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Para atender a esse objetivo optou por um projeto espartano. Chassi tubular em aço, do tipo Diamond; suspensões convencionais e um motor inédito que vai equipar três modelos: a naked F, já lançada aqui; a esportiva CBR 500R e a crossover CB 500X, que chegarão em breve. O propulsor bicilíndrico, com 471 cm3 de capacidade, foi desenhado para ser amigável e economizar combustível. Capaz de produzir 50,4 cv de potência máxima e bastante torque em baixas rotações, assim no papel, confesso que o motor não empolga.
Aliás, em muitos pontos a nova CB 500F não é o máximo: não é a naked mais potente, nem a mais rápida e também não é lá muito leve. Mas é econômica, tem um motor linear e é divertida de pilotar. E ainda tem um preço bastante competitivo perante as concorrentes bicilíndricas de média capacidade cúbica: R$ 22.000 para a versão básica e R$ 23.500 para o modelo com ABS, como a unidade testada por nós.
Bem acabada
Confesso que nem mesmo eu estava tão empolgado com as especificações técnicas da Honda CB 500F. Mas coube a mim a tarefa de experimentá-la em uma viagem teste neste novembro recheado de feriados. Ossos do ofício.
Logo ao primeiro contato o design da Honda CB 500F chamou a atenção. Moderno, com linhas angulosas e aletas do radiador que conferem um ar de moto maior à nova 500cc. As rodas de 17 polegadas de liga-leve, com raios em “Y”, são calçadas com pneus sem câmara. O pneu “relativamente” largo na roda traseira (160/60) ajuda a dar mais corpo a naked.
O painel completamente digital e o assento em dois níveis não parecem ser de uma moto “barata”. Assim como o bom acabamento das peças. Nem mesmo o escapamento, criticado pelos meus colegas da imprensa, me pareceu tão horrendo. É simples, porém bem feito. Antes de rodar com a nova CB 500F, a única crítica que faria é em relação à falta de ganchos e pontos de fixação para se amarrar bagagem.
Quem vê ficha...
Ao montar na moto, o que impressiona é o seu peso – ou a falta dele. Incrível que mesmo com 180 kg a seco, a CB 500F ABS não parece ser uma moto pesada. Pelo contrário. Tive até que reler a ficha técnica para me certificar que não estava enganado. O banco a somente 78,5 cm do solo contribui para essa sensação, já que é fácil apoiar os pés no chão. Mas o conjunto ciclístico – em que o motor é parte integrante do quadro – e as suspensões também levam os méritos por isso.
O motor desperta facilmente com um ronco tímido. Mas o baixo nível de vibração surpreende: espera-se que um bicilíndrico paralelo vibre mais. Esse não. Apenas em determinadas faixas de rotação e algumas marchas, mas nada que atrapalhe a experiência de pilotar a 500F.
Como é praxe nas motos Honda, após alguns quilômetros, antes mesmo de pegar a estrada, já tinha a sensação de que conhecia e bem a nova CB. A posição de pilotagem é bastante confortável: os braços alcançam o guidão com facilidade e os pés encontram naturalmente as pedaleiras. Ágil, e com a sensação de moto leve, a naked é fácil de pilotar como se esperava.
O câmbio de seis marchas tem engates muito suaves. No começo, ficava com receio de soltar a embreagem, pois não estava certo de que a marcha tinha “entrado” de tão macios que eram os engates.
Aqueles que gostam apenas da ficha técnica se enganam ao ver os números de desempenho declarados pela Honda: são 50,4 cv a 8.500 rpm e 4,55kgf.m a 7.000 rpm. Eles não transmitem a ideia de um motor elástico e com torque em baixo e médios giros. Mas, na prática, o bicilíndrico entrega potência de uma forma linear e tem força em baixa, sem falar na excelente alimentação da injeção eletrônica que não apresentou falhas em nenhuma situação.
A relação de marchas foi projetada para tentar aproveitar o que o motor tem de melhor. Portanto, as três primeiras marchas são bastante curtas e proporcionam boas arrancadas. Acabam “forçando” o motociclista a engatar a quarta marcha pouco tempo depois de arrancar do semáforo. A parte boa é que se pode rodar tranquilamente em quarta, até mesmo na cidade, sem engasgos. O resultado é uma pilotagem econômica: no uso urbano o consumo variou entre 20 e 22 km/l.
Divertida
Uma vez na estrada, então, raramente se usa o câmbio. Engata-se sexta e a CB 500F não precisa de mais nada. Somente para uma ou outra ultrapassagem senti necessidade de reduzir uma marcha, às vezes duas, em busca de mais torque.
