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Kawasaki ZX-14R é verdadeiro foguete verde sobre rodas

18/10/2012 - 11:17 - Arthur Caldeira/Agência INFOMOTO - FOTOS: Mario Villaescusa/Agência INFOMOTO

Os números da ficha técnica impressionam: 268 quilos distribuídos ao longo de mais de dois metros de comprimento, empurrados por um motor de quatro cilindros com exatos 1441 centímetros cúbicos de capacidade para produzir nada mais, nada menos, que 210 cavalos de potência máxima. Ao vivo então é ainda mais difícil ficar indiferente à nova Kawasaki Ninja ZX-14R.

Vendida pela fábrica japonesa como a moto de série detentora da mais rápida aceleração do mundo, a ZX-14 ganhou a letra “R” para indicar que está mais nervosa. Com novo motor, suspensões e controles eletrônicos, a maior integrante da família Ninja renovou-se por completo.

Visual imponente

Encarando a nova ZX-14R, os quatro faróis – agora unidos em duas lentes – intimidam. A entrada da indução de ar ao centro parece maior e as ranhuras na carenagem lateral deixam claro tratar-se de um novo modelo. As duas ponteiras de escapamento, uma de cada lado, não são mais cromadas. Ganharam uma capa preta e o formato poligonal, em vez de arredondados como no modelo anterior.

De perto, a moto parece até desproporcional: a parte dianteira enorme faz as rodas – de 17 polegadas – parecerem menores. A pintura, verde com chamas em um tom mais escuro, confere um ar “tuning” à nova ZX-14R.

Mas o porte imponente desaparece assim que se monta no modelo. O chassi monocoque em alumínio é bastante estreito sob o banco. Dessa forma, apesar dos mais de dois metros de comprimento e quase 80 centímetros de largura total, o piloto sente-se no controle da Ninja com as pernas bem acomodadas. Aliás, a ergonomia do novo modelo é praticamente a mesma da versão anterior. Ao guidão, não se tem a noção de quão parrudo e largo é esse foguete verde. Isso até dar partida no novo motor.

Motor maior e mais potente

A principal mudança na nova ZX-14R está em seu motor: os pistões ganharam mais 4 mm de curso, aumentado a capacidade dos antigos 1352 cm³ para os atuais 1441 cm³. Além do aumento no tamanho, um trabalho de preparação foi feito no motor da nova “Ninjona”: dutos de admissão polidos, um comando de válvulas DOHC mais bravo e aumento na taxa de compressão resultaram no que a Kawasaki afirma ser o mais potente motor de uma motocicleta produzida em série no mundo.

Os números oficiais afirmam que, na bancada, essa usina de força produz 200 cv de potência máxima a 10.000 rpm. Mas, com a indução de ar, ou seja, a alimentação de ar forçado por meio do duto instalado no centro da carenagem pode fazer essa cavalaria chegar a 210 cavalos na mesma faixa de rotação! Cavalaria para megalomaníaco nenhum botar defeito.

Como se não bastasse, a Kawa alega que as melhorias proporcionaram também mais torque em uma faixa ampla de rotações. De acordo com a marca, aos 2.000 giros já há 9,5 kgf.m do torque disponível – o máximo de 15,7 kgf.m chega aos 7.500 giros.
Comparado ao motor da versão anterior, está mais potente, mas sem perder sua dupla personalidade: pode parecer um tetracilíndrico “manso” até os 6.500 giros, porém a partir daí a diversão começa e não acaba até os 10, 11.000 rpm. Os giros crescem de forma impressionante assim como a velocidade. E a reta do campo de provas da Pirelli, no interior de São Paulo, parece curta: acaba antes que a velocidade atingisse os 245 km/h. E ainda havia fôlego e marchas para mais. Só não havia asfalto.

Eletrônica

Para domar a cavalaria a mais, a Kawasaki teve de investir na eletrônica. Dotou a ZX-14R de um Power Mode Selection (PMS), seletor do modo de potência, com o qual se pode escolher entre o modo Low Power (baixa potência), que deixa disponível apenas 75% da potência máxima e o modo Full, com todos os 200 (210) cavalos à disposição do piloto.

Outra novidade eletrônica fica por conta do controle de tração da Kawasaki com três níveis de atuação: sendo o 3, o mais intrusivo, indicado para pista molhada ou com baixa aderência, e o 2 e 1, gradativamente menos atuantes e feitos para dosar a potência nas saídas de curvas. Tudo facilmente controlado pelo punho direito e indicado na tela de cristal líquido digital, que traz ainda dois mostradores analógicos – conta-giros e velocímetro.

