Entre 16 e 18 de setembro acontece a sexta “Giornate Mondiali Guzzi” (traduzindo, Jornada Mundial Guzzi), em comemoração ao aniversário de 90 anos de uma das marcas italianas de motocicletas mais tradicionais do mundo. Nestes três dias de festas, os “guzzistas” participarão de inúmeras atividades como, por exemplo, shows musicais, visitação à linha de produção, exposição de modelos clássicos e test-ride. Além disso, a Moto Guzzi promete ainda lançar um novo modelo desenvolvido e criado na fábrica em Mandello del Lario, local do evento, que fica na região Noroeste da Itália. Segundo a marca, a nova moto entrará para a história do motociclismo mundial, já que será equipada com o que há de mais moderno em termos de tecnologia embarcada.
É dessa forma, dando novos rumos para sua trajetória de sucesso que a Moto Guzzi, que desde dezembro de 2004 pertence ao Grupo Piaggio, se prepara para o futuro. Mas sem deixar de lado seu passado de glórias, principalmente as vitórias nas pistas, e os motores de dois cilindros em “V” posicionados transversalmente, com os cabeçotes à mostra, uma espécie de assinatura em metal das motos feitas em Mandello del Lario.
Fundada em 15 de março de 1921, a “Società Anonima Moto Guzzi” (Ou seja, Moto Guzzi Sociedade Anônima), além de atuar em outras atividades industriais, tinha como objetivo iniciar a produção e a venda de motocicletas. A sede administrativa ficava em Genova e a produção em Mandello Tonzanico. Anos mais tarde a fábrica foi instalada em Mandello del Lario, pequena comunidade próximo ao Lago de Como. Nesses primeiros passos se destacam a ousadia e o arrojo de Emanuele Vittorio Parodi e seu filho Giorgio, além de Carlo Guzzi. Para homenagear o amigo e piloto Brescia Giovanni Ravelli, da Força Aérea Real, que morreu durante um vôo-teste, os sócios fundadores resolveram usar como símbolo da nova marca de motocicletas uma águia com asas abertas. Assim nasceu o primeiro logotipo da Guzzi. O pássaro permanece até hoje, como fosse um símbolo de liberdade.
Inovações e conquistas
Hoje, a história da Moto Guzzi se funde com a da pacata Mandello del Lario. A fábrica faz parte da vida social e cultural daqueles italianos da região da Lombardia da “Vecchia Botta”. Desde o início das operações, a Moto Guzzi sempre marcou presença na história da motocicleta. Depois de alguns protótipos, a Moto Guzzi passou a produzir a econômica Normale, capaz de gerar 8 cv de potência máxima e alcançar uma velocidade de 80 km/h. Nada mal para os anos 20.
Em 1927, a fábrica tinha 300 operários que participaram da construção da GT Norge 500, que rodou no Círculo Polar Ártico. Não podemos esquecer dos modelos históricos: Airone 250 (1939), Guzzino 65 (1946) e Cardellino – que por mais de dez anos foi o modelo mais vendido na Europa, que junto com Galletto (1950) e Lodola 175 (1956), contribuíram para dar maior mobilidade aos italianos no período pós-guerra.
A trajetória da Moto Guzzi também é marcada pelo pioneirismo e muitas conquistas nas provas de motovelocidade. A marca foi a primeira na indústria italiana a usar um túnel de vento na desenvolvimento de seus produtos. Isso em 1950. O local ainda pode ser visitado pelos turistas amantes da velocidade sobre duas rodas.
No corpo técnico de competição três nomes devem ser sempre lembrados: Umberto Todero, Cantoni Enrico e Giulio Cesare Carcano, este último considerado o pai do motor de oito cilindros que, em 1954, alcançou incríveis 285 km/hora (em 1954). Nas pistas, entre 1935 e 1957, a Moto Guzzi conquistou 14 títulos mundiais de velocidade e 11 vitórias na Tourist Trophy, realizado até hoje na Ilha de Man, na Grã Bretanha.
Da California V7 até a Stelvio 1200 NTX
Nos anos 60, Dingo Stornello dá vida ao motor V-Twin, a 90º, de 700cc e equipado com transmissão final por eixo-cardã. Desta singular família de propulsores nasceram a lendárias V7 Especial, V7 Sport e Le Mans California. Esta arquitetura de motorização foi se adaptando e aumentando sua capacidade cúbica e potência com o decorrer das décadas. Nesta constante evolução chegamos aos modelos V7 Racer, Stelvio 1200 8V e Norge GT8V, que serão as grandes protagonistas da sexta edição da “Giornate Mondiali Guzzi”.
Hoje, a Moto Guzzi fabrica motos em quatro categorias: nakeds, custom, big trails e racing com motores que vão de 744 cm³ até 1200 cm³. Os últimos lançamentos da marca foram a Stelvio 1200 8V e a Stelvio 1200 NTX, ambas com sistema de freios ABS de série. Será que a marca irá começar a fabricar a California vestida de branco e a versão Scrambler da V7, modelos que foram apresentados como protótipos na última convenção de concessionários, evento realizado no início do ano, em Monte Carlos? Agora só nos resta esperar setembro chegar para ver as outras novidades da “La casa dell´Aquila” (A casa da águia).