A Harley-Davidson quer ampliar sua participação no mercado global. A marca morte-americana espera que pelo menos 40% de novas vendas de motocicletas Premium venham de mercados fora dos Estados Unidos. Países como Brasil e Índia estão tendo atenção especial. E, por isso, recebendo investimentos para conquistarem a liderança entre os modelos de maior cilindrada e valor agregado.
Nesta entrevista com Mark Van Genderen, vice-presidente da Harley-Davidson Motor Company América Latina, o executivo fala abertamente das perspectivas de crescimento no mercado internacional, sua visão do consumidor brasileiro para motos de alta cilindrada, além de compartilhar a ideia de abrir novas concessionárias no País. Van Genderen fala sobre a mudança e ampliação da linha de montagem HD em Manaus (AM), aliás, a primeira fora dos Estados Unidos. Confira os principais trechos desta entrevista com o vice-presidente da Harley para a América Latina.
Agência INFOMOTO – Em quantos países a Harley-Davidson está presente, com operação ou distribuição?
Mark Van Genderen – As motocicletas, peças, acessórios e o merchandising Harley-Davidson estão disponíveis em 77 países.
Agência INFOMOTO – Quais são os principais mercados para a Harley-Davidson?
Van Genderen – Segundo o relatório anual de 2010 da Harley-Davidson, os Estados Unidos foram responsáveis por 67% da receita. Os países na região da Europa ficaram com 17%, o Japão ficou com 5,6%, o Canadá representou 3,8% e a Austrália, 3,3%. A Harley-Davidson espera que pelo menos 40% de novas vendas de motocicletas venham de lugares fora dos Estados Unidos até 2014 (a partir do 2º semestre de 2010, esse montante foi de 36%) e as vendas em países emergentes como o Brasil serão muito importantes nesse processo de crescimento.
Agência INFOMOTO – Como estão as vendas no mercado indiano?
Van Genderen – Nosso foco na Índia está concentrado no desenvolvimento completo das operações de CKD para montarmos motocicletas para o mercado indiano, o que está ocorrendo dentro do cronograma estabelecido. Assim como as operações no Brasil, a operação de montagem CKD na Índia possibilita a Harley-Davidson aprimorar sua capacidade de resposta e flexibilidade de produção enquanto reduz a carga tributária. Acreditamos que a operação CKD e a redução de carga tributária vão garantir o crescimento nos próximos anos, pois tornarão nossas motocicletas mais acessíveis aos consumidores indianos. Impostos e taxas praticamente dobram o custo das motocicletas Harley-Davidson na Índia. Nós introduzimos três novas motocicletas no line-up de 2011 feito no modo CKD: a Iron 883, a Superlow e a Forty Eight, enquanto importamos 15 modelos para a Índia.
Agência INFOMOTO – Como é o perfil do cliente norte-americano?
Van Genderen – Em 2010, Harley-Davidson registrou um recorde de marketshare (54,9%) para todo o mercado de motocicletas de grande cilindrada (acima de 651cc), além de sermos líderes entre os jovens adultos (18 a 34 anos), mulheres, afro-americanos e hispânicos, quando o assunto é motocicletas de alta cilindrada.
Agência INFOMOTO – Fazendo uma comparação, como são os consumidores europeus e brasileiros? Quais as principais diferenças?
Van Genderen – Existem mais semelhanças do que diferenças. Embora nem todos tenham o sonho de andar de moto, aqueles que têm – independente de sexo, idade, renda ou localização – a maioria vê a Harley-Davidson como parte de seus sonhos. Além disso, no Brasil e em todos os mercados do mundo, temos como objetivo oferecer uma linha de produtos que seja apropriada para o mercado, de motocicletas a vestuário, merchandising e acessórios.
Agência INFOMOTO – Como você analisa o mercado brasileiro?
Van Genderen – O crescimento econômico do Brasil tem sido incrível e agora o país é um dos que se encontram no topo dos maiores PIBs do mundo, e – de acordo com previsões do FMI – este forte crescimento deve continuar pelo menos pelos próximos cinco anos. A Harley-Davidson está comprometida com o Brasil e está aumentando sua presença a fim de garantir que os clientes daqui desfrutem da experiência de qualidade que melhor representa uma marca Premium como a nossa. Sete novos concessionários Harley-Davidson foram abertos este ano com planos para mais três até o fim de 2011 (operações completas) - em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Campinas (SP).
Agência INFOMOTO – Quanto a Harley-Davidson investiu para dar início à nova operação comercial no Brasil?
Van Genderen – A empresa não divulga seu investimento no Brasil, mas o que eu posso dizer é está comprometida com o País e está aumentando sua presença a fim de garantir que os clientes brasileiros desfrutem da experiência de qualidade que melhor representa uma marca Premium como a nossa. Os investimentos recentes da Harley-Davidson no Brasil foram a abertura de uma nova subsidiária/escritório comercial em São Paulo em 2010; abertura de um novo centro de treinamento técnico também em São Paulo, que será usado para treinar técnicos e mecânicos de motocicletas Harley-Davidson em toda a América do Sul. Além disso, estamos no processo de mudança da nova fábrica de CKD (nos próximos meses) em Manaus (AM), que será por volta de 25% maior (10.000 m2, conta 7.700 m2) do que a fábrica anterior. E, para finalizar, estamos no processo de assinatura de um acordo para um novo armazém de peças localizado no Estado de São Paulo.
Agência INFOMOTO – Qual é a expectativa de crescimento para o mercado brasileiro?
Van Genderen – A empresa não fornece informações sobre seus planos de crescimento. O que eu posso dizer é que a HD tem uma rica história no Brasil, que teve início em 1981, e que estamos entusiasmados com a oportunidade que o rápido crescimento do mercado brasileiro representa. Os investimentos que fizemos no Brasil são os primeiros passos rumo a trazer a melhor experiência Harley-Davidson possível aos consumidores do país. Além disso, a empresa está comprometida em trazer a alegria de pilotar e fazer parte da comunidade Harley-Davidson para mais pessoas no Brasil. Seu país é lindo para andar de moto.
Agência INFOMOTO – É possível que a fábrica de Manaus monte motocicletas para outros mercados no Mercosul, tornando-se uma unidade exportadora?
Van Genderen – As operações atuais da planta de CKD de Manaus estão focadas em garantir que possamos atender às necessidades dos consumidores do Brasil. Nós temos um objetivo muito realista de nos tornarmos líderes de mercado no Brasil em motocicletas de grande cilindrada. Harley-Davidson está comprometida com o crescimento global e está expandindo seu alcance para vários mercados em todo o mundo. Para alcançar esse crescimento, continuaremos avaliando modos de desenvolver produtos para atender os sonhos de nossos consumidores no mundo inteiro.
Agência INFOMOTO – O que os consumidores brasileiros podem esperar para o futuro em termos de produtos, serviços e diversão?
Van Genderen – Não posso falar sobre produtos futuros específicos, além de que temos fantásticas motocicletas que farão parte de nossa linha de modelos no futuro. Para a Harley-Davidson, é um equilíbrio entre o que nos mantêm fiéis à nossa marca e o que nos leva a alcançar novos consumidores.
* o jornalista viajou aos Estados Unidos a convite da Harley-Davidson Brasil