O fornecimento de automóveis importados para o Brasil passa por uma rápida mudança. Coreanos e chineses avançam enquanto a Argentina perde espaço no fornecimento de veículos ao país.
Os chineses fazem diferença principalmente no desembarque de carros menores, de até 1,5 mil cilindradas e com capacidade para até seis passageiros. Estreando no mercado brasileiro de automóveis, os chineses já representam 9% da importação desse tipo de veículo. No ano passado, a China tinha uma fatia de apenas 0,6%. O avanço chinês nessa categoria acontece mês a mês. No acumulado de março a maio, a fatia da China já salta para 13,6%. No mesmo período do ano passado a participação chinesa era de 0,5%.
Marcas como JAC, Chery e Lifan tiraram o lugar do fornecimento argentino, que era praticamente o único até o ano passado. De janeiro a maio de 2010, a Argentina fornecia 93,3% dos carros importados pelo Brasil na mesma categoria. Nos primeiros cinco meses de 2011, a fatia dos vizinhos caiu para 85,6%. De março a maio, cai um pouco mais, para 82,2%.
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), quatro modelos chineses já estão entre os 15 mais emplacados da faixa de carros hatch (sem porta-malas independente) pequenos, no acumulado de janeiro a maio deste ano. O J3, da JAC, o Face e o QQ, da Chery, e o LF320, da Lifan, responderam no período por 4,82% dos emplacamentos desse tipo de carro. As marcas chinesas JAC e Chery foram, em maio, responsáveis por 1,5% dos emplacamentos totais de automóveis e comerciais leves.
Não é só no fornecimento de carros menores, porém, que os asiáticos avançam. Na faixa de carros importados mais potentes, os coreanos tornaram-se o fornecedor mais importante. No acumulado de janeiro a maio eles foram responsáveis por 27,8% dos desembarques de automóveis de até seis passageiros, com potência acima de 1,5 mil cilindradas. A Coreia ficou na frente dos mexicanos, com 24,3%, e dos argentinos, com 21,5%.
Dados dos últimos meses mostram que a Argentina é o país fornecedor que tem perdido mais espaço na disputa pelo mercado de automóveis importados pelo Brasil. Em maio, quando o governo brasileiro decidiu aplicar o pedido de licença prévia para a importação de veículos e autopeças, a exportação de automóveis da Argentina para o Brasil caiu 13,1% em comparação ao mesmo mês do ano passado. O movimento chama atenção porque teve sentido inverso ao das importações totais de automóveis do Brasil, que cresceram 45,4% no mesmo mês. O cálculo leva em conta os carros de até seis passageiros e de até três mil cilindradas. Esses veículos representam 85% do total de automóveis de passageiros desembarcados no Brasil.
A queda aconteceu em maio, mas na verdade os desembarques de automóveis argentinos no país perderam ritmo antes. A exportação argentina de carros ao Brasil cresceu bem menos que a média de toda a importação brasileira de automóveis em meses anteriores, como março e abril. O desembaraço de veículos da Argentina teve elevação de 10,9% e 52,9% em março e abril, respectivamente, na comparação com os mesmos meses de 2010. A importação total desses automóveis pelo Brasil, porém, cresceu bem mais, com aumento de 36,1% e de 79,1%, respectivamente, na mesma base de comparação.