Continuam também os freios com sistema ABS. Na dianteira, são os mesmos dois discos em forma de pétala com 310 mm de diâmetro e pinças de fixação radial com quatro pistões. Na traseira, um disco simples de 250 mm com pinça de dois pistões. Durante testes na pista, apertava os manetes de freios com vontade e os freios correspondiam com segurança, sem gerar instabilidade no conjunto, mesmo com os sete quilos a mais dessa nova Ninja (agora são 268 kg em ordem de marcha contra os 261 kg do modelo antigo).

Ciclística melhorada

Claro que para “suportar” a potência extra, a Kawasaki teve de aprimorar também o conjunto ciclístico da ZX-14R. O chassi monocoque continua o mesmo, porém a balança traseira foi alongada em 10 mm, para ajudar a manter a roda dianteira no chão em acelerações mais vigorosas. Com isso o entre-eixos passou dos anteriores 1460 mm para 1480 mm. Na prática isso garantiu mais estabilidade em altas velocidades na reta.

Para as curvas, o garfo telescópico dianteiro invertido (upside-down) ganhou molas mais rígidas e uma nova calibragem. Com 43 mm de diâmetro e 117 mm de curso, o conjunto é totalmente ajustável. Na traseira, balança monoamortecida com 124 mm de curso (2 mm a mais do que na antiga versão) e também totalmente ajustável.

Apenas lendo as especificações, pode-se imaginar que a nova Ninja ZX-14R perdeu agilidade em curvas. Claro que não se trata de uma esportiva de 600cc com a distância entre-eixos curta, mas também não virou um trambolho. Continua bastante equilibrada e obediente nas entradas de curvas, porém notei que agora a moto parece “deitar” repentinamente, passando do ponto em alguns momentos. Isso, claro, tentando buscar o limite da inclinação. Já em uma tocada mais calma, essa Ninja ZX-14R comportou-se bem: radical nas curvas, levando-se em conta seu “corpo’ avantajado.

Hiperesportiva

Classificada pela Kawasaki como uma hiperesportiva, a nova ZX-14R veio para destronar o modelo até então símbolo da categoria, a Suzuki Hayabusa GSX 1300R. Com a cavalaria declarada, a nova Ninja supera a Hayabusa em potência. Com a adição da eletrônica, a Kawasaki dá um passo à frente da Suzuki – que, vale dizer, já contava com o seletor de potência, e ganhou o ABS no exterior recentemente.

Lançada no Brasil, no início deste ano, a Kawasaki Ninja ZX-14R é um exagero: grandona, mais de 200 cavalos de potência, tanque de 22 litros, enfim, uma hiperesportiva com vocação sport-touring por R$ 60.990 (versão com ABS). Não foi feita para acelerar em um autódromo, ao menos que seja uma pista de arrancada. É a moto ideal para quem quer se gabar da potência e da capacidade cúbica do motor, além de poder viajar com o conforto de uma moto grande e a rapidez de um foguete.
 
Ficha Técnica Kawasaki Ninja ZX-14R
 
Motor quatro cilindros em linha, 16 válvulas, DOHC, refrigeração líquida
 Diâmetro x Curso 84,0 X 65,0 mm
 Taxa de compressão 12,3:1
 Capacidade 1.441 cm³
 Potência Máxima 210 cv a 10.000 rpm
 Torque Máximo 15,7 kgf.m a 7.500 rpm
Sistema de Alimentação Injeção Eletrônica
Partida Elétrica
 Câmbio 6 velocidades
 Embreagem Multidisco em banho de óleo
 Transmissão final por corrente
 Suspensão
Dianteira Garfo telescópico invertido com 117 mm de curso e totalmente ajustável
 Traseira Balança monoamortecida com amortecedor a gás e 124 mm de curso
 Freios
 Dianteiro Disco duplo de 310 mm em forma de pétala, pinça dupla de fixação radial com 4 pistões opostos (ABS)
 Traseiro Disco simples de 250 mm em forma de pétala, pinça com 2 pistões opostos
 Pneus
 Dianteiro 120/70ZR17M/C (58W)
 Traseiro 190/50ZR17M/C (73W)
 Chassi Monocoque em alumínio
 Altura do Assento 800 mm
 Distância Mínima do Solo 125 mm
 Dimensões (C x L x A) 2.170 mm x 770 mm x 1.170 mm
 Distância entre-eixos 1.480 mm
 Tanque de Combustível 22 litros
 Peso em ordem de marcha 268 kg
 Cores Preta e verde
 Preço R$ 60.990,00 (R$ 56.990 sem ABS)

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