O capacete, além de ser obrigatório no Brasil, garante maior segurança ao motociclista, isso é fato e todo mundo sabe. Porém, o que muitos usuários desconhecem é que não basta apenas colocá-lo na cabeça e sair pilotando. É preciso saber escolher o modelo apropriado para o tipo de utilização da moto (contra o quê ele precisa proteger), além de levar em conta o tamanho e formato da cabeça do usuário. Existem diversas opções de modelos e marcas no mercado, mas não se iluda com preço baixo. Segundo estudo realizado pela Escola Paulista de Medicina, 68% das lesões graves com motociclistas são na cabeça, e um capacete bom pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Tipos de capacetes e utilização
Às vezes é mais difícil escolher o capacete, do que a própria moto. Existem diversos tipos, tamanhos e funcionalidades. Então, como escolher? Em primeiro lugar, o motociclista deve levar em conta o tipo de utilização, que pode ser dividida em: uso dentro das cidades, para a estrada ou para a prática de esportes on-road (em piso de asfalto) e off-road (na terra). Para o uso urbano, há três tipos de capacetes: o integral (totalmente fechado), o aberto - que deixa rosto e queixo expostos - e o escamoteável (articulado). É claro que o integral é mais seguro, pois oferece maior proteção, tanto em caso de uma queda, quanto das adversidades das vias, como insetos ou pedras lançadas por outros veículos. O aberto é mais confortável nos dias quentes do verão, pois deixa o rosto exposto ao vento, mas é obrigatório ter viseira (assim como os outros) ou ser usado com óculos de proteção próprios para motocicletas. Os modelos escamoteáveis, ou articulados, unem a segurança do capacete integral, com a sensação de liberdade do capacete aberto. Porém, em caso de um impacto forte, a “queixeira” não oferece o mesmo nível de proteção do modelo fechado.
Os capacetes em geral são construídos, basicamente, em dois tipos de material: plástico injetado ou composto de fibras sintéticas. Os cascos construídos em plástico são mais baratos, mas oferecem menos proteção ao motociclista. A característica do material faz com que o capacete bata no chão repetidas vezes – como uma bola quicando – o que é conhecido como efeito-mola, absorvendo menos o impacto. Já os capacetes feitos em fibras sintéticas (fibra de vidro, de carbono, kevlar, etc), além de serem fabricados em menor escala, oferecem maior capacidade de absorção de impacto, já que a o material consegue se reconstituir mais rapidamente do que o plástico.
Também é importante ressaltar que as normas brasileiras exigem uma proteção mais reforçada na região que corresponde à calota craniana, têmporas e nuca. Portanto, capacetes abertos ou que apenas cumpram às normas não protegem a região do queixo. Por isso, é recomendável utilizar um capacete integral em viagens e estradas, onde a velocidade é mais alta. Vale lembrar também, que não basta usar o capacete, ele deve estar bem afivelado. Existem dois tipos de fecho: cinta jugular com sistema de engate rápido ou com anel duplo. O primeiro é mais prático, porém está sujeito a desgaste e a possível abertura em caso de acidente. Já o segundo, tem maior durabilidade, traz mais segurança, porém é mais trabalhoso de afivelar e desafivelar. Em qualquer um dos casos, é importante sempre manter a cinta jugular bem afivelada e com a tira encostando no pescoço do piloto. Se houver folga, há a possibilidade do capacete sair voando em caso de acidente.
Para a utilização esportiva ou de lazer, tanto nos circuitos asfaltados, quanto nas pistas de terra, recomenda-se o uso de capacetes mais leves, normalmente feitos em fibras, geralmente de carbono ou vidro, e que tenham finalidade “Racing”. Esses modelos são normalmente mais caros, mas oferecem segurança em condições extremas. Para o uso on-road, há modelos “racing” do tipo integral e para o uso off-road, existem capacetes projetados especialmente para este tipo de esporte. São equipamentos com uma “aba” frontal, que protege contra pedras e outras adversidades. Esses capacetes também não têm viseira, portanto os pilotos utilizam um óculos exclusivo para esta finalidade, mas oferecem maior espaço da boca do piloto à queixeira para facilitar a ventilação e respiração.
