Há quase três décadas surgia uma das motocicletas mais emblemáticas da Suzuki, a superesportiva GSX-R 750. Desde 1985, a moto foi uma das melhores de sua categoria. Por inúmeros motivos, a GSX-R foi um sucesso de vendas e criou uma série de aficionados leais pela moto três quartos de litro da Suzuki. Mas, não foi apenas a lealdade dos consumidores que a transformou em um ícone mundial.
O principal motivo para a moto continuar saindo das concessionárias da Suzuki a caminho das ruas, mesmo nos dias de hoje, é o fato de o modelo oferecer a agilidade e leveza das motos de 600cc, com desempenho muito próximo das potentes superbikes de 1000cc. A semelhança maior com uma superesportiva média se deve ao fato dela partilhar a maioria dos componentes do chassi com sua irmã menor, GSX-R 600, que não é vendida no Brasil.
Por isso, a 750 da Suzuki consegue uma vantagem, pois oferece um pacote com bastante potência, mas que não assusta o condutor. Segundo dados divulgados pela Fenabrave (entidade que contabiliza a distribuição de veículos no Brasil), de janeiro a setembro, a GSX-R 750 foi a sexta motocicleta mais vendida da categoria “Sport”, com 555 unidades emplacadas. Se contarmos apenas com modelos acima de 600cc, ela fica atrás das Honda CBR 600F e CBR 1000RR. Ou seja, mesmo sem muita tecnologia embarcada como freios ABS ou controle de tração, tão comuns nas superbikes, a GSX-R agrada o consumidor.
Motor
A Suzuki GSX-R 750 traz motor de quatro cilindros em linha, DOHC (duplo comando de válvula) e arrefecimento líquido, capaz de gerar 148 cavalos de potência a 13.200 rpm e torque máximo de 8,80 kgf.m a 11.200 rpm. A potência é transferida para a roda traseira por meio de corrente e câmbio sequencial de seis marchas. A superesportiva nipônica conta com o sistema SDTV (Suzuki Dual Throttle Valve), que, segundo a Suzuki, utiliza oito orifícios de jato finos de injetores. O resultado é um melhor rendimento em função de uma combustão mais completa.
Sim, o propulsor dessa máquina é um dos pontos altos. Acima dos 3.000 giros, o motor responde de forma progressiva sem “buracos” e, quando passa das 7.000 rotações, ganha mais vigor e a agressividade aumenta. Para controlar o quanto de potência o condutor quer usar, a GSX-R 750 oferece o S-DMS (Sistema de seleção de modo de pilotagem da Suzuki). O equipamento eletrônico conta com dois modos: “A” e “B”. O modo “B” libera toda a potência da moto, mas mantém uma resposta do acelerador mais controlada, principalmente na fase inicial. Ideal para a utilização no dia-a-dia e em terrenos mais escorregadios. Para um uso mais esportivo, dentro dos circuitos ou nas auto-estradas, o ideal é o modo “A”, no qual toda a potência da motocicleta está disponível logo na primeira “enrolada” de cabo.
Por falar em enrolar o cabo, uma das melhores sensações na “Srad 750” é ver o ponteiro do conta-giro bater na faixa vermelha. À medida que a velocidade aumenta a moto parece instigar o piloto a trocar de marchar e chegar ao seu limite.
Mas ela nem é sempre tão radical quanto uma 1.000 cc ou tão “comedida” como uma 600cc, já que esta 750 pode ser pilotada de outra maneira. Assim como as outras, ela ainda prefere trabalhar em altos giros, mas pode, muito bem, rodar em baixa rotação sem excessivas trocas de marcha. De acordo com a Suzuki, isso se deve ao fato do sistema de escapamento 4-1 (construído em aço inoxidável). Equipado com uma válvula de controle de fluxo de gases (SET Suzuki Exhaust Tuning), o sistema maximiza o torque e melhora a resposta do acelerador, principalmente em baixos e médios giros.
Chassi e ciclística
O desenvolvimento da nova versão da GSX-R 750 teve foco no chassi, onde quase tudo foi renovado, incluindo o quadro e balança traseira. Com as alterações, a Suzuki conseguiu diminuir o peso dessa superesportiva em 8 quilos: agora são 190 kg em ordem de marcha. Comparando com outra 750 cc do Brasil como a aposentada naked Kawasaki Z750 (que pesa 226 kg) a esportiva da Suzuki é uma “pena”. Detalhes como o compacto chassi, construído por cinco peças de alumínio fundido, e a balança traseira - também feita em alumínio fundido - fazem parte da dieta.
