Praticamente todas as fabricantes de motocicletas presentes no País oferecem muitas opções de modelos naked em diversas faixas de cilindrada e de preço. Com esses fatos em mente e para tirar proveito desse nicho que não para de crescer, a J.Toledo/Suzuki recentemente incorporou a Gladius 650 assim como a GSR 750 que, ao lado da Bandit 650 e 1250, aumentou sua gama nesse segmento de motos “nuas”. Com um motor bicilíndrico em V de 645 cm³, a Gladius aposta em sua praticidade e facilidade de pilotagem para conquistar o consumidor.
Seu lançamento mundial aconteceu em 2008 nos salões europeus, quando substituiu a aposentada SV 650. Por lá, ela recebeu o nome de Gladius SFV 650 e sua proposta fica clara quando deciframos as siglas utilizadas pela Suzuki: S de Stylish (estilosa), F de Friendly (amigável) e V em referência à arquitetura de seu motor. Portanto, compreendemos que seu principal público alvo é aquele consumidor iniciante que está querendo subir de categoria e se aventurar nas motos de maior cilindrada.
Estilo e equipamentos
Quando os engenheiros da Suzuki pensaram em projetar a Gladius, eles claramente se inspiraram no design das motocicletas naked europeias, com um estilo mais moderno. O quadro de aço em treliça aparente, as linhas arredondadas do tanque, o farol dianteiro em formato “diamante” e a rabeta minimalista com a lanterna traseira embutida impõe essa personalidade marcante e urbana. Mas, não é só o estilo que remete às motos europeias como a Ducati Monster. Seu nome, Gladius, faz referência à espada utilizada pelos gladiadores nos áureos tempos do império romano.
Simplista, a Suzuki Gladius não traz muitos equipamentos eletrônicos e o painel de instrumentos é espartano, mas completo. Mescla informações analógicas e digitais e se parece com o da Honda CB 600F Hornet. Todas as luzes espias estão por lá, incluindo um bem vindo indicador de marcha engatada. Porém, não há um marcador de combustível e o piloto só saberá a hora de abastecer quando a luz de advertência da reserva começar a piscar. Para auxiliar o condutor nesses momentos, há um hodômetro de reserva (fuel trip), que marca quantos quilômetros a motocicleta já percorreu com o tanque na reserva.
Durante o teste, a Gladius 650 teve um bom consumo de combustível. Numa tocada mais urbana, com a motocicleta rodando até os 8.000 rpm e fazendo poucas mudanças de marcha, ela teve um consumo de 21,2 km/l. Já nas autoestradas e em rodovias sinuosas (serras), onde o motor é mais exigido, a naked V2 da Suzuki “bebeu” um pouco mais, foram 17,3 km/l. Vale lembrar que os números podem variar dependendo do peso e do estilo de pilotagem do motociclista, além do peso extra com bagagens e garupa.
Motor
A Gladius compartilha do mesmo motor bicilíndrico em V a 90° de 645 cm³ e arrefecimento líquido da nova versão da motocicleta trail de média cilindrada da Suzuki, a V-Strom 650. Por conta de uma série de alterações internas, na Gladius o motor é um pouco mais potente e consegue produzir 72 cavalos a 8.400 rpm e 6,52 kgf.m de torque aos 6.400 giros.
Na motocicleta naked, o propulsor vem equipado com duas velas de ignição em cada um de seus cilindros, o que torna a combustão mais eficaz. A Suzuki também trocou as molas duplas das quatro válvulas por cilindro por molas simples, que diminuem a perda mecânica e garantem um funcionamento mais suave. Na prática, quando o motor está trabalhando, o piloto mal sente a vibração tão comum dos bicilíndricos em V. Aos 120 km/h em sexta marcha, por exemplo, a sensação que o condutor tem é de estar bem abaixo dessa marca, tamanha a suavidade de funcionamento e a ausência de vibração do propulsor. Só há um ponto negativo nisso: o ronco do motor não condiz com o desempenho da moto.
Os bicos da injeção eletrônica ganharam 10 furos para otimizar a mistura ar-combustível. Além disso, a Gladius conta com dupla borboleta de aceleração no corpo injetor (SDTV), um controle de marcha lenta para reduzir a emissão de gases (TI-ISC) e um módulo de gerenciamento do motor (ECM) mais atual.
O motor cresce de forma linear, com força em todas as faixas de giros desde os 3.000 rpm. Na prática isso significa que, na cidade ou na estrada, o condutor utiliza a caixa de câmbio poucas vezes, já que o propulsor não sofre em retomadas, mesmo em baixa velocidade e com marchas altas engatadas. Para se ter uma idéia disso, fizemos o seguinte teste. Deixamos a motocicleta rodar a 60 km/h em sexta marcha e apenas viramos o cabo do acelerador para ver como o motor se comportava. Sem falhas, nem engasgos, ele rapidamente aumentou a velocidade e tornou-se vigoroso. Por privilegiar o torque em baixas e médias rotações, a nova naked V2 da Suzuki tem um impressionante freio motor. Às vezes até incômodo. Basta tirar a mão da manopla direita que a motocicleta desacelera de forma rápida e , por vezes, bruta.