Medidas
Mas, os capacetes não devem apenas trazer segurança, devem ser confortáveis. Para isso, é necessário saber a medida de sua cabeça e ter em mente que, como o formato da caixa craniana de cada pessoa é diferente da outra, assim também são os capacetes. Portanto, antes de escolher o seu, o motociclista deve pegar uma fita métrica e medir a circunferência de sua cabeça. O número encontrado em centímetros será correspondente ao tamanho do capacete. Exemplos: 56 – Small; 58 – Medium; 60 – Large; 62 – Extra Large; 64 – Extra Extra Large.
Por terem formatos diferentes de cabeças e de capacetes, vale experimentar antes de comprar. O fato de utilizar uma determinada medida de uma marca e modelo não significa que esta será a mesma medida para outras fabricantes. Quando prová-lo, o motociclista deve ficar atento se o capacete veste bem. Ou seja, se fica confortável, tanto nas bochechas, quanto na parte frontal da cabeça. Deixemos claro: confortável não quer dizer frouxo. O capacete precisa encostar-se ao couro cabeludo e as almofadas (espumas) laterais nas bochechas. Não pode haver nenhum espaço entre o capacete e a cabeça. Quando a espuma e o isopor do capacete já estiverem gastos, ou seja, já apresentarem uma folga entre a cabeça do condutor, está na hora de trocar. Capacetes largos tendem a sair da cabeça em caso de acidentes.
O barato sai caro
O motociclista deve se conscientizar de que o cérebro, apesar de vital, é um dos órgãos mais frágeis do corpo. Infelizmente, a cabeça é a primeira parte do corpo a sofrer um impacto em caso de queda ou acidente. Dessa forma, o motociclista – e ou garupa – não deve optar pelo capacete mais barato do mercado (nem pelo mais caro), mas sim por um produto confiável para o tipo de utilização. Para garantir essa confiança e qualidade ao consumidor, em fevereiro de 2001 a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) criou a norma NBR 7471. Além de conferir as dimensões e peso, a resolução também exige que todos os capacetes comercializados no Brasil (nacionais ou importados) passem por testes de qualidade, certificados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Vale lembrar que capacetes comprados no exterior para uso próprio estão dentro da lei, já que o selo só é conferido para capacetes comercializados no país, como prevê a resolução nº 203 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), datada de 29 de setembro de 2006.
Os testes consistem em avaliar a resistência de diversas partes do capacete, como a cinta jugular, a viseira e o casco propriamente dito a choques sofridos na parte superior, nas laterais e também na região da nuca. Portanto, na hora de comprar um novo ou seu primeiro - capacete, o motociclista deve verificar se o produto conta com o selo do Inmetro, garantia de que o capacete passou e foi aprovado por todos os testes. Segundo Rodrigo Almeida, gerente de marketing da BR Motorsport – representante da AGV e LS2 – o consumidor deve sempre conferir a originalidade de um capacete. “As pessoas não podem se iludir com preços muito baixos. Existem diversas cópias falsificadas de capacetes conhecidos, como LS2 e AGV. No mercado paralelo, encontramos marcas como LS3 e AVG, que custam em torno de R$ 50 a R$ 100. Esse tipo de equipamento não passa por nenhum teste e ainda recebem o selo falsificado do Inmetro. Quem compra capacetes nessas condições está brincando com a vida”, afirma.
Outro fator que está totalmente ligado à segurança do motociclista é o campo de visão oferecido pelo capacete. Se a visibilidade e a visão periférica forem comprometidas pelo formato do casco, a probabilidade de um acidente acontecer aumenta exponencialmente.
Não adianta nada comprar uma moto de R$ 30.000 e sair por aí pilotando com um capacete fora de especificação, ou pior: falsificado. E isso é muito comum. Muitas vezes o motociclista acredita que está sendo “esperto” ao economizar no capacete. O barato pode sair muito caro!