A Suzuki GT 550 da década de 1970 era o que poderíamos chamar de uma moto má. Afinal, seu motor dois tempos com três cilindros em linha e 553 cm³ assustava até mesmo os motociclistas mais experientes. Agora imagine esse canhão sobre duas rodas, com um visual inspirado nas cafe racers e uma preparação especial para acelerar ainda mais?
Pois foi isso que fez o apaixonado por motos japonesas antigas Pat Jones, com a Honduki – uma de suas muitas criações. Motociclista e ex-mecânico de cortadores de grama, Pat começou customizando suas próprias motos e hoje dirige a Moto Hangar, uma oficina customizadora do Estado de Virginia, nos Estados Unidos, especializada em transformar motos japonesas em café racers. A Moto Hangar já transformou desde uma antiga Honda CB 750 até uma moderna CBR 600RR, sempre inspirada nas cafe racers.
Decidido a levar seu hobby como profissão, Pat Jones embarca na nova onda de cafe racers que começa a “ferver” na América. “A loucura pelas choppers está passando. Com todos os reality shows na TV, o interesse pelas choppers está definhando”, conta ele.
Visual de época
As cafe racers nasceram nas décadas de 50 e 60 quando os motociclistas ingleses apostavam rachas nas estradas e o ponto de partida e chegada eram os cafés londrinos da época. Uma das maneiras para melhorar o desempenho das motos Norton e Triumph era retirar as peças “desnecessárias”, como retrovisores, painel, e piscas, tudo para reduzir o peso e torná-las mais “racing”. Trocavam ainda o guidão por outro estilo Tomaselli – aqueles dois semiguidões fixados à mesa – e cortavam a rabeta. Rebaixavam o banco para “melhorar” a penetração aerodinâmica e partiam para as corridas ilegais.
No caso da Honduki a receita não foi muito diferente. Para aliviar o peso, Pat Jones trocou o subquadro original por outro tubular e mais leve. Usou uma nova balança de alumínio, cortou a rabeta e fez o banco bem no estilo cafe racer. Pintou o número 75, em referência ao ano de fabricação da moto, e fez uma pintura bem discreta.
Para garantir o visual retrô e a estabilidade, foi instalado um amortecedor de direção assim como os dois semiguidões. E o painel original foi trocado por apenas um conta-giros e marcador de combustível. Um resultado que, em nada lembra a grã-turismo japonesa dos anos 70, mas sim uma apimentada cafe racer.
Nervosa
Já no coração da Honduki, pulsa o propulsor tricilíndrico da Suzuki, mas com a câmara de combustão da Kawasaki H1. No restante, a ideia foi combinar o velho e o novo para criar uma cafe racer que aparentasse ser uma moto antiga com o charme do motor dois tempos, mas que proporcionasse a pilotagem de uma superbike moderna.
Para isso, a Honduki ganhou a balança traseira de uma Kawasaki Ninja 636 e os garfos telescópicos invertidos da linha Suzuki GSX-R. E para conter o novo fôlego do motor, a Moto Hangar equipou a Honduki com discos no formato margarida na dianteira com pinças de fixação radial.