As vendas de veículos alcançaram recorde no primeiro semestre de 2013. Dados do Renavam divulgados pela Fenabrave, federação dos distribuidores do setor, mostram alta de 4,8% nos emplacamentos entre janeiro e junho sobre o mesmo intervalo de 2012, para 1,79 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
O volume recorde aconteceu apesar de o primeiro semestre deste ano ter tido dois dias úteis a menos do que o mesmo período do ano passado. O patamar elevado, no entanto, pode não se manter nos próximos meses. A entidade alerta que a base de comparação fica mais forte, já que houve expansão do mercado no segundo semestre de 2012. Além disso, o cenário econômico é instável.
Tereza Fernandez, diretora da MB Associados, define que “a formação de uma crise depende da junção de alguns fios desencapados na economia.” A especialista é responsável por traçar cenários para a Fenabrave e participou da coletiva de imprensa da entidade na terça-feira, 2. Na visão dela, o Brasil já apresenta fatores que podem gerar as primeiras faíscas. “Temos o aumento da inflação, que faz o consumidor, que já está endividado, abdicar de algumas compras. Essa alta dos preços leva ao aumento dos juros. Há ainda a mudança de patamar do câmbio. Para completar, surgiu a insatisfação política e as manifestações populares que afetam a economia”, avalia.
Diante do cenário incerto, a Fenabrave preferiu não fazer novas projeções para este ano. “Vamos esperar as coisas se definirem um pouco mais e devemos anunciar novos números em agosto”, apontou Flávio Meneghetti, presidente da federação. Ao mesmo tempo, ele não reafirma as expectativas já divulgadas pela entidade, de que o mercado de veículos cresceria 3,1% em 2013, alcançando 3,92 milhões de unidades. O executivo adianta apenas que as vendas não vão seguir a mesma curva de aceleração registrada no ano passado, quando houve desempenho fraco no primeiro semestre com forte aceleração a partir de junho, com a redução do IPI.
Desempenho
Em junho o mercado brasileiro absorveu 318 mil veículos, entre leves e pesados. O número é ligeiramente superior ao de maio, com alta de 0,7%. Sobre o mesmo mês do de 2012, no entanto, há retração de 9,8%. “A redução do IPI foi anunciada em 21 de maio do ano passado e teve impacto forte sobre o mês seguinte, então temos uma base forte de comparação”, explica Meneghetti.
Apesar da redução do volume em junho, o presidente da Fenabrave comemora algumas mudanças positivas. A primeira delas é a rápida evolução das vendas fora dos mercados mais tradicionais. “O desenvolvimento passou a acontecer no interior”, aponta. Para ele, outro aspecto positivo é a redução das vendas diretas das montadoras para grandes frotistas, como locadoras.
Meneghetti indica que não houve queda expressiva em números absolutos, mas há diminuição da participação desse tipo de negócio no mercado interno. No primeiro semestre de 2011 cerca de 26% do total vendido no País foram em operações diretas entre montadoras e frotistas. Esse porcentual caiu para pouco mais de 25% em 2012 e ficou em 23,3% este ano. Para a Fenabrave, o ideal seria que apenas de 10% a 12% das vendas fossem concretizadas em operações diretas.
Segmentos
No semestre, o segmento que apresentou maior crescimento foi o de ônibus, com evolução de 13,3% sobre os primeiros seis meses de 2012, para 16,7 mil chassis. As vendas de caminhões avançaram 6,9%, com 74,3 mil unidades. No total, o mercado de veículos comerciais somou 91,1 mil unidades. Já o de leves chegou a 1,7 milhão de emplacamentos. Desse total, 1,3 milhão foram automóveis, com evolução de 3,7%, e 385,9 mil foram comerciais leves, com expansão de 7,5%.
Ranking
A Fiat manteve a liderança nas vendas do semestre, com 21% de market share, seguida por Volkswagen (19,4% de participação) e General Motors (18,3%). Depois de algumas oscilações, a Renault sustentou a quarta colocação, 1,25 ponto porcentual à frente da Hyundai, quinta colocada com 5,25% de presença no mercado.
Entre os automóveis, o modelo mais vendido foi o Volkswagen Gol, com 121,3 mil emplacamentos. Em seguida estão os Fiat Uno e Palio, respectivamente, os carros da família Fox, também da Volkswagen, e o Hyundai HB20 em quinto lugar. A liderança em comerciais leves ficou para a Fiat Strada, com 62 mil unidades vendidas no primeiro semestre. Atrás dela está a Saveiro, da Volkswagen, o Ford Ecosport, e as Chevrolet S10 e Montana.