Este ano, que chega ao fim, começou promissor para o mercado de motocicletas: em 2011 houve recorde de emplacamentos – 1.940.564 – e as projeções eram de que o setor ultrapassaria dois milhões de unidades vendidas em 2012. Mas a instabilidade econômica mundial e o alto endividamento das famílias brasileiras fizeram com que os bancos restringissem o crédito para aquisição de motocicletas. Com isso, as vendas despencaram e o ano foi de retração para o setor de duas rodas.
Porém, isso não significa que foi um ano perdido. Pelo contrário. Enquanto a venda de motos de baixa cilindrada caiu, o mercado de motos premium cresceu. Novas marcas de motocicletas de luxo se instalaram no País e os lançamentos do exterior chegam cada vez mais rapidamente às nossas ruas.
Confira nessa retrospectiva 12 fatos marcantes no setor de duas rodas que comprovam que 2012 não foi um ano para ser esquecido.
- Miniesportivas de 250cc: Em fevereiro, a Dafra apresentou a Daelim Roadwin 250R. Dois meses depois, a Honda trouxe a pequena CBR 250R. Ambas tinham um objetivo claro: combater o sucesso da Kawasaki Ninja 250R que, até então, reinava sozinha nesse segmento de miniesportivas de 250cc. Cada uma com sua receita, todas buscavam atrair o motociclista que queria uma moto com visual esportivo a um preço acessível. Em 2012, a vitória nas vendas ficou com a CBR 250R, apertada é verdade, mas já fez a Kawasaki reagir como veremos mais adiante, nessa mesma matéria.
- Novos produtos Dafra: A Dafra começou 2012 apostando em parcerias internacionais para incomodar as líderes e conquistar seu espaço no mercado. Em janeiro mostrou sua arma para disputar o concorrido segmento street de 150cc: a Riva 150, bem equipada e acabada feita em parceria com a gigante chinesa HaoJue, que produz as motos Suzuki na China. Em abril, chegou a Next 250, fruto da parceria com a taiwanesa SYM, a mesma que fabrica o scooter Citycom 300i, um sucesso de vendas. Com injeção eletrônica de combustível, freio a disco nas duas rodas, visual moderno e preço competitivo, a Next 250 chegou como opção às famosas Honda CB 300R e Yamaha YS 250 Fazer.
- Presidente brasileiro na Honda: Em abril, Issao Mizoguchi tornou-se o primeiro brasileiro a assumir a presidência da Moto Honda da Amazônia. Em 1985, recém-formado em engenharia mecânica, desembarcou na fábrica da Honda, em Manaus (AM). Foi incumbido de criar o departamento de engenharia de produto dentro da montadora; depois participou da criação do departamento de pesquisas e trabalhou em praticamente todas as áreas dentro da fábrica. Sua principal missão será a de dar a oportunidade para uma nova fase de nacionalização dentro da Honda. Primeiro foi a dos componentes, e agora uma gestão brasileira.
- 250cc Flex: Em julho a Yamaha surpreendeu o mercado e lançou a primeira motocicleta 250cc bicombustível do mundo: a Fazer 250 BlueFlex com tecnologia bicombustível que permite ao motociclista utilizar etanol ou gasolina em qualquer proporção. Única 250cc flex do mercado, a Fazer recebeu novos itens para rodar com etanol, além de um novo mapeamento da ECU (Unidade de Controle do Motor). Cerca de R$ 400 mais cara que a versão só a gasolina, a BlueFlex, além de usar combustível menos poluente, oferece a liberdade de o motociclista escolher o combustível mais vantajoso para abastecer sua moto.
- Fábrica Harley-Davidson: Com a presença do alto escalão da Harley-Davidson Inc (EUA) - Keith E. Wandell, chairman, presidente e CEO da marca e Mark Van Genderen, vice-presidente para a América Latina -, a montadora norte-americana inaugurou oficialmente, em 26 de março, uma nova unidade de montagem em Manaus (AM). Maior e mais moderna do que a anterior, que entrou em operação em 1999 e foi a primeira linha de montagem da marca fora dos Estados Unidos. A nova planta, que tem 10 mil m² de área construída e funciona sob o regime CKD, é responsável por montar 18 de um total de 19 modelos da Harley-Davidson vendidos no Brasil, além de dois modelos para uso militar.
- Economia com espaço: A crossover Honda NC 700 X foi lançada no Salão de Milão em novembro de 2011 com missões importantes: agradar aos usuários dos maxi scooters e ser uma moto econômica para o dia-a-dia. Para isso oferece espaço para bagagens no porta-objetos (sob o falso tanque) e um motor de dois cilindros paralelos (670 cm³) que não oferece grandes emoções, devido a baixa potência máxima de apenas 52,5cv a 6.250 rpm, mas compensa com o torque de 6,4 kgf.m disponível desde baixas rotações. De olho no nosso mercado de motos premium, em julho deste ano a Honda já trouxe o modelo para o Brasil. Montada na fábrica da Honda em Manaus (AM), a NC 700X mostrou que o País está na mira dos grandes fabricantes mundiais e a Honda também quer crescer no segmento de motos premium.
