A reunião entre representantes da associação dos fabricantes de veÃculos, a Anfavea, e do governo no Ministério da Fazenda, em BrasÃlia, iniciada da segunda-feira, 14, foi prolongada para a terça-feira, 15. Motivo: a negociação de medidas emergenciais para salvar o ano, que a continuar no ritmo atual terminará com expressiva queda de vendas e produção, com consequentes demissões – a moeda de troca mais eficaz dos empresários na hora de negociar acordos de incentivo ao consumo.
Na segunda-feira, o encontro do presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, e outros representantes de montadoras com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, seria para discutir problemas estruturais, mas segundo algumas fontes a conversa descambou para a emergência do problema conjuntural: a queda das vendas. Por isso a reunião foi prolongada para continuar na terça-feira. Na mesa de discussões, além de fórmulas para destravar o crédito, esteve uma velha conhecida de ambas as partes: a redução de imposto por algum tempo, como já foi feito com o IPI em 2009 e parte de 2010. Mas o governo, desta vez, quer contrapartidas por parte das empresas, como congelamento de possÃveis demissões e redução integral de preços.
Com a revoada para BrasÃlia de representantes de quase todos os fabricantes de veÃculos instalados no PaÃs, chegou-se a especular que medidas poderiam ser anunciadas até no mesmo dia. No fim da terça-feira, no entanto, uma fonte informou a Automotive Business que nenhum acordo foi fechado e que deve demorar mais algumas semanas para o anúncio de qualquer incentivo ao consumo de veÃculos.
Crédito
Após a reunião da segunda-feira, Belini declarou à imprensa que as discussões giraram em torno de medidas para destravar os financiamentos (leia aqui), pois com o aumento da inadimplência os bancos se tornaram mais restritivos na aprovação de fichas e esse é o principal fator a pressionar o mercado para baixo. O governo não pode, por decreto, cortar juros e exigências para contratação de crédito, mas pode injetar recursos para empréstimos se reduzir os depósitos compulsórios dos bancos – como também já fez em 2009 e 2010.
No caso do financiamento de caminhões, medidas de aumento de prazos e redução de taxas já foram tomadas com o PSI4, anunciado no começo de abril, que cortou o juro do BNDES/Finame – linha responsável pela venda de mais de 85% dos veÃculos comerciais no PaÃs – de 10% para 7,7% ao ano, elevou o prazo de 96 para até 120 meses e subiu o montante financiável de 70% para 90% do valor do bem. O que os fabricantes pedem agora é mais agilidade na aprovação dos contratos.
Projeções preocupam
A Anfavea ainda mantém as projeções para 2012 de mercado interno de 3,8 milhões de veÃculos emplacados e produção de 3,47 milhões de unidades. Mas ninguém mais acredita que esses números possam ser alcançados.
Para atingir as projeções atuais da Anfavea, após contabilizar os resultados dos primeiros quatro meses do ano, com vendas de 1,07 milhão e produção de 999 mil, seria necessário daqui para frente vender, na média, 340,5 mil veÃculos por mês até o fim do ano, e produzir 309 mil unidades/mês. Com base na comparação com perÃodos recentes, é improvável que isso aconteça. Nos últimos dois anos, a produção só superou a média necessária em agosto de 2011 (325,3 mil); e as vendas só foram maiores nos meses de dezembro de 2010 (381,6 mil) e de 2011 (348,4 mil).