A Fiat começou a desenhar a engenharia financeira para a construção de seu novo parque industrial pernambucano, em Suape ou Goiana (leia aqui a novidade) para onde pretende levar um bom número de fornecedores. Somente na fábrica de automóveis serão investidos R$ 3 bilhões, conforme a empresa já confirmou no fim de 2010, quando anunciou a nova unidade no País. Mas os investimentos totais de toda a cadeia automotiva na região poderão ultrapassar a casa dos R$ 10 bilhões, segundo informou ao jornal Folha de Pernambuco o superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Paulo Fontana. E a Fiat, de acordo com fontes internas da companhia, poderá avalizar uma parte desses recursos para empresas que considera estratégicas para o sucesso de seu empreendimento.
Na terça-feira, 5, em Brasília, a Fiat entregou no Ministério da Integração Nacional uma carta-consulta para levantar R$ 5,8 bilhões de fontes públicas para o financiamento do complexo industrial no Nordeste. Segundo informações extraoficiais da Folha de Pernambuco, R$ 1,2 bilhão viriam do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), administrado pela Sudene, R$ 800 milhões do Banco do Nordeste (BNB) e R$ 3,8 bilhões do BNDES. Além de financiar a própria fábrica, a Fiat também estaria reservando recursos para fornecedores e outras empresas do grupo, como a Fiat Powertrain, que terá uma unidade de produção de motores em Pernambuco.
Complexo automotivo
Dentro do novo complexo automotivo de Pernambuco (em Suape ou Goiana), além da fábrica de automóveis, a Fiat terá uma pista de testes, um centro de pesquisas e mais de uma dúzia de fornecedores-chave. A ideia é replicar em Pernambuco o mesmo modelo de sucesso de Betim (MG), onde a Fiat produz no sistema just in time com 80% de seus fornecedores a menos de 200 km de distância.
Seria agora a vez de fazer a “pernambucanização” da cadeia de suprimentos, como já foi feita a “mineirização”, conforme disse Cledorvino Belini, presidente do Grupo Fiat na América Latina, em recente reunião com os principais fornecedores. Segundo pessoas próximas às negociações, existe inclusive a possibilidade de abertura de um segundo parque industrial automotivo em Suape, para abrigar alguns dos “fornecedores dos fornecedores” da Fiat na região. Ao todo, a cadeia de suprimentos poderia somar 50 fabricantes de componentes.
Incentivos
A Fiat vem se preparando para se instalar em Pernambuco há mais de um ano. Primeiro, comprou silenciosamente a fabricante de chicotes elétricos TCA em Jaboatão dos Guararapes, operação que já transferiu para o braço fabricante de sistemas automotivos do grupo, a Magneti Marelli (leia mais aqui). Com a TCA veio junto um pacote de incentivos fiscais estaduais que serão usados também para a fábrica de automóveis.
Depois, no segundo semestre do ano passado, a Fiat negociou com o governo federal a inclusão da nova unidade industrial nos benefícios fiscais da Lei 9440, que até 2015 isenta os carros fabricados no Nordeste e Centro-Oeste de parte do IPI, entre outros incentivos tributários para a construção da fábrica.