Nos dias de hoje, muito se fala dos perigos de beber e dirigir, da carona solidária e outras questões para melhorar o nosso trânsito. Partindo desse pensamento, começamos a olhar a Chevrolet Spin LTZ (sua versão mais completa, que nos foi oferecida para teste pela montadora) com outros olhos. Esse é um carro tipicamente destinado para as famílias e mães que lotam o carro com a criançada na hora de ir à escola, mas, em tempos de Lei Seca e um grande (e tardio) rigor no cumprimento das leis de trânsito, indicamos o carro também para os filhos usarem nos finais de semana para sair com os amigos e sempre escolher o motorista da rodada para dirigir.
A Chevrolet Spin, minivan que substitui Meriva e Zafira no Brasil, divide plataforma com o sedã Cobalt e oferece versões de cinco e sete lugares. Assim, acomoda facilmente grandes famílias. Mas quem vai na última fileira de bancos não pode ter mais que 1,50 metro. Ali cabem somente duas crianças, e nada mais. Mas aos outros ocupantes o carro oferece todo o conforto costumeiro em um carro desse porte. E por que não também oferecer acomodação de sobra para a turma de amigos ir para a balada?
O porta-malas comporta 710 litros na versão LT (de cinco lugares), caindo a meros 162 litros na LTZ (por conta dos dois lugares extras, perfazendo sete assentos). Com o rebatimento dos bancos de passageiros, a capacidade para bagagem sobe a 1.668 litros e, de acordo com o vídeo de divulgação, permite abrigar até mesmo uma bicicleta, desde que deitada. As rodas da Spin podem ser de alumínio, mas o aro mede sempre 15 polegadas -- o que faz elas "sumirem" na musculosa carroceria.
Assim como o irmão Cobalt, a Spin é -- pelo menos neste primeiro momento -- carro novo com motor velho. O sedã é vendido com propulsor 1.4, e a minivan estreia com bloco 1.8. Apesar de ajustes na calibragem, ambos são velhos conhecidos da gama Chevrolet, tanto que vêm batizados de Econoflex. O motor da Spin entrega 106 cavalos com gasolina ou 108 cavalos com etanol a 5.400 rpm, valor comum em unidades menores, de 1,4 a 1,6 litro. O torque máximo é de 16,4 kgfm com gasolina e 17,1 kgfm queimando etanol a 3.200 rpm; segundo os engenheiros da GM, 90% da força está disponível entre 2.500 e 4.700 giros.
Versões e preços
- Spin LT (cinco lugares) M/T: R$ 44.590
Ar-condicionado, direção hidráulica, câmbio manual de cinco marchas, ABS (antitravamento) e EBD (distribuição de frenagem), duplo airbag, vidros e travas elétricas, ajuste de altura do banco do motorista e do volante, luz de seta auxiliar e rodas aro 15.
- Spin LT (cinco lugares) M/T com opcionais: R$ 45.990
O pacote anterior com rodas de alumínio de 15 polegadas, rádio com CD Player, MP3 e Bluetooth.
- Spin LT (cinco lugares) A/T: R$ 49.690
Acresce ao anterior a transmissão automática de seis marchas e o piloto automático.
- Spin LTZ (sete lugares) M/T: R$ 50.990
Os itens da LT intermediária, mais terceira fileira de bancos, rack de teto, computador de bordo, sensor de estacionamento e controles no volante.
- Spin LTZ (sete lugares) A/T: R$ 54.690
Acresce transmissão automática de seis marchas e piloto automático.
Como visto acima, a lista de equipamentos do modelo traz, de série, o pacote básico para carros nessa faixa do mercado: ar-condicionado, direção com assistência hidráulica, freios com ABS (antitravamento) e um par de airbags que protege apenas motorista e passageiro -- os eventuais cinco ocupantes extras não contam com o dispositivo. Em "compensação", há exatos 32 porta-trecos espalhados pela cabine, segundo a conta da própria GM.
No visual a Spin reproduz traços do Cobalt, como as linhas e os volumes que deixam as caixas de roda mais massudas. A dianteira tem robustez de utilitário (no caso, a picape S10), mas a traseira procurou garantir espaço vertical para o bom aproveitamento dos sete lugares, e por isso não combina muito com o restante do corpo: ela é estreita e com lanternas pequenas. A Spin mede 4,36 metros, e sua altura é de 1,66 metro, independentemente da quantidade de lugares. O espaço entre-eixos é idêntico ao do Cobalt: 2,62 metros.
O interior é semelhante ao do Cobalt e consolida a opção da GM por equipar seus novos modelos com alguns instrumentos digitais: a tela que reúne velocímetro, marcador de combustível e computador de bordo é a mesma usada no sedã e também na gama Sonic (o conta-giros, analógico, é diferente nos três modelos).
Andando
A versão oferecida para a montadora para nosso teste é a topo de linha, LTZ e com câmbio automático de 6 velocidades. Assim que se entra na cabine, os tons claros passam uma ideia de requinte, rapidamente desmentida ao se tocar os materiais (não há uma única superfície macia na cabine, excetuando as cobertas com tecido). Para o motorista, o painel frontal é um acerto, com formas elegantes e instrumentos em cluster reduzido, metade analógico, metade digital. O volante tem ótima empunhadura e possui comandos multifuncionais -- mas não oferece regulagem vertical.
Em movimento, a Spin automática teve o mérito do silêncio: a 120 km/hora foi possível conversar em tom de voz normal dentro da cabine. Mas o propulsor Econoflex de apenas 108 cavalos, solução barata de motorização para um projeto que jamais poderia ser caro, e que tem inegáveis méritos. O câmbio automático, elogiado no Sonic e no Cruze, sobe o giro para a casa das 6.000 rpm numa corriqueira redução manual de sexta a quarta a cerca de 100 km/h.
O centro de gravidade elevado, as diminutas rodas de 15 polegadas e as suspensões de curso longo e ajuste macio (necessárias para levar até quatro pessoas praticamente sentadas sobre elas, nas fileiras traseiras) colaboram para leves oscilações laterais da carroceria, claramente percebidas em trechos de reta em estrada. Por extensão: não se pode brincar de "fazer curva" com a Spin.
Faz muita diferença ter 32 porta-objetos na cabine, desde que se saiba usá-los. E eles podem funcionar muito bem, tanto para a criançada quanto para os amigos. Agora, fica a criatividade do que cada grupo optaria para rechear esses espaços.