Apresentada durante o Salão Duas Rodas 2013, realizado em São Paulo em outubro último, a Triumph Street Triple R é uma versão mais esportiva e “agressiva” da naked de média cilindrada da marca inglesa. Equipada com o mesmo motor de 675 cc e três cilindros em linha capaz de gerar 85 cavalos de potência, a versão “R” traz um novo conjunto de suspensão e freios com especificações dignas de motos de pista, além de retoques em seu design.
Com o pacote mais “racing” (daí a letra R), a Street Triple R custa R$ 34.900. Exatos três mil reais a mais que a versão standard. Mas a pergunta é: será que vale o investimento?
Desenho e ciclística melhorada
As diferenças entre a Street “R” e a standard começam pelo seu visual. Com um apelo mais esportivo, a nova versão traz um subquadro traseiro em vermelho, listras vermelhas nas rodas, além das aletas laterais, que protegem o radiador, também na cor vermelha e com a nomenclatura “R” em destaque. Esteticamente falando, esses são os itens que diferem as versões.
O que os olhos dificilmente enxergarão são as alterações técnicas que a parte ciclística da moto sofreu. Embora seja equipada com o mesmo chassi de dupla viga de alumínio conectado a um subquadro traseiro de duas peças fundido em alta pressão do modelo standard, a Street Triple R tem ângulo de cáster menor (23,4° contra 24,1°), além de conjunto de suspensão e freios novos.
Os garfos invertidos KYB com tubos de 41 mm de diâmetro na dianteira agora são totalmente reguláveis, com ajustes para o amortecimento da pré-carga da mola, retorno e compressão. O novo conjunto traseiro, com monoamortecedor KYB, também conta com ajustes na pré-carga da mola e no retorno.
Quais são os reais ganhos dessa nova ciclística e conjunto de suspensão? O cáster menor deixa a Street Triple R mais ágil e arisca para entrar nas curvas, mas sem comprometer a estabilidade em alta velocidade. Os pilotos mais experientes, que sabem como configurar a suspensão para diferentes tipos de uso – seja na cidade, na estrada ou na pista – vão sentir uma grande diferença com os novos garfos KYB de 41 mm, pois terão a liberdade de ajustar a dianteira e a traseira como bem entendem. Porém, os iniciantes encontrarão dificuldades para regular as suspensões e, muitas vezes, nem chegarão a utilizar os ajustes.
Da maneira como saem de fábrica, ou seja, a forma como a concessionária configura a suspensão e entrega a seu cliente, o conjunto da “R” se mostrou um tanto “duro” para a utilização na cidade, mas irrepreensível nas rodovias e, principalmente, nas estradas sinuosas. Um conjunto de ponta, que absorve as imperfeições do solo e projeta a motocicleta com muita estabilidade nas entradas e saídas e curva.
Entretanto, o condutor que não fizer ajustes para o uso urbano sofrerá bastante. Constantemente a suspensão dianteira acusará “fim de curso” ao passar pelos diversos buracos nas ruas de nossas cidades.
Os freios que a versão “R” da Street Triple recebeu valem, e muito, o investimento. Na dianteira, os dois discos de 310 mm de diâmetro são mordidos por pinças deslizantes Nissin, agora com quatro pistões ao invés de dois. Apesar de parecerem pequenas, as alterações aumentaram bastante a eficácia do freio. O acionamento é progressivo, sem assustar o condutor em nenhum momento, mas ao mesmo tempo é forte e preciso. Chega até parecer superdimensionado para o tamanho da moto, mas em situações de emergência o novo freio é muito bem vindo. Na traseira, não recebeu mudanças. O disco de 220 mm continua sendo mordido por pinça Brembo de um pistão. A Street Triple 675R também conta com o sistema ABS de série, que pode ser desligado.
Mesmo motor
Assim como a versão standard, a Street Triple R é equipada com motor DOHC (duplo comando no cabeçote), tricilíndrico de 675 cm³, com 12 válvulas e arrefecimento líquido, capaz de desenvolver 85,1 cavalos de potência a 11.200 rpm e torque máximo de 6,1 kgf.m a 8.300 rpm. Esse propulsor é o coração da moto e facilmente um dos mais apaixonantes da categoria. O ronco dos três cilindros é “lindo”, um assobio agudo que conforme as rotações vão subindo, ele vai se tornando mais grave.
Seu comportamento é bem elástico. A entrega de potência acontece em todas as faixas do motor, tanto em baixos, como em médios e altos giros. Isso se dá por conta do motor tricilíndrico reunir as características de propulsores de dois e quatro cilindros, ou seja, força em baixas rotações e potência linear. Um comportamento extremamente divertido, tanto para pilotos experientes quanto para novatos.
Embora seja uma motocicleta que exija constantes trocas de marcha quando levada ao limite numa pista, por exemplo, na cidade ela consegue rodar em quarta marcha com facilidade, sem sofrer. Nas estradas, o condutor não encontrará dificuldade para fazer ultrapassagens, mesmo acima dos 120 km/h. Basta girar o cabo do acelerador e pronto.
Durante o teste, a “Triple R” teve um bom consumo de combustível. Nossas medições acusaram 17,52 km/l. Ou seja, dessa forma, o tanque de combustível de 17,4 litros tem uma autonomia média de 304 quilômetros.
Conclusão
Lançada durante o Salão Duas Rodas 2013, a Street Triple 675R deu o que falar. Muitos criticaram o fato da versão mais esportiva do modelo trazer o mesmo motor – com mesma cavalaria e torque – da 675 standard. Mas nem por isso ela deixa de ser uma opção mais esportiva. O novo conjunto de suspensão permite ajustes na dianteira e na traseira, o que trará uma experiência ainda mais completa para o piloto experiente. Porém, para os iniciantes, não fará tanta diferença.
Já o novo sistema de freios vale o investimento. A mordida das pinças é precisa, forte, e muito eficaz, principalmente em frenagens de emergência. Por R$ 34.900, três mil a mais que a versão standard, a Street Triple 675R é uma ótima opção para aqueles que gostam de pegar estrada e de participar de “track days” nos circuitos do Brasil. Seus novos componentes são dignos de motos esportivas e deixam a naked britânica ainda mais atrativa. A Triumph Street Triple 675R está disponível nas cores branca, cinza e preta, todas com detalhes em vermelho.
Ficha técnica TRIUMPH STREET TRIPLE R
Motor Arrefecimento líquido, 12 válvulas, DOHC, três cilindros em linha.
Capacidade cúbica 675 cm³
Potência máxima (declarada) 85,1 cv a 11.200 rpm
Torque máximo (declarado) 6,1 kgf.m a 8.300 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Dupla viga de alumínio e sub quadro traseiro com duas peças fundidas sob alta pressão
Suspensão dianteira Garfos invertidos KYB, totalmente ajustáveis, com 115 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecedor KYB, regulagem em duas vias e curso de 135 mm
Freio dianteiro Disco duplo com pinças Nissin de quatro pistões de 310 mm de diâmetro (ABS)
Freio traseiro Disco simples Brembo de 220 mm de diâmetro (ABS)
Pneus 120/70-17 (diant.)/ 180/55-17 (tras.) Pirelli Diablo Rosso Corsa
Comprimento 2.055 mm
Largura 740 mm
Altura 1.110 mm
Distância entre-eixos 1.410 mm
Distância do solo Não disponível
Altura do assento 820 mm
Peso em ordem de marcha 182 kg
Peso a seco Não disponível
Tanque de combustível 17,4 litros
Cores Branca, Cinza, Preta
Preço sugerido R$ 34.900,00