O mercado brasileiro de veículos segue perdendo força e dá claros sinais de retração. Outubro fechou com 280.537 emplacamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, quebrando a sequência de cinco meses anteriores acima das 300 mil unidades vendidas. O número representa queda de 7,4% sobre setembro e recuo ainda maior, de 10%, em relação ao mesmo mês de 2010. No acumulado janeiro-outubro os licenciamentos de zero-quilômetro no País somaram 2,96 milhões, ainda em alta de 5,6% em comparação com os 2,8 milhões registrados nos nove primeiros meses do ano passado.
O desempenho de 2011, por enquanto, converge para a projeção da associação dos fabricantes, a Anfavea, que estimou para o ano vendas de 3,69 milhões de unidades e crescimento de 5% sobre 2010. Contudo, mesmo essa previsão pode estar ameaçada se nos dois últimos meses do ano os negócios não voltarem a superar os 300 mil emplacamentos/mês.
No varejo, oficialmente, o mercado de novos já está em recessão. Os resultados continuam a ser sustentados pelos negócios diretos com locadoras e empresas, que compram com significativos descontos, acima de 30%. Sem isso, segundo fontes de mercado, o desempenho teria sido muito pior. Para se ter ideia de quanto, em outubro as vendas diretas representaram 40,7% dos emplacamentos da Volkswagen, 40,4% da Fiat, 33,8% da Renault e quase 30% da General Motors e Ford.
No geral, as vendas a locadoras e outros frotistas já representam mais de 35% do mercado, contra cercas de 20% um ano atrás. Com isso, a tendência é de queda da rentabilidade dos negócios.
No ranking das marcas mais vendidas no mês, a Volkswagen obteve participação de 20,7% e por pouco tomou o primeiro lugar da Fiat, que ficou com 20,4% dos emplacamentos. A GM teve 17,8% e a Ford 8,9%.
“A desaceleração das vendas para consumidores de varejo continua muito acentuada porque o grande endividamento inibe novas compras a prazo, ao mesmo tempo em que os bancos estão muito mais seletivos para aprovação de financiamentos, principalmente nos caso dos planos de 60 meses sem entrada, que mantinham o mercado aquecido no passado”, avalia Ayrton Fontes, economista da agência de promoção de varejo automotivo MSantos. “Nesse cenário, notamos que neste último trimestre os consumidores estão mais preocupados em pagar débitos anteriores e muito precavidos em assumir novas dívidas”, completa.