.098 unidades, ou 8,2% do total de automóveis e comerciais leves emplacados até o final de agosto (2.233.757 unidades).
"Junto conosco estão sendo penalizados todos os revendedores das empresas associadas à Abeiva, que somam mais de mil", assinala Curi, que possuia 81 pontos de venda em agosto e pretendia chegar a cem até o final do ano.
O mês de setembro deverá registrar uma elevação no emplacamento dos importadores associados à Abeiva, já que houve uma corrida às compras logo após a edição do decreto. Veículos nacionalizados que não foram faturados para a rede de concessionárias até a publicação do decreto, em 16 de setembro, terão que recolher a diferença no IPI ao serem vendidos aos revendedores. Alertados pelas notícias de bastidores, no entanto, boa parte dos importadores antecipou o faturamento, evitando o pagamento extra."Ficamos ainda com muitos veículos nos pátios", disse Curi.
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