Mais uma vez a atenção dos motociclistas de todo o mundo se voltam à Milão. A cidade, ao norte da Itália, na região da Lombardia, abriga entre 7 e 10 de novembro a 71ª edição da Esposizione Internazionale Del Motociclo, conhecido como EICMA, o maior salão de motos do mundo. São mais de 1.400 expositores de 38 países distribuídos em mais de 130.000 m2 apresentando muitas novidades de acessórios e equipamentos para motos e motociclistas. Mas são mesmo os lançamentos de novos modelos de motocicletas que atraem milhares de visitantes a Fiera Milano – Rho, o belo pavilhão de exposições da cidade.
Galeria de fotos do EICMA 2013
Fazendo jus aos números superlativos do evento, as marcas não economizaram em lançamentos. Com cerca de duas dezenas de novas motocicletas, além das atualizações e modelos conceitos, o EICMA 2013 transformou Milão na capital mundial das duas rodas, novamente. Conheça as principais novidades da feira italiana divididas por marcas.
BMW - A BMW trouxe duas novas nakeds. Uma completamente diferente da outra. A R NineT veio para celebrar os 90 anos da marca no segmento de motocicletas. Dotada do tradicional motor Boxer de dois cilindros opostos refrigerados a ar/óleo com 1.170 cm³ de capacidade, o modelo aposta na simplicidade das formas para encantar os fãs mais puristas. O propulsor é capaz de gerar até 110 cv de potência máxima a 7.750 rpm e 12,13 kgf.m de torque máximo obtidos a 6.000 giros. A transmissão final é por eixo-cardã. Uma bela maneira de celebrar nove décadas fabricando motos.
Mas os fãs mais ávidos por novidades, e velocidade, ganharam a S 1000 R, uma versão desnuda da superesportiva S 1000RR. Radical em todos os sentidos, a moto usa motor de quatro cilindros em linha que gera 160 cv de potência máxima a 11.000 rpm e conta com dois modos de pilotagem. Para melhorar a dirigibilidade, a S 1000R perdeu potência, porém ganhou mais torque que sua irmã esportiva. Como uma autêntica BMW, o modelo naked conta com um grande pacote eletrônico formado por controle de tração e estabilidade e ajuste eletrônico da suspensão. Para maior segurança a moto tem ainda sistema de freios com pinça de fixação radial, com duplo disco e sistema Race-ABS.
Para quem gosta de aventura, a marca atualizou seu carro-chefe: a R 1200 GS Adventure, que recebeu o Boxer com refrigeração líquida. Com novo design e muita eletrônica, a versão Adventure é mais alta que o modelo standard e tem tanque de combustível com capacidade ampliada para 30 litros.
Outra motocicleta da marca alemã que ganhou o modernizado propulsor Boxer foi a R 1200 RT. Com design muito parecido com a K 1600 GT, esta touring traz um dos mais completos pacotes eletrônicos da categoria, entre eles, o controle de descida, muito similar ao usado em alguns veículos como, por exemplo, o Honda CR-V e furgão Transit, da Ford. Os novos modelos devem desembarcar no Brasil no segundo semestre de 2014.
Ducati – A fábrica italiana também apostou em uma nova naked para atrair a atenção do público. A nova Monster 1200 é equipada com o motor Testastretta 11° de 1200 cc. Com os tradicionais dois cilindros em “L”, o propulsor tem refrigeração líquida e pode gerar 135 cv de potência máxima. Visualmente, a naked top de linha ganhou duas saídas de escape do lado direito, ao invés de uma de cada lado como era tradição da família Monster.
Anunciada em setembro, a exclusiva Panigale Superleggera com mais de 200 cv, 165,4 kg e componentes dignos de uma moto de competição também fez sua primeira aparição pública em Milão. Na Itália, a moto custa 66 mil Euros.
Harley-Davidson – A tradicional marca norte-americana rendeu-se definitivamente aos tempos mais modernos. “O mundo está mudando e ficando mais jovem e urbano. Desenvolvemos essa nova linha street pensando em oferecer o espírito Harley-Davidson para esse novo consumidor”, disse Mark-Hans Richer, Vice-presidente Senior e Diretor de Marketing da H-D, referindo-se às novas Street de 500cc e 750cc. Você leu certo. A Harley, famosa pelos seus motores V2 de grande capacidade cúbica, apresentou duas motos de média cilindrada no Salão de Milão.
Ambas trazem motor V2 com refrigeração líquida, mas mantêm o estilo da marca americana. Visualmente, têm capa do farol e cor negra, além de sanfona na bengala da suspensão dianteira, seguindo a linha minimalista das Dark Custom. Na traseira, a velha receita de dois amortecedores e transmissão final por correia dentada. A crítica no quesito estilo vai para o conjunto óptico traseiro que destoa completamente da moto, com uma lanterna moderna e arredondada.
