A Renault anunciou nesta quinta-feira, 2, mais um investimento no Brasil, em seu complexo industrial Ayrton Senna, localizado em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR), que abriga três fábricas (automóveis, comerciais leves e motores). São R$ 40 milhões para o aumento da capacidade de produção da fábrica de motores em 25%, de 400 para 500 mil unidades por ano a partir de 2013. A unidade produz propulsores 1.0, 1.2 e 1.6, sendo que 40% do volume total são dedicados à exportação. O aporte é adicional ao ciclo de investimento já anunciado pela montadora, que em outubro do ano passado aumentou em R$ 500 milhões, para R$ 1,5 bilhão até 2015. Um terço deste valor está sendo aplicado este ano.
O presidente da Renault no Brasil, Olivier Murguet, assinou o protocolo do novo investimento na presença do governador do Paraná, Beto Richa, durante a inauguração do novo prédio da fábrica dedicado à estamparia. A nova área recebeu R$ 35 milhões, parte do investimento para 2012, e será responsável pelo corte de chapas de aço para a produção de até 284 mil peças por mês.
A inauguração faz parte do projeto de expansão da capacidade produtiva da fábrica de automóveis. O plano, conta Murguet, é aumentar em 35% a produção nacional, de 280 para 380 mil por ano já a partir de 2013.
“Já aumentamos no início deste ano nossa capacidade diária de 45 para 47 carros produzidos por hora: nossa meta é chegar aos 60 veículos por hora em 2013, no projeto 1 carro por minuto”, revela.
A fábrica já está em franco processo de reforma, com canteiros de obras espalhados por toda a extensão da unidade que monta automóveis. Como complemento a este processo, que a empresa batizou de “uma nova fábrica dentro da fábrica”, Murguet conta que paralisará sua linha por dois meses, entre 15 de novembro de 2012 e 15 de janeiro de 2013, para remontar maquinário e adaptar novos processos de produção, que devem receber cerca de 250 novos equipamentos. Durante este período, todos os funcionários terão suas férias coletivas antecipadas e os demais 30 dias serão utilizados para reciclagem e treinamento da mão de obra. A parada não afetará a linha de montagem de veículos utilitários.
Os recursos também contemplarão melhoria de processos na área de pintura, que será totalmente renovada com 180 novos equipamentos, estimados em mais de R$ 100 milhões, além da área de carroceria, que terá 330 novas máquinas.
Renovação
A renovação que a Renault prepara em seu complexo industrial reflete os planos da empresa em sua estratégia de mercado, com novidades que chegam ainda este ano. Entre elas as linhas 2013 de Logan e Sandero (este último terá ainda a série esportiva GT Line) e do utilitário Master, este só no ano que vem. O Fluence também ganhará nova versão com motor turbo.
Contudo, a grande novidade ficará a cargo do novo Clio com apresentação marcada para o Salão do Automóvel de São Paulo, no fim de outubro.
Os projetos de ampliação coincidem com o bom momento da empresa no mercado. Na contramão do setor, que apresenta desempenho fraco, a Renault fechou o primeiro semestre com crescimento das vendas em 37,3% ao emplacar 110,5 mil unidades.
Após reverter resultados negativos de anos atrás, a empresa apostou, nos últimos quatro anos em uma estratégia que combinou o lançamento de produtos mais adaptados ao mercado brasileiro e investimentos na área de distribuição. A empresa planeja aumentar das atuais 235 concessionárias para 275 em 2013. O Brasil é hoje o segundo maior mercado da montadora, atrás apenas da França.
Segundo Murguet, embora as vendas estejam crescendo, a redução do IPI, que vale até 31 de agosto, ajudou a segurar o ritmo. “A medida veio na hora certa, evitou uma parada na fábrica”, revela. Ele acrescentou que a projeção de crescimento das vendas da marca em 2012, entre 15% e 20% com relação ao ano passado não consideram a prorrogação da redução da alíquota.
Para o mercado total, o executivo afirma que com o IPI, os licenciamentos devem alcançar as 3,6 milhões de unidades em 2012, o que representaria um aumento de 5% sobre 2011. Ele também considerou que sem o IPI as vendas cairiam entre 5% e 6%, para 3,1 milhões de unidades. “Se houver prorrogação do IPI, este volume pode ser maior”, completou.
Linhas complementares
Durante a apresentação do plano de expansão, Murguet acrescentou que a nova fábrica da parceira Nissan, que será erguida em Resende (RJ) poderá ser utilizada também para a produção de modelos Renault.
“A fábrica é da Aliança (Renault Nissan), ainda estão definindo os modelos. Avaliamos essa possibilidade por causa da competitividade”, disse.
No complexo Ayrton Senna, a primeira planta declarada da Aliança pelas duas empresas, é mantida uma cooperação de produção: a Renault monta os modelos Nissan Livina, Grand Livina e Frontier na mesma linha do utilitário Master. Outra integração ocorre com os motores 1.0 fabricados aqui: são fornecidos para a Nissan no México para equipar March e Versa e voltam ao Brasil para venda.