Durante as coletivas de imprensa no Salão do Automóvel de São Paulo, o que mais se ouviu foi sobre IPI. As montadoras “nacionalizadas” ressaltando o apoio do governo federal e tudo mais. Já as importadoras, ligadas à Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores) reclamando que a queda no imposto para os nacionais e o aumento para os importados só prejudica a livre concorrência. E para apimentar ainda mais essa discussão, a presidente Dilma Rousseff anunciou na quarta-feira, 24, durante cerimônia de abertura oficial do Salão, a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis até 31 de dezembro. O benefício, que zera o IPI de modelos 1.0 e reduz à metade para carros com motorização até 2.0 (veja tabela abaixo), venceria no fim de outubro.
O presidente da associação dos fabricantes de veículos (Anfavea), Cledorvino Belini, afirmou que a medida deve garantir o recorde de 3,67 milhões de automóveis e comerciais leves vendidos em 2012, em alta de 6% sobre 2011. Para Belini, o setor deve manter nos três últimos meses do ano o ritmo de 16,3 mil unidades diárias emplacadas.
Belini disse que foi informado da prorrogação do IPI pela presidente Dilma no mesmo momento em que ela fez o anúncio. "É inacreditável, mas é verdade. Acho que não aguentaram a gente ir lá e acho que o Mantega não quer conversar com a gente", brincou, lembrando que tinha uma reunião com o ministro da Fazenda na próxima segunda-feira, 29, para tratar de vários assuntos do setor, entre eles o IPI.
Em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a renovação de desoneração do IPI para o setor de automóveis provavelmente será a última. Segundo ele, a renúncia do governo com a extensão da medida por mais dois meses, até o fim do ano, é superior a R$ 800 milhões. A medida, de acordo com o ministro, garante que os empregos continuem aumentando no Brasil.
O fim da redução da alíquota do IPI para veículos coincidirá com a entrada do novo regime automotivo (Inovar-Auto), em 1º de janeiro de 2013. Em seu discurso no evento, a presidente Dilma defendeu o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), que impulsiona o aumento de compras de componentes nacionais e o investimento em pesquisa, desenvolvimento e engenharia de produção ao trazer novos índices de nacionalização para veículos comerciais e metas de eficiência energética que, se atingidas, garantem descontos extras de IPI.