Desenvolvida pela Harley-Davidson, nos Estados Unidos, como fez questão de afirmar Richer, as novas H-D da família Street serão produzidas nas plantas de Kansas City, nos EUA, e também na Índia. Primeiramente, vão chegar ao mercado americano, depois Europa, Índia, e depois Brasil, mas só em meados de 2015. “Ainda é cedo para dizer se serão produzidas em Manaus (AM), teremos de preparar a fábrica, mas as novas motos são um produto mundial e certamente deverão ser vendidas no Brasil”, garantiu o executivo da empresa norte-americana.
Honda - Seja no Brasil, na Ásia ou Europa, a Honda não economiza nos lançamentos. A marca japonesa revelou, em 4 de novembro, em Milão, seu line-up 2014 para o mercado europeu. Foram nada menos que seis novos modelos e sete atualizações de produtos, aumentando sua gama no “Velho Continente”. As novidades ficam por conta de uma série especial da CBR1000RR Fireblade, chamada de SP e pronta para a pista, CTX700 e CTX700N, além das inéditas CTX 1300, CBR650F e CB650F.
Tratada como um novo modelo, a naked CB 650F não é exatamente uma evolução da Hornet. De acordo com a marca, a CB 650F escreve a página seguinte iniciada pela CB600F Hornet e, sem partilhar componentes, começa um novo capítulo. Tanto que é mais pesada e com menos potência se comparada com a Hornet atual, vendida no Brasil. A nova CB 650F tem 87 cv de potência máxima contra 102 cv da Hornet; e pesa 206 kg (208 Kg com ABS) no novo modelo, contra 188kg (Standard) e 193kg (C-ABS) na bem sucedida naked japonesa. O peso extra vem do novo quadro construído em aço, ao invés do alumínio usado na Hornet.
Focada no público jovem, esta "streetfighter" usa motor DOHC de quatro cilindros em linha e 649 cm³ de capacidade cúbica. Apesar de menos potente, fornece mais torque em baixos e médios giros, especialmente abaixo das 4.000 rpm. O quadro dupla trave da CB 650F oferece rigidez e conta com um braço oscilante em alumínio. O monoamortecedor traseiro trabalha diretamente no braço oscilante e o conjunto de suspensão dianteiro tem garfo telescópico de 41 mm de diâmetro na dianteira. A ciclística é completada por disco duplo dianteiro de 320 mm de diâmetro e disco traseiro simples com 240 mm de diâmetro, o sistema de freios com ABS é opcional.
Esteticamente, a CB 650F é mais conservadora que a Hornet. Para completar, a moto ganhou novas rodas de cinco raios (douradas) e painel de instrumento que traz informações divididas em duas telas LCD. Criada sob a mesma base da versão naked, a sport-touring carenada CBR 650F não é uma evolução da CBR 600F, também comercializada em nosso mercado.
A Honda atualizou também a VFR 1200X Crosstourer, que recebeu um sistema de controle de torque para a roda traseira, que pode ser ajustado em três níveis, dependendo do piso ou ainda desligado. A bigtrail da Honda ainda recebeu outras pequenas melhorias. Outro modelo à venda no Brasil e que foi atualizado é a NC 700X, que agora passou a ser NC 750X, em função de seu motor bicilíndrico agora ter 749 cm3. Isso resultou em uma potência e torque maiores: agora são 54 cv 68 Nm. O scooter Integra e a naked NC 750S (que nãop estão à venda em nosso mercado) também foram atualizados.
A CTX 1300 é uma cruiser de turismo com novo estilo, equipada com propulsor V4 de 1300cc, repleta de tecnologias, além de malas laterais, sistema de som e especificações premium. A esportiva CBR 1000 RR Fireblade convencional ganhou novo cabeçote e o mapa de injeção eletrônica foi aperfeiçoado. Por fim, a pequena CBR 300R foi apresentada para o mercado europeu.
Kawasaki – Outra marca a apostar nas nakeds de grande capacidade cúbica foi a Kawasaki. A nova Z1000 era a principal estrela da fábrica japonesa. Com linhas minimalistas e modernizadas, a big naked da fábrica de Akashi é nova, mas sem perder sua identidade, como as quatro saídas de escape, duas de cada lado. Seu propulsor, entretanto, foi reformulado internamente e ganhou alguns cavalos a mais para chegar a 143 cv. O novo desenho ainda permitiu o aumento da capacidade do tanque de combustível para 17 litros.
Chamava atenção também no estande da Kawasaki em Milão, o primeiro scooter da fábrica japonesa, o J 300. Com linhas agressivas e porte imponente, o J 300 tem motor de 299 cm3 capaz de produzir 28 cv – bom número para um scooter com transmissão automática. O J 300 tem roda de 14 polegadas na dianteira com freio a disco e ABS como opcional; e roda aro 13 também com freio a disco na traseira.