Ciclística e ergonomia
Por ter uma proposta para atender pilotos com menos experiência que procuram uma motocicleta naked versátil e de fácil condução, a ciclística da Gladius não é ideal para uma pilotagem mais esportiva. O quadro em treliça conta com garfos telescópicos convencionais de 124 mm de curso com ajuste na pré-carga da mola, na dianteira; e balança traseira feita em aço com um conjunto mola-amortecedor com sete regulagens da pré-carga da mola e 129 mm de curso.
As configurações que saem de fábrica são mais voltadas para o conforto no dia-a-dia, com uma atuação mais macia, e copiam com perfeição as irregularidades do asfalto, seguindo a proposta da moto. Sem mexer nas regulagens, na hora de fazer curvas mais rápidas e pedindo uma esportividade maior da motocicleta, o piloto sentirá certo desconforto com o rápido retorno da frente e com uma traseira um pouco “solta”. Mas nada que ajustes não possam resolver.
O conjunto de freios é eficiente e compatível com a proposta da moto, mas sua atuação poderia ser um pouco melhor. Na dianteira, duplo disco dianteiro de 290 mm de diâmetro mordidos por pinças Tokiko de dois pistões. Atrás, disco simples de 240 mm e pinça de um pistão. No exterior, a Suzuki Gladius conta com a opção de freios ABS. No Brasil, no entanto, não há essa versão e, dessa forma, torna o modelo menos atraente que suas concorrentes (todas com opção do sistema de freios antitravamento). As rodas de liga-leve são aro 17 polegadas e calçadas com pneus Dunlop Qualifier sem câmara nas medidas 120/70, na dianteira, e 160/60 na traseira.
Para deixar a Gladius mais amigável, a Suzuki optou por um banco bem baixo, a 782 mm de distância do solo. Assim, qualquer biótipo de piloto consegue plantar os dois pés no chão com facilidade. Tal fato auxilia também na hora de manobras. Só o ângulo do esterço é que pode atrapalhar um pouco durante as mudanças de direção em baixa velocidade. Porém, para conseguir manter o assento nessa altura, a espuma do banco é bem fina, o que causa desconforto em trajetos mais longos. A posição de pilotagem mais ereta e as pedaleiras um pouco recuadas deixam o condutor em total controle da motocicleta e com ótima visão a sua frente.
Conclusão
O desempenho da motocicleta dentro da cidade é irrepreensível. Confortável, relativamente econômica (levando em conta o tamanho de seu motor), forte, rápida e ágil. Com uma proposta de ser um “upgrade” para jovens iniciantes que queiram uma motocicleta naked amigável e fácil de pilotar, a nova Suzuki Gladius 650 está disponível nas concessionárias da marca por um preço público sugerido de R$ 26.990 nas cores azul, preta e cinza. Uma motocicleta com um custo-benefício bom e que fará sentido na garagem de muitos motociclistas.
Na faixa de R$ 25.000 a R$ 30.000, a naked nipônica encontrará concorrentes de diferentes características, com outras propostas e atrativos. Sua concorrente direta de motor bicilíndrico, a Kawasaki ER-6n custa menos na versão standard (R$ 25.990) e ainda conta com a opção ABS por R$ 1.890 a mais do que preço sugerido da Gladius. O consumidor pode ainda escolher por um motor com outra configuração, como o quatro cilindros em linha da Yamaha Xj6, que sai por R$ 28.430.
Só para se ter uma ideia, o mercado de motocicletas “naked” (nuas, sem carenagem) no Brasil nunca foi tão grande como nos dias atuais. Os números recentemente revelados pela Abraciclo (associação das fabricantes do setor) mostram que das quase 44 mil motos acima de 450cc vendidas em 2012, 35% delas pertencem a esse segmento – cerca de 16 mil unidades. Se voltarmos alguns anos na história das motos “peladas” no país, poucas marcas ofereciam modelos do segmento em seu line-up. Hoje o cenário é diferente e há opções para todos os tipos de gosto e tamanho de bolso.
Ficha técnica Suzuki Gladius 650
Motor dois cilindros V-Twin 90° com 8 válvulas, DOHC, arrefecimento líquido
Capacidade cúbica 645 cm³
Potência máxima (declarada) 72 cv a 8.400 rpm
Torque máximo (declarado) 6,52 kgf.m a 6.400 rpm
Câmbio Seis marchas
Transmissão final corrente
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Quadro Treliça em aço
Suspensão dianteira Garfos telescópicos com 124 mm de curso
Suspensão traseira Amortecedor com 129 mm de curso
Freio dianteiro Disco duplo de 290 mm de diâmetro
Freio traseiro Disco simples de 240 mm de diâmetro
Pneus 120/70-17 (diant.)/ 160/60-17 (tras.) Dunlop Qualifier
Comprimento 2.130 mm
Largura 760 mm
Altura 1.090 mm
Distância entre-eixos 1.445 mm
Distância do solo 135 mm
Altura do assento 782 mm
Peso em ordem de marcha 202 kg
Peso a seco Não Disponível
Tanque de combustível 14,5 litros
Cores Branco, Cinza, Preto
Preço sugerido R$ 26.990,00