- BMW G 650GS Sertão: Quando uma marca mundial como a alemã BMW resolve lançar uma motocicleta batizada de Sertão – sub-região do Nordeste brasileiro dominada pelo clima tropical semiárido – isso é um indício de que o Brasil é a bola da vez. A certeza é ainda maior se o lançamento mundial do modelo ocorrer em solo brasileiro. E a G 650 GS Sertão foi apresentada no Salão Duas Rodas 2011. Comercializada em todo o mundo com o nome Sertão, a versão mais off-road da trail G 650 GS, vendida por aqui é montada pelo regime CKD na fábrica da Dafra em Manaus (AM). Com proposta off-road, o novo modelo oferece alguns itens que justificam o batismo característico do fora de estrada. Parabrisa mais alto; protetor de mão; paralama dianteiro estendido; rodas maiores; e principalmente suspensões com maior curso.
- Motos de luxo: De acordo com dados dos emplacamentos de motocicletas, em 2005 foram vendidas 15.087 motocicletas com motorização acima de 500cc. Esse número saltou para 45.767 unidades em 2011. Desta forma, marcas do mundo todo iniciaram suas movimentações para firmar o pé por aqui e garantir a sua fatia do bolo. Foi assim com a MV Agusta, Harley-Davidson, Triumph e Ducati. Na contramão dos resultados negativos do mercado de baixa cilindrada, as vendas de motos acima de 500cc tiveram crescimento de 10% em 2012. A previsão é que até o final deste ano sejam emplacadas mais de 50 mil unidades acima de 500cc.
- Chegada da Triumph: Em novembro, o mercado de motocicletas premium ganhou uma nova representante de peso: a Triumph Motorcycles. Após romper o contrato com o antigo representante e elaborar nova estratégia para sua chegada ao País, a marca inglesa, que completa 110 anos em 2012, chegou com todo para operar em terras brasileiras. Sua estrutura conta com fábrica em Manaus (AM), sede em São Paulo (SP) e um centro de armazenamento de peças, instalado em Louveira, interior de São Paulo. Para isso, foram investidos cerca de R$ 19 milhões e a meta é comercializar 2.000 motocicletas em 2013. A Triumph chegou ao país com seis modelos na bagagem, sendo três montados no Brasil e três importados da Inglaterra: Boneville T 100 (R$ 29.900), Tiger 800XC (R$ 39.900) e Speed Triple (R$ 42.900) serão montadas pelo sistema CKD na planta fabril de Manaus. Já a Thunderbird Storm (R$ 49.900), Tiger Explorer (R$ 62.900) e Rocket III Roadster (R$ 69.900) serão importadas.
- Ducati do Brasil: Conforme o CEO da Ducati, Gabriele Del Torchio, havia afirmado á INFOMOTO durante o Salão de Colônia, a Ducati rompeu as relações comerciais com seu antigo representante e fundou a Ducati do Brasil Indústria e Comércio de Motocicletas Ltda. O anúncio oficial feito em 22 de outubro em São Paulo (SP) revelou ainda mais detalhes da operação: alguns modelos serão montadas em Manaus no regime CKD dentro da fábrica da Dafra. A empresa, que é controlada diretamente pela matriz italiana, também anunciou a Diavel como a primeira Ducati “Made in Brazil”. Em novembro, a Ducati anunciou a Perfect Motors – Rua Álvares Rodrigues, 375, São Paulo – como a primeira Ducati Service do Brasil. As concessionárias da Ducati devem entrar em operação no início de 2013.
- Kawasaki Ninja 300: Mostrando o comprometimento da Kawasaki com o mercado brasileiro, a marca fez a estreia da Ninja 300 no País apenas dois meses depois de ter sido lançada mundialmente em setembro. Montada na fábrica da marca em Manaus (AM), a nova “Ninjinha” com motor de dois cilindros, 296 cm³ e excelentes 39 cv de potência máxima começou a ser vendida em dezembro. A versão standard estará disponível em três cores – branca, preta e verde – por R$ 17.990 (sem frete).Uma edição especial com grafismos diferenciados e freios ABS vai custar R$ 19.990 (também sem frete). Com um visual mais atual e diversas soluções técnicas típicas de motos maiores, como a embreagem deslizante e até mesmo o moderno sistema de freios ABS de última geração da Nissin, a Ninja 300 veio apimentar a briga no segmento de miniesportivas. Segundo Ricardo Suzuki, gerente de planejamento da Kawasaki Motores do Brasil, o modelo foi completamente renovado, levando em conta a opinião dos motociclistas brasileiros: “os consumidores pediam um painel digital e lampejador de farol: a nova Ninja 300 vem com essas novidades”.
- Vendas em baixa em 2012: “Ainda bem que o ano está acabando. Chegamos ao fundo do poço. Pior impossível. 2012 foi uma experiência amarga para o mercado de duas rodas, principalmente para as marcas que vendem motos de baixas cilindradas. No final do ano passado prevíamos um crescimento de 5% para o setor. Mas, na realidade, deixamos de vender cerca de 440 mil unidades em 2012”. Esta análise pessimista do segmento de duas rodas foi feita por Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo (associação que reúne os fabricantes de motocicletas) na última coletiva de imprensa da entidade. Este ano, o mercado absorveu cerca de 1,7 milhão de unidades, praticamente o mesmo patamar de vendas de 2007. Segundo o executivo da Abraciclo, a ajuda do Governo demorou a chegar e a ação não surtiu o efeito desejado, que também era a de atrair bancos privados para injetar dinheiro no segmento de duas rodas.