KTM – A fábrica austríaca finalmente revelou sua linha de pequenas motos esportivas, mas ao invés de somente uma, foram logo três modelos: a RC 125, RC 200 e RC 390. Equipadas com o mesmo motor monocilíndrico da família Duke (modelo nakeds), as pequenas esportivas, entretanto, trazem ciclística refinada, como garfo telescópico invertido, rodas de alumínio e pinça de freio com fixação radial na dianteira. Os modelos têm desempenho de acordo com sua capacidade cúbica: a RC 125 produz 15 cv; a versão de 200cc, 26 cv; e a RC 390 oferece bons 44 cv.
Outra moto que chamava a atenção no estande da marca laranja era a versão final da Super Duke 1290R, uma bestial naked com visual radical e motor V2 de 180 cv!
MV Agusta - Milão é conhecida por ser um centro de inovações tecnológicas, de design, além de ter uma estreita relação com a moda. Aproveitando estes três elementos, a MV Agusta apresentou no estúdio de costura do estilista Ermenegildo Zegna, no centro da cidade, sua mais nova criação: a Turismo Veloce 800, a "primeira" sport touring da casa de Varese. O conceito da “Veloce” tomou como inspiração o Porsche Panamera, que foge do lugar comum, oferecendo alto desempenho e tecnologia embarcada, além de ter um desenho marcante, que traduz agressividade e, ao mesmo tempo, conforto.
Como as outras três cilindros de 800cc da MV Agusta, o motor da Turismo Veloce conta com quatro níveis de mapeamento – Rain, Sport, Turismo e Custom, e oito níveis de atuação do controle de tração. O propulsor desenvolve 125 cv de potência máxima a 11.600 rpm e torque máximo de 8,6 kgf.m a 8.600 rpm. A moto conta ainda com muitas soluções tecnológicas, o que inclui controle de tração, suspensão semi-ativa e novo câmbio eletrônico. E muita interface com smartphones e tablets.
Pena que tanta inovação só estará disponível, para os europeus, no final de 2014. Para nós, brasileiros, em 2015 ou 2016, afirma, sem muita convicção, Paolo Bianchi, gerente de vendas da MV Agusta.
Triumph – A fábrica inglesa trouxe duas novidades para o Salão de Milão: a Thunderbird Commander e a Thunderbird Light Tour (LT), ambas equipadas com motor de dois cilindros paralelos de 1700cc, que esbanja torque – cerca de 15 kgf.m – liberado a 3.500 rpm. O propulsor gera 98 cv de potência a 5.400 rpm. A Commander adotou a identidade visual de suas irmãs Rocket III e Thunder Storm, ou seja, duplo farol na dianteira. No melhor estilo classic custom, a moto conta ainda com assentos individuais, com encosto lombar. A Thunderbird Commander será lançada no mercado brasileiro em meados do próximo ano.
Já a LT traz elementos clássicos de uma touring como, por exemplo, parabrisa, alforjes laterais e faróis de neblina. Lembra em vários ângulos a Harley-Davidson Heritage. O modelo conta ainda com pneus radiais faixa branca desenvolvidos em parceria com a Avon e sistema de freios ABS.
Além da atualização de vários modelos, entre eles, Scrambler, Speed Master, a América Light Tour (LT) e a Tiger 800 Special Edition, a marca inglesa falou do futuro, principalmente de um novo produto de baixa cilindrada. A miniesportiva de 250cc está sendo desenvolvida 100% na própria Triumph. Terá motor de um cilindro e focará pilotos novatos. O início da produção ainda não foi divulgado. Mas será a primeira motocicleta da marca abaixo de 500 cc. Seu lançamento mundial está previsto para 2015. O início das vendas no mercado brasileiro deverá acontecer no final daquele ano, segundo os executivos da fábrica.
Yamaha – Ressaltando a inovação da marca e com a promessa de romper com o passado, o presidente mundial da Yamaha, Hiroyuki Hanagi, apresentou quatro novos modelos para a Europa. O primeiro surpreendeu a todos: o triciclo conceito Tricity, com porte de scooter e motor de 125cc, mas com duas rodas dianteira e uma na traseira. Mais leve e ágil que outros triciclos com a mesma receita, o Tricity também deverá ser mais barato. Apesar de ser apresentado como modelo conceito, a Yamaha diz que o modelo de produção deverá ficar pronto no início do segundo semestre de 2014. No mesmo tema de mobilidade urbana, a marca mostrou dois novos integrantes da linha XMax, um de 125 e outro de 250cc.
Já nas motos, Valentino Rossi, a grande estrela da MotoGP que ainda não brilhou neste ano, chegou à festa com a MT-09 Street Rally, nova versão da tricilíndrica de 847 cm3 lançada no início deste ano. A Street Rally traz algumas carenagens que não há no modelo standard e uma posição de pilotagem mais ao estilo supermotard.
Mas o piloto principal da MotoGP e campeão do mundo em 2012, Jorge Lorenzo, teve a honra de subir ao palco com a verdadeira novidade da noite: a MT-07. A naked de linha radicais tem motor de dois cilindros com virabrequim crossplane e 689 cm3 de capacidade. Capaz de produzir 76 cv de potência máxima, a nova moto pesa somente 164 kg a seco.