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Moan assume Anfavea com o desafio de ampliar exportações para 1 milhão de veículos por ano

23/04/2013 - 11:03 - Automotive Business

Luiz Moan, diretor de assuntos institucionais da General Motors, assumiu a presidência da Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos, para o triênio 2013 a 2016. Ele sucede Cledorvino Belini, presidente do Grupo Fiat para a América Latina. Na segunda-feira, 22, ao tomar posse, Moan anunciou que o principal desafio de sua gestão será elevar as exportações. O ambicioso plano do novo dirigente prevê a criação do Exportar-Auto, programa de incentivos e desonerações que permitirá que as vendas internacionais cheguem a um milhão de unidades por ano.

O programa começará a ser pleiteado imediatamente, garante Moan. O primeiro passo será expor a ideia ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel. “Exportamos impostos hoje. Queremos uma recompensa dessa carga atribuída à produção”, explica. Segundo ele, o veículo brasileiro tem 43% de valor agregado em impostos.

A intenção da Anfavea é trabalhar em duas etapas. A primeira delas, que será colocada em prática o mais rápido possível, é estancar as perdas de negócios internacionais. Em seguida começa o programa para aumentar os volumes e fechar novas vendas. “Vamos pedir desonerações. Perdemos muitos clientes por causa do nosso alto custo”, reclama Moan. Ele enumera aspectos como o custo do transporte no País. O executivo explica que a logística de carros brasileiros para países vizinhos frequentemente é mais cara do que a de outros concorrentes mais distantes.

O novo presidente da Anfavea garante que a meta de 1 milhão de veículos exportados por ano não é exagerada. A entidade calcula que, em 2017, o mercado interno brasileiro chegará a cinco milhões de veículos, com 5,7 milhões de unidades de capacidade produtiva. “Será cerca de 20% do total produzido no País. Isso não é incoerente se pensarmos que, em 2005, exportávamos 30% da produção.”

Dados da associação apontam que, há oito anos, as vendas internacionais somaram 900 mil unidades. No ano passado, esse volume caiu para 442, 1 mil veículos, próximo de 13% do total fabricado no País. Exportar uma fatia de 20% da produção compensaria as vendas de importados no mercado interno, equilibrando a balança comercial do setor, hoje deficitária em cerca de 350 mil carros.

O Exportar-Auto pretende reunir esforços das empresas para conquistar clientes internacionais e do governo com desonerações e incentivos. Moan avalia que, sem o programa, será difícil até cumprir a projeção de que o Brasil exporte 420 mil veículos este ano. “Precisamos voltar a ser plataforma de exportações. Se avançarmos nisso, vamos puxar toda a nossa cadeia produtiva”, lembra.

Aumento da produção

O novo presidente da Anfavea acredita que a contrapartida da indústria para que o Exportar-Auto dê certo será adequar a produção brasileira aos padrões internacionais, agregando também mais tecnologia ao carro nacional. Esse processo será impulsionado pelo Inovar-Auto. Moan analisa que as exigências do novo regime automotivo terão impacto positivo, ampliando a produção local. “Entre este ano e 2017, teremos de R$ 12 bilhões a R$ 14 bilhões em investimentos da indústria em engenharia e pesquisa e desenvolvimento. Isso é algo inédito”, ressalta.

O aporte integra os R$ 60 bilhões em investimentos do setor previstos para o período. O montante indica que serão aplicados anualmente uma média R$ 12 bilhões. O valor supera em mais de 70% a média dos quatro anos anteriores, de R$ 7 bilhões.

O executivo alerta que, para que a indústria tenha retorno de seus investimentos, é essencial garantir bom aproveitamento da capacidade produtiva instalada no País. Uma parte disso será assegurada caso o Exportar-Auto entre em vigor. A outra terá de vir do mercado interno, que tem apresentado crescimento, mas com grande presença de carros importados.

Nos últimos anos, as vendas de veículos no Brasil avançaram 166%, saindo de 1,4 milhão para 3,8 milhões de veículos. A evolução não foi acompanhada pela produção, que aumentou 99% e encerrou 2012 em queda, para 3,34 milhões de unidades. “Vamos lutar para aproximar os volumes de vendas e de produção”, aponta Moan, indicando qual será seu segundo desafio na presidência da Anfavea.

Crescimento artificial

O novo presidente reconhece que o mercado brasileiro cresce artificialmente, influenciado por constantes incentivos às vendas. Ele garante, no entanto, que essa condição mudaria se a carga tributária fosse menor no País. “Quanto venderíamos se, ao invés de ter 30% de impostos sobre um veículo, tivéssemos apenas 15%?”, provoca. Na análise dele, com menos tributação a demanda se sustentaria sozinha.

O Brasil tem hoje 5,7 habitantes por veículo, número superior ao da Argentina, que tem 3,7 habitantes/veículo. Diante disso, o executivo aponta que há espaço para elevar as vendas, chegando a um mercado sustentável de cinco milhões de veículos por ano. “Para alcançar o índice argentino teríamos de acrescentar 18 milhões de veículos ao mercado nacional.”

Cadeia produtiva

A Anfavea pretende puxar a cadeia produtiva em seu ciclo virtuoso. Moan destacou a importância do Inovar-Peças, programa voltado aos fabricantes de componentes que está em gestação no governo. Para o novo presidente, o incentivo à cadeia é essencial para que as montadoras consigam elevar o conteúdo nacional dos carros, conforme exige o Inovar-Auto.

Moan afirma que a Anfavea já participou de uma série de reuniões com o governo e o Sindipeças com o objetivo de desenhar o programa. Uma das deficiências mais importantes da cadeia produtiva nacional é a falta de fabricantes de componentes essenciais dos carros, que acabam sendo importados. “Nós queremos elevar o conteúdo local, mas precisamos de fornecedores para isso.”

Sustentabilidade

Em sua nova fase, a Anfavea pretende também promover soluções sustentáveis. “Sabemos que somos parte do problema ambiental e queremos ser parte da solução”, garante Moan. Segundo ele, entre 85% e 90% do conteúdo do carro brasileiro é reciclável, falta apenas definir uma política para que esse conteúdo possa ser reaproveitado. É nesse tipo de ação que a associação pretende atuar.

Além da atuação mais firme na área de sustentabilidade, a Anfavea prepara um estudo que promete encerrar a discussão do preço abusivo dos carros no Brasil. A organização aponta que apresentará em breve dados do governo que comprovem que as fabricantes de veículos não têm alto lucro no País.

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