Ano após ano a MV Agusta, como toda marca que se preze, atualiza seus modelos. Mas, quando o assunto em questão é a superesportiva F4, a marca italiana toma cuidado para que as mudanças estéticas sejam sutis e não descaracterizem o design que a consagrou desde seu nascimento, no final da década de 1990. Em contrapartida, as versões Standard, “R” e “RR” da moto, disponíveis no mercado europeu, passam a ser oferecidas em opções com freios ABS que custam – na Itália – 1.000 euros a mais.
Da mesma forma que uma mulher vai ao salão e pede para cortar apenas “dois dedos” de cabelo, a MV Agusta optou por não mudar de forma radical as linhas criadas por Massimo Tamburini, mas ainda sim fez sua superbike de um litro distinta da versão anterior. Portanto, a F4 chega a sua geração 2013 diferente apenas em alguns aspectos, como as rodas feitas em liga de alumínio, que abandonam o desenho de estrela em preto e passam a contar com raios múltiplos prateados. O farol agora recebeu o auxílio de LEDs de iluminação diurna colocados logo abaixo das entradas de ar.
Os escapes também mudaram levemente. Os dois canos externos foram encurtados e formam um conjunto mais harmônico, seguindo o desenho da rabeta. Já a carenagem lateral, permanece inalterada incluindo os cortes para dissipação de calor e até mesmo a mescla de vermelho com prata, que acompanha a F4 desde seu debute, continua disponível como opção de cor, porém em um esquema diferente.
Propulsor aprimorado
Se por fora a superbike da Casa de Varese está praticamente inalterada, o mesmo não pode ser dito sobre o seu motor. O propulsor conserva a arquitetura dos quatro cilindros em linha de 998 cm³ arrefecido a líquido com duplo comando no cabeçote (DOHC). Porém, teve sua taxa de compressão aumentada para 13:4:1 e o diâmetro x curso passa a ser 79 x 50,9 mm no lugar dos 76 x 55 de outrora. Os ajustes aumentaram a potência para 195 cv a 13.400 rpm, e o torque agora é 11,3 kgf.m a 9.500 rpm. O sistema de distribuição também foi aprimorado. As válvulas de admissão e escape agora utilizam uma única mola ao invés de duas. Isso reduz a massa do conjunto e permite que o mesmo acompanhe o motor em faixas maiores de giro.
A MV Agusta conservou a configuração dos discos duplos de 320 mm de diâmetro mordidos por pinças Brembo de quatro pistões na dianteira e disco simples de 210 mm de diâmetro com pinça de pistão único Nissin atrás. Mas, as três versões passam a trazer o ABS 9MPlus com sistema anti-levantamento da roda traseira (RL) fabricado pela Bosch como opcional por 1.000 euros a mais no preço (isso, na Itália). O sistema oferece duas opções de ajuste, Normal e Race, sendo que neste último a interferência da eletrônica é a mínima possível, ideal para o uso em trackdays ou, ainda, também pode ser desligado pelo piloto.
Já a estrutura e a ciclística permanecem as mesmas, com o modelo montado ainda sobre um quadro treliçado em aço e com garfo dianteiro invertida (upside-down) monobraço traseiro monoamortecido, ambos totalmente ajustáveis e com 120 mm de curso. As versões standard e “R” da F4 estão com 191 kg a seco e a “RR” 190 kg. A MV Agusta não informa os pesos para as versões com o ABS, mas considerando-se o equipamento da Bosch, os números devem subir cerca de 1,5 kg.
Tecnologia de ponta
Mesmo com freios ABS opcionais, a F4 oferece um pacote eletrônico dos mais completos, encabeçado pelo novo acelerador eletrônico (ride-by-wire) que debutou na F3 675, a irmã menor da superbike da MV Agusta. O controle de tração continua sendo ajustável em oito níveis e, junto com ele, trabalha um conjunto de sensores, acelerômetros e giroscópios que medem o ângulo da inclinação da moto para otimizar a entrega de potência e facilitar a pilotagem.
Ao todo, são três opções de mapas de gerenciamento do motor divididos em Normal, Sport e Rain e ainda um quarto personalizável. Nele, o piloto pode definir parâmetros como: sensibilidade do acelerador, entrega de torque e limite de velocidade. Além disso, a F4 traz câmbio de seis velocidades com assistência eletrônica que diminui o tempo de troca de marcha.
A apimentada versão “RR”
Enquanto as versões Standard e “R” se diferem visualmente pelo desenho das rodas – pretas e de três pontas, nesta última – e pelo conjunto de suspensões de competição da grife Öhlins que não estão presentes no modelo de entrada, a F4 RR é praticamente outra moto. A top de linha recebeu a versão “Corsa Corta” do motor tetracilindrico, capaz de gerar impressionantes 201 cv de potência máxima a 13.600 rpm, enquanto o torque é de 11,6 kgf.m a 9.600 rpm. Já a suspensão, também da Öhlins, tem ajuste eletrônico do amortecedor via comando no painel.
A moto também recebeu peças em titânio na sua estrutura para reduzir o peso e suportar cargas de stress mais elevadas, oriundas do aumento da potência. Para frear os cavalos extras produzidos pelo tetracilindrico de 998 cm³, a versão RR também conta, além das pinças, com discos dianteiros Brembo tipo M50. As medidas, entretanto são as mesmas de suas irmãs 320 mm de diâmetro e 210 mmm no disco único traseiro.
Excluindo as melhorias técnicas focadas no desempenho, a F4 RR também se difere das outras da linha por mais uma razão: ela será vendida aqui no Brasil – apenas na versão com ABS – pela bagatela de R$ 110 mil. Comercializada apenas sob encomenda, a moto chega por importação oficial feita pela própria MV Agusta do Brasil. Já a renovação da F4 standard, montada no País dentro da fábrica da Dafra em Manaus (AM), deve acontecer apenas no início do ano que vem, segundo a subsidiária brasileira da marca italiana.