A partir de 2014, todos os automóveis, utilitários e picapes vendidos no Brasil precisarão ter airbag duplo frontal e freios ABS. Além de ampliar a segurança e o nível tecnológico dos carros nacionais, a determinação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) terá como efeito colateral a renovação dos modelos vendidos no Brasil. A opinião é de Marcus Vinicius Aguiar, diretor técnico da AEA, associação de engenharia automotiva.
“Se o veículo não foi desenvolvido para ter airbag ele terá de sair de linha”, acredita. Com isso, clássicos das ruas brasileiras podem começar a sumir das concessionárias, como o Uno Mille, da Fiat, e a Kombi, da Volkswagen. A legislação tem implementação gradual desde 2010 para dar tempo de adaptação às montadoras e fornecedores.
Este ano 30% dos carros de cada marca precisam chegar ao consumidor com airbags. No ano que vem o índice passa a ser de 100% para os lançamentos e de 60% para os carros que já estão no mercado. A partir de 2014 a legislação exige que todos os veículos novos tenham o dispositivo.
No caso do ABS, não há diferenciação entre os modelos completamente novos e os que estão à venda, já que o sistema pode ser instalado sem a necessidade de grande adaptação do veículo. A exigência é que 30% dos automóveis e comerciais leves com peso bruto total de até 3,5 toneladas contem com o dispositivo este ano, 60% a partir de 2013 e 100% em 2014.
Para Aguiar, o principal desafio da introdução de novas tecnologias no portfólio é agregar valor aos carros sem grande repasse nos preços para o consumidor. “Precisamos negociar com os nossos fornecedores e buscar soluções para garantir que o produto permaneça competitivo”, explica.
A nova legislação não deve ser a única responsável pela evolução dos carros nacionais. Aguiar avalia que os clientes brasileiros passaram a valorizar mais os itens de segurança. Normas anteriores, como a que determina o uso de cadeirinha para transportar crianças, impulsionaram o movimento. O outro estímulo vem de fora, dos carros importados, que chegam com preços competitivos e recheados de equipamentos.
O diretor da AEA observa que, à medida que avançam nos carros, os dispositivos de segurança ficam mais acessíveis. “O preço já caiu muito. Há cerca de cinco anos o cliente pagava até R$ 6 mil para ter os dois sistemas. Hoje não passa muito de R$ 2,5 mil”, destaca.
Cumprida essa etapa, a entidade pretende incentivar o avanço de outros dispositivos. O primeiro passo, segundo Aguiar, será defender a obrigatoriedade de cinto de segurança de três pontos em todos os assentos dos veículos, inclusive no traseiro central. Em seguida, o executivo destaca a necessidade de elevar a proteção contra impacto lateral e de trabalhar para ampliar a segurança dos pedestres.