Ela nasceu na Itália em 1947, tornou-se um dos símbolos de uma geração e inspira o design de scooters até hoje mundo afora. E não, não estamos falando da Vespa. Depois de quinze anos longe das concessionárias, a Lambretta volta a ocupar o seu local de destaque no mercado europeu com o modelo LN, apresentado na última edição do Salão de Milão, que revisita o passado em suas linhas retrô, mas se atualiza em motorização com opções de 125 e 151 cc, quatro tempos.
O design da Lambretta se atualizou. Olhando com atenção o modelo LN pode-se notar que as linhas arredondadas da carenagem lateral, que fizeram sucesso na década de 1960, se tornaram ovais e são mais bem acabadas, graças à evolução da indústria desde a época. O escudo frontal também está diferente e deixa de ser redondo para adotar um desenho mais arrojado e levemente pontiagudo, enquanto as rodas passam a ser de liga leve, seguindo a tendência atual dos scooters.
Mas, no geral, nota-se um grande esforço da fabricante italiana em mantê-la o mais fiel possível ao modelo de 40 anos atrás. Isso pode ser visto na mesa que incorpora o guidão e o farol, que conserva o mesmo design arredondado de antes. A carenagem que cobre o guidão, todavia, ficou mais espessa e passa a acomodar os piscas dianteiros, otimizando espaço. As referências ao modelo antigo continuam também na escolha das opções de cores, que mesclam o corpo do scooter em tom pastel com alguma outra tonalidade chamativa, como azul e amarelo. O assento também ajuda a compor o clima retrô, com a cor do couro variando de acordo com o esquema.
Antigo só até certo ponto
Embora a Lambretta faça questão de frisar que manteve o corpo feito em aço que utilizava antigamente, as semelhanças internas da LN com o scooter feito há 40 anos param por aí. Dentro da carenagem, a nova moto conta com um propulsor quatro tempos monocilíndrico de 124,6 cm³ com comando único no cabeçote, que é capaz de gerar 8,8 cv a 8.000 rpm e torque máximo de 0,85 kgf.m a 6.500 rpm. Os primeiros modelos da motoneta contavam com um motor dois tempos e capacidade cúbica entre 39 e 198 cm³.
No mais, a nova Lambretta incorpora a tecnologia padrão dos scooters de hoje em dia, como a partida elétrica e o câmbio CVT e freio dianteiro a disco hidráulico com diâmetro de 190 mm. A LN também conta com uma versão um pouco mais potente que está disponível apenas para o mercado italiano, com motor de 151 cm³. Nela, o diâmetro x curso do pistão aumentou de 52,4 x 57,8 mm para 57,4 x 58,2 mm, o que resultou em um rendimento melhor: 10,4 cv a 7.500 rpm e um torque máximo de 1,1 kgf.m a 6.000 rpm.
Aproveitando que as comparações com a Vespa são inevitáveis, a LN tem dimensões maiores em relação às novas versões da sua concorrente direta. Enquanto os modelos LX e S da marca da Piaggio tem 1.801 mm de comprimento e 785 mm de altura do assento, a Lambretta tem comprimento de 1.930 mm com assento a 800 mm do solo. O peso, no entanto é quase o mesmo. São 110 kg a seco nas Vespas contra 111 kg da Lambretta LN.
No Brasil
Por aqui, o sucesso da motoneta repercute até os dias de hoje. Inaugurada em 1955, a Lambretta foi a primeira fábrica de veículos do Brasil e trabalhava sob licença de Ferdinando Innocenti, criador da marca. A montadora, que ficava no bairro da Lapa, em São Paulo, produziu o scooter entre 1958 e 1960 e chegou a atingir marcas expressivas, como a de 50.000 unidades por ano.
No Brasil, a fama da Lambretta chegou a outro patamar. Tanto é que a marca passou a ser sinônimo de motoneta. Assim, outras marcas – principalmente a Piaggio – se viram em uma sinuca ao ver seus modelos (leia-se a Vespa) sendo referidos popularmente como lambretas.
No mundo
A Lambretta nasceu em 1947 pelas mãos de Ferdinando Innocenti e Cesare Pallavicino e seu nome é uma alusão ao rio Lambro, que passa pelos arredores de onde se situava a fábrica, na região de Milão. Além do Brasil, o scooter foi produzido sob licença em países com a Argentina, China, Índia e Espanha. Tudo ia muito bem para a fabricante milanesa até o início da década de 1970. Com o aumento do poder aquisitivo e a preferência do público por automóveis, a demanda por motonetas caiu.
Desta forma, a marca foi vendida em 1972 para a indiana SIL (Scooters India Ltd), que produziu o scooter continuamente por 25 anos, cessando em 1997. Hoje, a Lambretta está de volta em mãos italianas com as duas versões da LN que chegam ao mercado local por 3250 euros (125 cc) e 3350 euros (151 cc), valores que correspondem a R$ 8.515 e R$ 8.777, respectivamente.