A redução do IPI para veículos leves fortaleceu as grandes montadoras do País, que ganharam espaço no mercado brasileiro entre janeiro e outubro. Nos últimos dois anos a concentração das vendas vinha se diluindo entre as diversas marcas do ranking. Quem reverteu esse cenário foi a Fiat e a Volkswagen, que aproveitaram o desconto na alíquota para impulsionar suas vendas.
A montadora italiana, líder no Brasil, vendeu 692,3 mil veículos de janeiro a outubro em um mercado total de 2,99 milhões de leves. O volume supera em 11,9% o registrado no mesmo período de 2011 e garantiu ganho de quase 1 ponto porcentual de participação para a empresa, que respondeu por 23,1% do total vendido no País. Dessa forma, a montadora ampliou a distância da Volkswagen, segunda colocada no ranking.
Além Uno, que teve 218,9 mil unidades licenciadas e permaneceu no posto de segundo carro mais vendido do País, a Fiat contou com o bom desempenho do Palio no mercado. O modelo atualizado foi lançado em novembro de 2011 e convive com a terceira geração nas concessionárias. Nos 10 primeiros meses deste ano foram vendidas 150,7 mil unidades do hatchback, com salto de 83%. Com isso, o carro ganhou posições entre os mais vendidos do País e ficou em terceiro lugar, atrás apenas do Gol e do Uno.
A Volkswagen concluiu outubro em segundo lugar no ranking, com 635,7 mil unidades e crescimento de 10,8% em relação aos primeiros 10 meses de 2011. Dessa forma, a empresa abocanhou fatia de quase 0,7 ponto de market share, para 21,2%. Ao contrário do esperado, o Gol, modelo de entrada da marca, não foi o maior responsável pelo crescimento. Tanto ele quanto o Voyage mantiveram o número de emplacamentos quase estável em relação ao ano passado. A linha Fox foi a que teve a maior evolução nas vendas, de 43,8%, para 142,4 mil unidades.
A General Motors manteve a terceira colocação entre as montadoras, apesar de ter perdido 0,8 ponto de participação nas vendas, para 17,6%. Os emplacamentos de carros produzidos pela companhia avançaram apenas 2,5% no período, em ritmo inferior ao do mercado interno de veículos leves, que cresceu 7,2%. Entre janeiro e outubro foram vendidas 527,4 mil unidades Chevrolet. Uma das justificativas para a redução é a grande renovação do portfólio no País, que pode ter como efeito imediato a queda dos volumes.
A Ford teve perda menor, de 0,3 ponto, para quase 9% de participação nas vendas, garantindo a quarta colocação. A companhia ampliou em apenas 3,9% os volumes comercializados ao longo do ano, para 268,7 mil carros. Enquanto as vendas do Fiesta cresceram 35,3%, houve diminuição nas negociações do Ka, Focus e New Fiesta. Os emplacamentos do EcoSport e da Ranger também diminuíram, afetados pela renovação dos dois modelos.
Maiores crescimentos
A Aliança Renault Nissan e as japonesas Honda e Toyota registraram avanços importantes no período. A marca francesa foi a que mais cresceu, com ganho de 1,3 ponto de market share, para 6,7%, chegando cada vez mais perto da Ford. A empresa manteve o ritmo acelerado de expansão das vendas, com 201,3 mil unidades e alta de 33,5%. O crescimento foi baseado em uma agressiva estratégia de preços e na expansão da rede de concessionárias.
Entre os modelos, o Duster colaborou com o crescimento como o utilitário esportivo mais vendido do País, com 35,6 mil unidades. Com a chegada do novo Ford EcoSport, no entanto, a liderança do modelo está ameaçada. As vendas do Fluence também tiveram crescimento expressivo, de mais de 90%, para cerca de 13 mil unidades no ano.
A Nissan, outra empresa da aliança comandada por Carlos Ghosn, teve o segundo maior ganho de participação entre as 10 principais marcas do País e avançou 1,2 ponto porcentual, para quase 3% de market share. A marca saltou da 12ª para a 7ª colocação em vendas. Os principais impulsos do resultado foram os modelos de entrada March e Versa, fabricados no México. A imposição, este ano, de cotas de importação sem imposto para carros mexicanos parece ainda não ter afetado as vendas da Nissan.
A Honda, sexta colocada no ranking, ganhou 0,8% de participação. Foram vendidos 111,9 mil carros da marca no País ao longo de 2012, volume 39,1% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Em 2011, tanto ela quanto a Toyota foram afetadas pelo terremoto e pelo tsunami que atingiram o Japão em março, prejudicando as plantas produtivas e fornecedores e causando falta de componentes nas fábricas das marcas em todo o mundo.
Recuperada da instabilidade em sua produção global, a Toyota também registrou crescimento no Brasil. A marca foi a oitava que mais vendeu, com 86,7 mil emplacamentos e alta de 13%. O crescimento refletiu em ganho de 0,1 ponto de participação no mercado, para 2,9%. A montadora pode encerrar o ano com evolução ainda maior como reflexo do lançamento do Etios, seu primeiro carro popular.
Participação menor
A Hyundai caiu da sexta para a nona posição do ranking de vendas, afetada pelo aumento do IPI para veículos importados de fora do Mercosul e México. A empresa vendeu 77,3 mil carros no Brasil em 2012, com queda de 17,2%. A redução resultou em perda de quase 0,8 ponto em participação nas vendas, para 2,6%. A companhia começa a reverter esse cenário com o lançamento do HB20, compacto produzido na fábrica nacional de Piracicaba (SP), que tem grande procura inicial nas concessionárias. Em outubro, seu primeiro mês de vendas, já foram emplacadas 3,3 mil unidades do modelo.
As francesas Peugeot e Citroën também vêm perdendo espaço no País ao longo do ano. Na 10ª posição do ranking, a Citroën vendeu 61,8 mil carros até outubro, com diminuição de 17,8% na comparação anual. No período, a empresa diminuiu em 0,6 ponto a sua participação, para 2%. A chegada do novo C3 no segundo semestre deste ano pode ter reflexo positivo nas vendas da marca nos próximos meses.
A Peugeot reduziu sua presença no mercado interno em 0,5 ponto. Apesar de ter ficado na 11ª posição, a empresa teve participação muito semelhante a da outra marca do grupo, de 2%. Foram licenciados 61,4 mil carros da companhia. O volume é 13,4% inferior ao registrado entre janeiro e outubro do ano passado.