Em abril de 1946, mais precisamente no dia 23, nascia um dos maiores ícones do motociclismo: a Vespa. Tudo começou em 1938, quando Enrico Piaggio, famoso industrial da comunidade de Pontedera, na região italiana da Toscana, teve a ideia de “motorizar” a população local com um veículo de duas rodas e baixo custo. Piaggio, entretanto, não era nenhum novato no ramo dos motores e já trabalhava no desenvolvimento de aeronaves desde 1916.
Quando Enrico Piaggio resolveu levar seu plano adiante, o escolhido para desenhar o tal veículo de duas rodas foi Corradino D’Ascanio, projetista responsável por criar um dos primeiros helicópteros mais parecidos com sua forma atual. No entanto, D’Ascanio era um tanto quanto avesso às motocicletas por considerá-las difíceis de pilotar, desconfortáveis e incômodas, principalmente pelo contato do piloto com o motor e outras partes com óleo. Foi nesse ponto que a tradição da Piaggio na aeronáutica acabou fazendo toda a diferença na concepção da Vespa.
A primeira “dificuldade” a ser removida foi o tradicional quadro derivado das bicicletas, para que o piloto viajasse sentado ao invés de montado no veículo. Na sequência, o projetista criou uma carenagem que envolvesse todo o motor e protegesse contra o desagradável contato com o óleo e, por fim utilizou uma solução inspirada no trem de pouso dos aviões para fixar a roda dianteira. O toque final foi dado pelo próprio Piaggio ao ver o protótipo, então chamado de MP6, concluído. “Isso parece uma vespa”, exclamou o empresário, sem saber que acabara de criar o scooter mais famoso do mundo.
A Vespa paraquedista e o museu Piaggio
Dois anos depois de sua criação, a Vespa já era exportada para outros países e, mais tarde ganhou versões que foram desde a adaptação de um sidecar até caçamba para virar utilitária. Entretanto, o uso mais inusitado do scooter italiano foi no campo de batalha, quando serviu aos militares franceses.
O ano era 1956 e a França participava da Guerra da Argélia, na qual forças de libertação lutavam pela independência do país africano, então colônia francesa. Na época, uma das armas da TAP (troupes aéroportées), a divisão de paraquedistas do exército francês era não uma, mas duas Vespas. Enquanto uma transportava munição, a outra carregava um canhão M20 de 75mm incorporado, que era destacado para ser utilizado como arma anti-aérea. Ambos scooters saltavam de paraquedas junto com os soldados.
A Vespa TAP, e os modelos equipados com sidecar e caçamba podem ser vistos no Piaggio Museum, onde também estão expostos os projetos do grupo na área ferroviária e também da aviação, como um helicóptero concebido a partir da Vespa.
Aberto em 2000, em uma das antigas instalações da Piaggio em Pontedera, o museu reúne toda a história do Grupo em 3 mil metros quadrados que abrigam modelos antigos e aproximadamente 5 mil arquivos entre papéis, fotos e vídeos que documentam a trajetória do grupo industrial italiano.
Além de produzir a Vespa, o Grupo Piaggio é hoje proprietário de outras marcas que também fazem parte da rica história do motociclismo italiano, como a Aprilia, Moto Guzzi e Gilera. Portanto, se você estiver passando pela região da Toscana não deixe de fazer uma visita e, de preferência, vá de Vespa.
A Vespa no Brasil
No Brasil, a Vespa repetiu o sucesso que fez mundo afora e também criou vários admiradores. Por aqui, o scooter da Piaggio aportou pela primeira vez na década de 1950 e encarava a forte concorrência por parte da Lambretta, projeto da também italiana Innocentti, que, produzida no País, acabou virando sinônimo para as motonetas desse estilo.
Entretanto, foi durante os anos 1980 que a Vespa teve seu apogeu em terras nacionais. Fruto de uma parceria entre a B. Forte e a Caloi, o modelo PX 200, montado em Manaus (AM), virou febre e, segundo os motociclistas mais antigos, chegou até a se igualar a Honda CG 125 em números de venda. Na década seguinte, o scooter já não era mais fabricado no Brasil e, desde então, para ter uma Vespa é necessário recorrer a importadores independentes, o que as transformou em peças valiosas do mercado de usados, no qual um exemplar em bom estado pode ser oferecido por mais de R$ 10 mil.
Serviço
Viale Rinaldo Piaggio, 7
56025 Pontedera (PI) – Itália
Telefone: +390587-27171
E-mail: [email protected]
O museu abre de terça à sexta das 10 às 18h