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Cresce número de motociclistas de final de semana

25/01/2013 - 10:43 - Carlos Bazela / Agência INFOMOTO

Hobby. Segundo o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, o termo de origem inglesa significa “atividade de recreio ou descanso praticada nas horas de lazer”. É o caso de André Moraes Braga, 42, que, assim como muitos outros motociclistas, aproveita sempre que tem uma oportunidade para sair da rotina e viajar. “Eu gosto dessa versatilidade que a moto traz. De você ter escolhido um lugar, depois mudar na última hora pra outro mais longe e fica tudo bem”, comenta. Empresário do ramo de TI, Braga conta que já alterou um roteiro de viagem para Minas Gerais em 164 quilômetros no último minuto. “Tinha marcado com um amigo rodarmos até Gonçalves, mas ele acabou não indo. Nisso, encontrei outra turma e fomos para Caxambu”, revela Braga, que faz hoje suas viagens alternando entre dois modelos da BMW: a R 1200 GS e a K 1600 GT, que substituíram a K 1300 S, sua antiga companheira de estradas.

Todavia, André Braga e seus amigos não são os únicos a ter uma moto como forma de hobby. A diversidade de modelos oferecidos, principalmente de alta cilindrada, tem favorecido o aumento no número de pessoas que veem na motocicleta algo mais do que um meio de transporte. Segundo a Honda, dona de 79,64% do mercado nacional de motocicletas, 67% dos usuários que compram motocicletas a partir de 600cc têm como principal objetivo o lazer, sendo que destes, a média de uso apenas aos finais de semana é de 98%.

Na BMW, o hobby tem participação considerável nas vendas da marca. “Atualmente a maioria dos clientes BMW adquirem as motocicletas da marca como meio de transporte diário. No entanto, ainda observamos clientes que buscam com a motocicleta um estilo de vida e uma opção de lazer, como viagens em grupo. As motocicletas mais procuradas para essa finalidade são as de maiores cilindradas, como a R 1200 GS Adventure, a R 1200 RT, a K 1600 GT, a K 1600 GTL e a S 1000 RR”, afirma Rolf Epp, diretor da BMW Motorrad, revelando também que os modelos mencionados foram responsáveis por 23,7% das vendas da marca no Brasil em 2012.

Para a Harley-Davidson, a questão do motociclismo como hobby está em outro nível, como explica o gerente de Marketing, Produtos e Relações Públicas da Harley-Davidson do Brasil, Júlio Vitti. “A Harley-Davidson do Brasil não trabalha a proposta do motociclismo como um hobby, mas como um estilo de vida, tanto é que há 30 anos fundou o H.O.G. - Harley Owners Group, um grupo exclusivo para proprietários de motocicletas Harley, que conta com quase 1 milhão de membros em todo o mundo e cerca de 15 mil só no Brasil”, ressalta Vitti.

De olho no seu passeio

Com o objetivo de fisgar o motociclista que pilota apenas pelo prazer, as marcas que carregam o status de Premium já estão queimando neurônios para tentar influenciar em qual moto você irá se divertir. A Kawasaki, por exemplo, realizou um concurso cultural no qual o internauta que criasse o melhor roteiro de viagem original – eleito pelo júri da marca e pelas redes sociais – levaria para casa uma bigtrail Versys 650. “As motos com o nome Ninja já são consagradas entre os motociclistas, então não tinham essa necessidade. Já as sport tourings, como a Concours 14 e a Ninja 1000 precisavam de um trabalho especial de divulgação, por isso criamos um concurso cultural no ano passado, que durou três meses”, comenta Ricardo Suzuki, gerente de planejamento da Kawasaki.

Já a BMW Motorrad investe nos cursos como diferencial para atrair clientes. “Com foco na questão de motocicletas voltadas para o lazer dos clientes, a BMW Motorrad trouxe da matriz o curso de pilotagem BMW Rider Training que pode ser adquirido nas versões on-road e off-road, cuja duração é de um dia e todas as motocicletas são fornecidas pela BMW. É uma oportunidade para aprender técnicas básicas de pilotagem e segurança, além de fazer test ride com diversos modelos da marca”, explica o diretor Rolf Epp.

Na MV Agusta, a receita é investir na esportividade da marca. “Por ter um perfil mais esportivo, principalmente no caso da F4, nós encorajamos aos concessionários a realizarem ações em autódromos, onde o cliente pode sentir o que a moto tem a oferecer”, comenta Marcus Vinícius Santos, gerente da marca. De acordo com o executivo, os trackdays em circuitos fechados complementam ações simples, como o test ride. “Nós encorajamos muito o test ride, uma vez que a marca ainda não é tão difundida no Brasil como é lá fora. É importante que o cliente conheça a moto”, reitera Santos.

Também de olho nesse filão, a Honda criou em 2011 o conceito de concessionárias Dream, nas quais são oferecidas apenas motos de alta cilindrada. Hoje, com 77 revendas ativas que se encaixam nesse conceito, a marca japonesa repete o mantra de investir em ações de relacionamento, convidando seus clientes para passeios e oferecendo áreas vips nas competições patrocinadas por ela.

Unidos para rodar

Independente das ações das marcas, os motociclistas por hobby também têm a moto como uma ferramenta para fazer amigos. “A gente encontra pessoas. Fala sobre moto o dia inteiro”, comenta – sem esconder o sorriso na voz – o empresário André Moraes Braga. Nesse ponto, as marcas compartilham o discurso de investir em ações de relacionamento. “A cada quinze dias organizamos um passeio. Inclusive programamos uma viagem mais longa, no dia 25 de janeiro, para a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina”, confirma Cláudio Marmo Conte, da concessionária Caltabiano BMW Motos.

Entretanto a Harley-Davidson acaba se destacando no campo das ações de interação entre motociclistas. A experiência de 30 anos em administrar o H.O.G. fez com que a H-D fizesse do grupo parte essencial de sua estratégia de marketing. As revendas são estimuladas a criar chapters (sede local) onde são realizados cafés da manhã, passeios e atividades filantrópicas. “Assim que um grupo empresarial recebe a concessão para se tornar uma revenda da marca, ele recebe vários treinamentos, dentre eles como formar um chapter, no qual todos os membros do H.O.G. daquela região da concessionária irão se reunir”, finaliza Júlio Vitti, gerente de Marketing, Produtos e Relações Públicas da Harley-Davidson do Brasil. Portanto, se você escolher o motociclismo como seu hobby, uma coisa já é garantida: você não estará sozinho seja na estrada ou acelerando no autódromo.

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