Nos últimos anos, a indústria das duas rodas vive um dilema: como atrair mais jovens ao “mundo moto”? Um ambiente repleto de aventura, adrenalina, isso sem falar naquela gostosa sensação de liberdade, agilidade no trânsito, além da economia de tempo e dinheiro. Com o advento dos smartphones, tablets, iPods, video-games e outras engenhocas eletrônicas de última geração, a mobilidade, aparentemente, está perdendo espaço para a tal hiperconectividade.
O fenômeno, que acontece no Japão, Estados Unidos, Europa está diretamente ligado à geração “Y”, que não apresenta a mesma vontade por seu próprio meio de transporte, como seus pais, por exemplo, para focar seu interesse em produtos de tecnologia, os famosos gadgets. Assim, em um mundo movido por aplicativos e mídias sociais, qual é o caminho para a indústria das duas rodas para atrair este consumidor?
A questão é como fazer esta migração entre o mundo virtual para novas experiências pessoais em um veículo de duas rodas. Para tentar resgatar esta geração, a Honda Europa está investindo em projetos elaborados - esteticamente e tecnologicamente falando - como, por exemplo, a MSX 125. Embora seja uma releitura da Monkey da década de 60, a moto usa motor injetado de 125cc e rodas aro 12 polegadas. Mas os principais diferenciais mesmo ficam por conta do design bastante arrojado e sua vocação urbana, facilidade de pilotagem e agilidade para deslocamentos curtos como, por exemplo, ir à faculdade ou ao trabalho. Na Europa, quem tiver carteira de habilitação para dirigir um automóvel poderá pilotar a MSX 125 sem nenhuma outra autorização especial. O modelo custa 3.000 Euros – cerca de R$ 9.900.
Com um belo design e soluções inovadoras, a italiana MV Agusta apresentou recentemente sua mais nova criação: a Turismo Veloce 800, a "primeira" sport touring da Casa de Varese. Um dos destaques é a capacidade da moto interagir (conectar) com smartphone ou tablets, além de poder usar o sistema Bluetooth para interface. São dezenas de ações que podem ser realizadas, desde a simples conexão do celular com os interfones dos capacetes, memorizar trajetos, como também ajustar a suspensão e o mapeamento do motor.
Menores e mais baratas
Outra estratégia utilizada pelas fábricas é projetar motos mais acessíveis. Tanto do ponto de vista da pilotagem como financeiramente. A saída é construir motos com menor capacidade cúbica. Um bom exemplo é a linha de miniesportivas RC da austríaca KTM, que tem como objetivo oferecer emoção e esportividade em seu design, com foco nos mais jovens. São três modelos de baixa capacidade – 125cc, 200cc e 390cc – e que deverão custar menos de 6.000 Euros. Até mesmo o banco para a garupa foi pensado para esse público: “pensamos o seguinte: como a linha RC é voltada para jovens pilotos, eles vão querer levar seus amigos (as) ou namoradas (os) para dar uma volta, mas também querem que sua moto seja estilosa. Consideramos, então, fazer o assento inteiro de espuma”, revelou Philipp Habsburg, diretor do departamento de desenvolvimento e pesquisa da KTM.
Seguindo o mesmo raciocínio, a inglesa Triumph também irá apostar suas fichas em modelos mais baratos, de 250cc de capacidade cúbica. Com versões naked e mini-esportiva, que já estão sendo flagrados na Europa e Ásia, ganharão motores de apenas um cilindro.
Outro exemplo surpreendente de motos menores (e mais baratas) para conquistar os jovens vem da norte-americana Harley-Davidson. A marca apresentou no ano passado a família Street, cujos modelos trazem inéditos motores de 500 e 750cc – os menores produzidos pela fábrica atualmente - com refrigeração líquida e preços que deverão ficar abaixo da família Sportster, ou seja, menos de R$ 25 mil (valor ainda não confirmado), justamente para atrair o consumidor mais jovem. “O mundo está mudando e ficando mais jovem e urbano. Desenvolvemos essa nova linha street pensando em oferecer o espírito Harley-Davidson para esse novo consumidor”, disse Mark-Hans Richer, Vice-presidente Senior e Diretor de Marketing da H-D, na ocasião do lançamento das motos.