Os freios são de alto desempenho e utilizam pinças da grife italiana Brembo, que mordem os dois discos dianteiros e o disco simples traseiro com eficiência. Cabe ao piloto modulá-los nas diversas situações – claro que um sistema ABS seria muito bem vindo.
O conjunto de suspensões – formado por garfos telescópicos invertidos do tipo Big Piston Forks, da Showa, na dianteira e por monoamortecedor hidráulico na traseira – tem regulagem entre a esportividade e o conforto. Dessa forma, as suspensões conseguem absorver sem dificuldades as irregularidades da pista, mas, sem se mostrarem “macias” demais. O condutor consegue sentir bem onde o pneu dianteiro “pisa”, assim como a traseira é capaz de transferir toda a potência com eficácia para o solo. A medida que o condutor evolui na pilotagem, pode fazer uso das regulagens na suspensão e adequar a moto à sua tocada.
Para auxiliar nas manobras de baixa velocidade e também no desempenho nos circuitos ou em estradas, a Suzuki equipou a GSX-R 750 com amortecedor de guidão eletrônico. Um equipamento muito bem vindo para evitar a temível oscilação do guidão, muito comum ao passar por emendas de ponte em alta velocidade.
A posição de pilotagem é agradável para uma superesportiva. Acima de tudo, a ergonomia tenta ser a mais democrática possível, pois oferece regulagem nas pedaleiras e no pedal do cambio em três posições. O curto tanque de combustível e o perfeito encaixe das pernas do condutor ao redor da moto compõem uma posição de pilotagem confortável (dentro dos limites da categoria, claro).
Conclusão e concorrentes
A Suzuki GSX-R 750 consegue combinar, quase com perfeição, um motor de alto desempenho a um chassi compacto e ágil de uma motocicleta menor. Ou seja, fica perfeitamente encaixada entre as 600cc e 1000cc. A potência que esta Suzuki produz é compatível com seu tamanho e a moto é extremamente rápida tanto nas retas, quanto nas curvas. Essa 750 nipônica é muito divertida em todos os tipos de estradas. Apesar de não ter perfil “citadino”, não faz feio nos centros urbanos, por conta de sua ciclística bem acertada. É uma receita antiga, mas com garantia de sucesso.
Atualmente, a GSX-R 750 é a única motocicleta superesportiva de 750 cc do mercado mundial e, por isso, briga com motos entre 600cc e 1000cc. Seu preço público sugerido é de R$ 49.900 (nas cores branca e azul, e preta), sem auxílios eletrônicos como ABS e controle de tração. Por valores próximos, o consumidor brasileiro pode encontrar algumas opções. São elas: a Honda CBR 600RR na versão standard (sem ABS) por R$ 46.613, a Honda CBR 1000RR sem ABS por R$ 59.620; a Triumph Daytona 675R, com ABS de fábrica por R$ 48.690; a Kawasaki Ninja ZX-6R 636, também sem ABS, por R$ 49.990; a Kawasaki Ninja ZX-10R por R$ 62.222, e a Yamaha R1 por R$ 58.990. Por ficar entre as 1000cc e as 600cc e oferecer um preço competitivo, apesar de não ter os auxílios eletrônicos, por enquanto, consideramos uma escolha sensata na categoria das superesportivas.
Ela é uma moto desafiadora e sua fama está associada a pilotos que gostam de performance pura, seria essa a receita dessa 750 solitária?
Ficha Técnica SUZUKI GSX-R 750
Motor Quatro cilindros em linha, DOHC, 16 válvulas, arrefecimento líquido
Capacidade cúbica 750 cm³
Potência máxima (declarada) 148 cv a 13.200 rpm
Torque máximo (declarado) 8,80 kgf.m a 11.200 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final Corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Dupla viga de alumínio
Suspensão dianteira Garfos invertidos Showa Big Piston Forks totalmente ajustáveis
Suspensão traseira Monoamortecedor com regulagens em três vias
Freio dianteiro Discos duplos com pinças Brembo
Freio traseiro Disco simples com pinças Brembo
Pneus 120/70-17 (diant.)/ 180/55-17 (tras.)
Comprimento 2.030 mm
Largura 710 mm
Altura 1.135 mm
Distância entre-eixos 1.390 mm
Distância do solo 130 mm
Altura do assento 810 mm
Peso em ordem de marcha 190 kg
Peso a seco Não disponível
Tanque de combustível 17 litros
Cores Branca e Azul, Preta
Preço sugerido R$ 49.900