A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, apresentou nesta quarta-feira, 6, os resultados do setor automotivo no primeiro semestre de 2011. Com 1,73 milhão de licenciamentos, o mercado acelerou 10% entre janeiro e junho na comparação com o mesmo período de 2010, quando foram emplacadas 1,57 milhão de unidades.
Apesar do salto, a associação não revisou as projeções para este ano, diferentemente do que fez a Fenabrave. O presidente da entidade, Cledorvino Belini, diz que é necessário ter mais segurança sobre o impacto das medidas macroprudenciais tomadas pelo governo para desaquecer a economia, com a alta dos juros, regras mais rígidas para a liberação de crédito e aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
“É necessário mais tempo para que as medidas amadureçam. Devemos fazer uma revisão em dois meses”, prevê. Até lá, as expectativas da associação para este ano são as mesmas apresentadas dezembro de 2010: expansão de 5% no mercado interno, com 3,69 milhões de emplacamentos, alta de 1,1% na produção, com 3,42 milhões de unidades e retração de 3,4% nas exportações para 485 mil veículos.
Para os próximos meses uma das preocupações é a inadimplência, que superou 3% no setor automotivo e tem apresentado expansão. Outro dificuldade é o nível de estoque de veículos, que está em 33 dias com quase 342 mil unidades. Apesar de o volume ser considerado normal, Belini admitiu que, a partir de 35 dias, o estoque começa a ficar custoso para montadoras e concessionárias.
Por outro lado, o presidente da Anfavea diz ter boas expectativas para a economia no próximo semestre. Além disso há previsão de lançamentos e investimentos das empresas em campanhas publicitárias e promoções, o que pode impulsionar as vendas aquecidas.
Resultados
O presidente da Anfavea esclarece que a alta nos emplacamentos do primeiro semestre foi grande porque a base de comparação é fraca. “O mercado desacelerou em abril, maio e junho do ano passado por conta da volta da cobrança do IPI”, explica. Para o executivo, houve redução no ritmo de crescimento em 2011.
A expansão do crédito também evoluiu mais lentamente nos últimos meses. No ano passado a oferta crescia R$ 3,4 bilhões por mês, ritmo que ficou em R$ 2 bilhões por mês este ano. O resultado foi o aumento da participação de carros com motor acima de 1.0 nas vendas, para 52,1% no semestre. Outro efeito pode ter sido a expansão da participação dos veículos importados nos emplacamentos, que chegou a 22,4% no período, já que boa parte dos carros mais sofisticados vendidos no mercado interno é produzida fora do Brasil.
A participação foi mantida em junho, quando os modelos trazidos do exterior abocanharam 22,8% do mercado. Entre nacionais e importados, foram emplacadas 304,3 mil unidades, retração de 4,5% na comparação com o resultado de maio e avanço de 15,8% no reajuste anual.