Enquanto as motos de baixa cilindrada enfrentam entraves nas vendas por conta da falta de crédito ao consumidor, os modelos de maior capacidade cúbica batem recordes de emplacamento. Neste ano, duas marcas representantes desse segmento já alcançaram vendas superiores às do ano passado: a Harley-Davidson, que deve chegar as 8.000 motos emplacadas e a BMW, cuja estimativa é de bater a casa das 7.700 unidades licenciadas até o final de 2013.
Algumas regiões do País se revelaram terreno fértil para receber as atenções – e os aportes – das marcas conhecidas como premium. Entre elas está Curitiba (PR), que já tem até um evento direcionado para esse tipo de consumidor: o Brasil Motorcycle Show, que aconteceu entre os dias 22 e 24 de novembro. “Sentimos a carência de um evento voltado apenas para o público Premium”, comentou Pedro Colares, um dos organizadores, ao explicar o motivo de criar um salão com foco nas motos maiores.
Já a escolha de Curitiba como sede para o evento também é justificada. Nos últimos dois anos, a cidade recebeu operações de diversas marcas focadas exclusivamente em motos desse segmento, como Harley-Davidson, BMW e Triumph, cujas vendas somadas no Estado da região Sul ultrapassam as 1.150 unidades.
Todas elas, presentes ao Brasil Motorcycle Show por meio de suas respectivas revendas locais, assim como Suzuki, Kawasaki, Honda e Yamaha. Estas, entretanto, optaram por levar seu line-up completo, incluindo os modelos de cilindrada menor. Ao todo, 17 mil pessoas passaram pelos 8 mil metros quadrados do Expo Renault Barigui durante os três dias do evento.
Mercado promissor
Algumas peculiaridades locais também favorecem o sucesso das motocicletas premium em Curitiba. “Existe, inclusive, a questão da segurança. Em São Paulo, por exemplo, há um medo de se andar com superesportivas. Aqui, não tanto. Nossa concessionária que mais vende Daytona 675R é a de Curitiba”, comenta Fernando Filié, Gerente de Marketing da Triumph Motorcycles Brasil. A fabricante inglesa, que acaba de completar um ano de operações no mercado brasileiro, já confirmou a vinda de sete novas motos para o ano que vem e espera fechar 2013 com 2.500 unidades comercializadas.
Outra marca que está às vésperas de iniciar suas atividades na cidade paranaense é a Ducati, que também aproveitou para levar ao evento o line-up da Casa de Borgo Panigale e testar a receptividade do público. “Estamos finalizando a concessionária e esperamos vender 20 motos por mês”, comentou Vítor Amaral, Consultor de Vendas da futura revenda Ducati. Segundo ele, a fabricante italiana irá apostar no sucesso das bigtrails para agradar ao motociclista curitibano com a Multistrada e no gosto do mesmo pelo exótico, que irá favorecer a Diavel.
Já a Harley-Davidson, assim como faz em outros mercados, aposta na paixão do motociclista pela marca de Milwaukee para se manter em alta. “A marca Harley tem uma força impressionante. É como se fosse uma religião”, brinca Fabiano Belli, Gerente de Compliance da Harley-Davidson do Brasil, reiterando que mais importante do que vender, é investir na estrutura para atender bem ao cliente.
Futuros clientes
Mesmo com foco no mercado de alto padrão, segundo os organizadores, o Brasil Motorcycle Show não foi um evento para atrair apenas o público de maior poder aquisitivo e que já é proprietário de uma moto grande. “O mercado é premium, mas o sonho é de todo mundo.”, diz Cesinha Mocelin, um dos organizadores do evento. Ele conta ainda que os preços dos ingressos foram mantidos em R$ 20 e R$ 25 para sexta-feira e final de semana, respectivamente, para serem acessíveis a todo mundo.
É o caso de Gilead Juercievcz, 18, que visitava a feira com seu pai, Gilson, 51. O rapaz acabou de comprar sua primeira moto, uma Yamaha Fazer 250 e já faz planos para o futuro. “Em um ano, mais ou menos, já quero pegar uma 600. Penso em uma XJ6, aquela sem carenagem”, revela Juercievcz, entusiasmado em migrar para o modelo de maior cilindrada também da marca japonesa.
Se depender da economia do Estado, Gilead vai realizar seu sonho. De acordo com dados divulgados nesta semana pelo IBGE, o PIB per capita do Paraná atingiu uma média de R$ 22.769, 98. O valor é acima da média nacional, que ficou em R$ 21.535,65.