O clima voltou a ficar aquecido na General Motors de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Após a onda de demissões que abalou a unidade no início deste ano, com alegação de baixa competitividade por parte da empresa, está sendo negociado entre montadora, prefeitura da cidade e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José um investimento de cerca de R$ 2,5 bilhões para a implantação de uma nova linha de produção na planta de mais de 50 anos.
Segundo a GM, na tarde da segunda-feira, 27, uma reunião foi feita entre a empresa e o sindicato. Às 16 horas da terça-feira, 28, o encontro será com representantes da prefeitura e do Estado e na quarta-feira, 29, novamente com o sindicato dos trabalhadores. A decisão do aporte deve ser tomada até o fim de maio.
A fábrica no Vale do Paraíba concorre, de acordo com Luiz Moan, diretor de relações institucionais da GM, com outras duas plantas da empresa no exterior para produzir o novo veículo.
A unidade é a única do País com capacidade ociosa atualmente. Em março deste ano, após o fechamento da linha MVA (Montagem de Veículos Automotores) - que faz hoje apenas o Classic -, a fábrica de São José deixou de fabricar os modelos Corsa, Meriva e Zafira, e teve 598 funcionários demitidos.
Em evento para anunciar o possível aporte, realizado no fim de abril, Moan disse que São José dos Campos tem a melhor localização estratégica em termos de logística de produção e distribuição de veículos e conta também com o interesse da matriz por causa do mercado brasileiro em crescimento. “Nossas chances são grandes se conseguirmos o apoio do governo”, afirmou.
Como resposta, o prefeito Carlinhos Almeida declarou: “Estamos dispostos a viabilizar distritos industriais para que, junto com esses investimentos para a planta, venham também fornecedores e mais empregos. O que for possível em termos de incentivos e apoio faremos porque, além de um novo veículo, o que estamos tratando é da manutenção da fábrica na cidade. Não podemos errar nesse momento. Vamos somar forças pelo interesse de investimentos e empregos, pelo interesse da cidade.”
O sindicato espera que o novo aporte traga garantia de estabilidade de emprego, manutenção do nível de salários e de direitos, como foi negociado em janeiro deste ano (leia aqui). A entidade já apresentou várias propostas. Mas diz que a fabricante quer reduzir salários e direitos dos trabalhadores e insiste em demitir 750 trabalhadores da linha MVA do Classic, que deve operar apenas até o fim deste ano.
"Todas as propostas do Sindicato estão condicionadas à vinda dos investimentos e garantia dos empregos, salários e direitos. Afinal, a importância de novos investimentos em uma cidade só tem sentido se for para garantir empregos e melhores condições de vida para os trabalhadores e toda a cidade, não apenas para garantir lucros à empresa", afirma o presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, conhecido pelo trabalhadores como Macapá.
Entre as propostas apresentadas pelo sindicato à GM, estão a estabilidade por dois anos dos atuais empregados e a prioridade da recontratação dos demitidos nas novas vagas. A GM diz que não comentará o andamento das negociações.