Em 2012, a BMW deu início às comemorações de seus 90 anos como fabricante de motocicletas durante o Salão de Milão e revelou planos de lançar uma nova naked com motor boxer para celebrar a data.
Depois, foi a vez do customizador Rolland Sands fazer uma releitura da esportiva R 90 S como presente de aniversário para a marca bávara. E finalmente, em novembro passado, novamente na capital italiana do design, a BMW cumpriu o prometido e revelou a R nine T, um modelo totalmente novo com apelo retrô e que chega ao Brasil ainda no primeiro semestre de 2014.
Para compor o visual, a BMW se inspirou nas primeiras motocicletas. Assim, nine T procura ser, em proporção para a época, o que as motos bávaras eram nos idos de 1924: um modelo simples e funcional.
A pintura preta no tanque de 18 litros de capacidade com os painéis prateados feitos em alumínio remetem às motos feitas pela marca no início do século, assim como a presença do clássico motor boxer e da transmissão final por eixo cardã. O cano de escape duplo ao lado esquerdo, que esconde parcialmente a roda “solta”, foi herdado do conceito criado por Roland Sands.
Na traseira, minimalismo. Apenas o suporte para a placa abaixo da lanterna formada por uma fina linha de LEDs e ladeada pelos piscas com lentes brancas. Já na dianteira, a BMW optou por manter o visual naked retrô e descartou a bolha incorporada pelo modelo de Sands. O mesmo foi feito com as rodas raiadas aro 17”, que substituem as estilosas peças de liga leve utilizadas pela moto conceitual.
Boxer tradicional
Embora a BMW esteja investindo pesado no arrefecimento líquido para os modelos equipados com motor boxer, como fez na R 1200 GS e na R 1200 RT, a nine T propositalmente foi equipada com a versão tradicional do propulsor, com refrigeração a ar/óleo. O intuito disso é, mais uma vez, aproximá-la o máximo possível das primeiras motos fabricadas pela marca. Assim, a naked emprega o já conhecido dois cilindros opostos de 1.170 cm³, que pode gerar até 110 cv de potência máxima em 7.750 rpm com o torque máximo de 12,13 kgf.m obtido nos 6.000 giros.
Nos freios, entretanto, há toques de modernidade. Os discos duplos flutuantes dianteiros de 320 mm são mordidos por pinças de quatro pistões com fixação radial e o disco simples – também flutuante – traseiro de 265 mm de diâmetro e pinça de pistão duplo receberam o auxílio do sistema ABS como item de série. Uma prova de que a BMW limitou o apelo retrô ao visual e à motorização. Sem fazer concessões quanto à segurança do piloto.
A R nine T é montada sobre um quadro tubular de aço e conta com a tradicional paralever incorporada como responsável por segurar o monobraço traseiro. O monoamortecedor tem curso de 120 mm e ajuste hidráulico. Na dianteira, todavia, ao invés do telelever, normalmente utilizado nos modelos boxer da BMW, a marca equipou a naked com um garfo invertido (upside-down) emprestado da superesportiva S 1000 RR e com os mesmos 120 mm de curso.
No quesito ergonomia, nada de novo foi mencionado. Contudo, o posicionamento das pedaleiras e o guidão alto evidenciam uma posição de pilotagem confortável e descompromissada, semelhante à de outra naked com motor boxer, a R 1200 R Classic.
Ao gosto do freguês
Por mais que a BMW tenha se esforçado para manter a R nine T o mais rústica possível, a fabricante de Munique procura deixar claro que a moto oferece diversas opções de customização. Essa vertente, inclusive, é estimulada pela própria marca, que disponibiliza diversos opcionais para que cada unidade fique com a cara do dono. As peças funcionais vão desde paralama e protetor de motor em fibra de carbono até assentos mais confortáveis para piloto e garupa, além dos aquecedores de manopla.
O destaque vai para as opções de fixação do escape (opcional) da Akrapovic, que pode tanto substituir a ponteira dupla, como ser fixado na pedaleira da garupa e deixar a roda traseira totalmente exposta. Já a garupa é montada de forma modular na moto e pode ser totalmente removida, deixando a nine T com visual mais próximo ao modelo feito por Roland Sands, ou ainda receber um “capuz” de alumínio, que confere à moto ares de café racer, estilo que vem se popularizando cada vez mais entre os motociclistas do mundo todo, inclusive no Brasil, onde ela está prevista para aportar no meio do ano.