Basta parar no semáforo ou estacionar a Kawasaki Ninja 250R para atrair olhares curiosos e perguntas sobre a capacidade cúbica da esportiva: “Essa é 650?”, “Quantas ‘cilindradas’ tem essa moto?”. Todos iludidos pela carenagem integral que traz o nome Ninja sem a inscrição de 250cc – que deixou de ser usado neste modelo 2011. A “Ninjinha” é bonita mesmo e chama a atenção, ainda mais com a pintura que mescla o verde com alguns grafismos em preto, exclusiva dessa “Special Edition” (edição especial).
E justamente o visual é o principal apelo que faz da Kawasaki Ninja 250R a moto mais vendida no segmento “Sport” entre janeiro e junho deste ano – de acordo com dados da Fenabrave (entidade que reúne os distribuidores de veículos), foram emplacadas 2.292 unidades no período.
Pouco importa, nesse caso, que a Ninja 250R, diferentemente de suas irmãs maiores, tem um compacto motor de dois cilindros paralelos, 249 cm³ de capacidade e refrigeração líquida que produz 33 cavalos de potência máxima. O consumidor que opta pela Ninjinha busca mais o visual esportivo do que desempenho propriamente dito. Reforçando a máxima de que imagem é tudo.
Cavalo anda, cavalo bebe
Mais que um simples meio de transporte, motocicletas em geral são objetos de desejo e status. E nesse quesito, a Ninja 250R tem qualidades de sobra. Mas com uma análise mais objetiva e menos passional, a pequena Kawasaki demonstra alguns pontos fracos, principalmente no uso urbano e diário.
A começar pelo comportamento do motor bicilíndrico. Como o projeto da moto privilegia a potência em altas rotações – uma vez que os 33 cavalos só aparecem a 11.000 rpm – a Ninja 250R é fraca em baixos giros. Fraca mesmo! Até os 5.000 rpm, o motor não tem torque para subir ladeiras e, nas retas, fica pedindo uma redução no câmbio de seis marchas.
Como seu torque máximo de 2,24 kgf.m só chega a 8.200 rpm, sua faixa de utilização se resume a esses 3.000 giros (a faixa útil de um motor compreende-se entre a rotação de torque e potência máximas, no caso da Ninjinha entre 8.200 e 11.000 rpm). Portanto, quando se mantém o bicilíndrico nessa faixa de giros, a Ninjinha é bastante esperta e divertida de se pilotar. Até mesmo se comporta como uma “pequena” esportiva, guardada as devidas proporções.
E como já diz um ditado do meio: “cavalo anda, cavalo bebe”. Ou seja, se você quer se aproveitar a potência da moto precisa fazer seu motor girar alto. E essa teoria se confirmou na prática. A Ninja 250R teve consumo médio de 19,06 km/litro, chegando a rodar até 21 km/l. O ponto negativo para quem a utiliza diariamente é que a conta vem na hora de abastecer: seu consumo é mais alto que as principais concorrentes da mesma faixa de cilindrada, como Honda CB 300R e Yamaha Fazer 250.
Outro senão para quem quer ter a Ninja 250R como única moto é o incômodo banco para a garupa. Além de pequeno, faz com que o passageiro fique com as pernas muito flexionadas e não tem alça para se segurar.
Mini esportiva
Entretanto, quando conduzida mais “esportivamente” a Kawasaki Ninja 250R revela outras qualidades. Sua ciclística mostrou-se bastante equilibrada e estável. Capaz de atingir 160 km/h – apesar do velocímetro marcar otimistas 200 km/h –, a Ninjinha traz suspensões telescópicas na dianteira (com garfos de 37 mm e curso de 120mm) e monoamortecedor a gás com regulagem (130 mm de curso) na traseira. O suficiente para transmitir segurança nas curvas e também em altas velocidades.
Destaque ainda para o conjunto de freios – a disco em forma de pétala em ambas as rodas. Com pinça dupla na frente e simples, atrás, o sistema é mais que suficiente para “estancar” os 170 kg (em ordem de marcha) da pequena Kawa. Exigem até certo cuidado para não assustar ao piloto.
Ponto positivo para a posição de pilotagem. Apesar do visual esportivo e até mesmo dos semiguidões, o motociclista não precisa ficar “montado” sobre a moto como nas esportivas maiores. O posicionamento das pedaleiras se assemelha aos modelos nakeds, o que facilita a condução no anda e para dos grandes centros e também proporciona conforto não visto nas suas irmãs maiores.
Para se destacar
Longe de ser uma moto prática, a Kawasaki Ninja 250R é uma boa escolha para quem quer uma moto para se destacar e tem um orçamento limitado ou pouca experiência. Seu visual atrai olhares, mas seu desempenho não assusta. Mesmo sendo uma 250cc, dificilmente o motociclista vai ser confundido com um motoboy com essa Ninjinha.
Vendida em três opções de cores (Branca, Preta e Verde) por R$ 16.710,00 – preço base para os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro – a Ninja 250R cobra o preço da imagem. Mas se você quiser se destacar ainda mais, pode optar pela Special Edition testada, porém vai pagar a mais por isso: R$ 17.040,00 (SP e RJ). Afinal, imagem tem preço.
Ficha técnica Kawasaki Ninja 250R Special Edition
Motor DOHC, quatro tempos, dois cilindros paralelos, refrigeração líquida
Cilindrada 249 cm³
Diâmetro x curso 62,0 x 41,2 mm
Taxa de compressão 11,6:1
Potência máxima 33 cv a 11.000 rpm
Torque máximo 2,24 kgf•m a 8.200 rpm
Sistema de Combustível Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Câmbio Seis velocidades
Transmissão Corrente
Embreagem Multidisco banhado a óleo
Quadro Tubular em aço do tipo diamante
Suspensão
Dianteira Garfo telescópico de 37 mm e 120 mm de curso
Traseira Uni-Trak com amortecedor a gás, com cinco ajustes na pré-carga da mola e 130 mm de curso
Rodas e Pneus
Dianteiro 110/70-17M/C (54S)
Traseiro 130/70-17M/C (62S)
Freios
Dianteiro Disco duplo de 290 mm, com pinça de duplo pistão
Traseiro Disco de 220 mm, com pinça de duplo pistão
Dimensões CxLxA 2.085 mm x 715 mm x 1.115 mm
Entre-eixos 1.400 mm
Distância do solo 130 mm
Altura do assento 775 mm
Capacidade do tanque 17 litros
Peso 169 kg (em ordem de marcha)
Preço R$ 17.040 (preço base SP e RJ)