Mas, mesmo com o desempenho não tão empolgante do motor, consegui manter 140 km/h com o vento contra. Acima disso, o vento incomoda, os giros e a velocidade parecem aumentar com certa preguiça e a CB 500F mostra sua limitação. Segundo a Honda, a velocidade é limitada a 185 km/h. Não pude comprovar na prática, mas levar a naked muito acima de 170 km/h não é tarefa das mais fáceis.
Depois era hora de encarar uma estrada sinuosa. O desempenho do motor não atrapalha. Sem o torque na casa dos dois dígitos e com um funcionamento linear pode-se acelerar cedo nas saídas de curva.
Mas o que surpreende é a ciclística da CB 500F. Suas suspensões não trazem nada de muito novo – garfo telescópico, na dianteira; monoamortecedor, na traseira –, porém estão bem ajustadas, fazendo da naked uma moto bastante ágil e precisa. Permitia boas inclinações nas curvas, fossem elas mais fechadas ou com o raio mais aberto. A nova 500 da Honda era obediente e mantinha a trajetória, transmitindo segurança.
Cumprindo bem sua proposta de ser fácil de pilotar, a CB 500F tem as especificações de uma moto mediana, proporcionando diversão de gente grande. E o melhor com baixo consumo: na estrada a CB 500 F teve média de 26,8 km/l, excelente para o segmento.
Somente em algumas frenagens mais bruscas, antes de obstáculos em áreas urbanas, a CB 500F mostrou sua limitação. Não que os freios – disco simples na dianteira e na traseira – não fossem suficientes. Mas como há apenas um disco na roda dianteira, era possível notar o conjunto inclinar levemente para o lado direito.
Por outro lado, o sistema ABS não combinado (ou seja, o manete dianteiro e o pedal não são interligados) funcionou muito bem. Praticamente não notei a atuação do sistema, exceto quando quis forçar para vê-lo funcionar em pisos claramente escorregadios.
Surpreendido por uma forte chuva no retorno a São Paulo (SP), agradeci pelo ABS e pela boa aderência dos pneus Dunlop Sportmax. Com pista molhada era até bom não ter tanto torque e potência. A noite chegava e o farol da CB 500F podia ser testado. O conjunto óptico com lâmpada halógena de 60W/55W H4 e refletor multifacetado ofereceu boa iluminação, mesmo em condições adversas. Outro ponto positivo, na minha opinião, foi o conforto do modelo. Após mais de 300 km voltei para casa, praticamente inteiro.
Veredicto
Quando foi lançada no exterior e aqui no Brasil, a Honda CB 500F foi rapidamente apontada como uma moto acessível e excelente para iniciantes, em função de seu motor amigável e do baixo custo. Sem dúvida é. Mas é mais. Trata-se de uma motocicleta inteligente. Econômica, fácil de pilotar e, acima de tudo, divertida.
Claro, a CB 500F não é perfeita: não tem a potência e o torque de modelos maiores; um pequeno parabrisa tornaria as viagens mais confortáveis e o novo punho da Honda com as setas e a buzina invertida muitas vezes irrita. Também não vai impressionar ninguém o fato de que você optou por uma moto prática e não pela mais rápida.
Mas R$ 23.500 (versão com ABS) em uma motocicleta média que é estável em alta velocidade, freia quando você precisa e ainda é divertida de pilotar? Definitivamente não há nada no mercado que faz o que a nova Honda CB 500F faz. E faz muito bem.
FICHA TÉCNICA Honda CB 500F ABS
Motor: Dois cilindros, DOHC, 471cm³, quatro tempos, arrefecido a líquido e injeção eletrônica de combustível PGM-FI
Diâmetro x curso: 67,0 x 66,8 mm
Câmbio: seis marchas
Potência máxima: 50,4 cv a 8.500 rpm
Porque máximo: 4,55 kgf.m a 7000rpm
Suspensão
Dianteira: Garfo telescópico com 120 mm de curso
Traseira: Pró-link, com 119 mm de curso
Freios
Dianteiro: Disco de 320 mm
Traseiro: Disco de 240 mm
Rodas e Pneus
Dianteiro: Liga leve - 120/70-17
Traseiro: Liga leve - 160/60-17
Comprimento: 2.075 mm
Largura: 780 mm
Altura: 1.060 mm
Altura do assento: 785 mm
Altura mínima do solo: 155 mm
Entre-eixos: 1410 mm
Capacidade do tanque: 15,7 litros
Peso: 180kg (seco)
Cores: Branca (STD/ABS) e vermelha (ABS)
Preço público sugerido: R$ 23.500 (ABS)
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