“Queremos repetir em Pernambuco o mesmo processo que fizemos em Minas Gerais, com a ‘mineirização’ dos fornecedores. Agora vamos buscar a ‘pernambucanização’ no Complexo Industrial de Suape”, afirmou Cledorvino Belini, presidente do Grupo Fiat na América Latina, na terça-feira, 10.
A mensagem foi dada diretamente aos fornecedores da companhia, reunidos em São Paulo no Qualitas Awards, evento de premiação dos melhores de 2010. Belini quer colocar os principais fabricantes de componentes do País ao lado da nova fábrica que a empresa começa a construir em Ipojuca, região metropolitana de Recife, com investimento programado de R$ 3 bilhões.
Em Minas, os fabricantes de componentes formaram ao longo dos anos um cinturão de suprimentos ao redor da fábrica de Betim. Hoje, 70% das compras da Fiat vêm de fornecedores localizados a menos de 150 quilômetros da unidade mineira de produção. Mas este foi um processo que levou cerca de duas décadas para ser consolidado. Agora, a intenção é acelerar a instalação de uma cadeia de produção completa em Pernambuco. “Desta vez os fornecedores vão ficar dentro do mesmo condomínio”, destacou Belini.
“Precisamos dos fornecedores lá”, reforçou o executivo, relembrando que a fábrica começa a produzir em 2014 ao ritmo de 200 mil unidades/ano. “Mas isso é só para começar”, provocou. Além da fábrica de carros em si, Belini destacou que a unidade pernambucana será um centro industrial completo, com fornecedores e um centro de desenvolvimento de produtos.
Magneti Marelli
Um dos principais fornecedores da Fiat, que pertence à companhia, já está operando em Pernambuco, bem perto de onde será a nova planta. Desde o fim do ano passado a Magneti Marelli assumiu o comando da fábrica de chicotes TCA, em Jaboatão dos Guararapes (PE), que era do grupo argentino Pescarmona. É a primeira vez que a sistemista entra no negócio de arquitetura de distribuição elétrica automotiva, pois nenhuma outra unidade da empresa no mundo produz chicotes. A TCA está em Pernambuco desde 1960 e foi comprada silenciosamente há pouco mais de um ano pelo Grupo Fiat, para aproveitar o pacote de incentivos fiscais da empresa, que também será usado na nova unidade de automóveis.
Motores
Outro fornecedor que deverá anunciar brevemente uma fábrica bem ao lado é a Fiat Powertrain, a divisão de motores do grupo. Especula-se a produção de um novo três cilindros lá. Franco Ciranni, superintendente da empresa, ainda não confirma a sua parte da “pernambucanização”, mas suas projeções de crescimento falam por si. A Fiat Powertrain prevê aumentar em quase 60%, dos atuais 1,9 milhão de motores/ano para 3 milhões, sua capacidade no Mercosul até 2014 – não por acaso, o mesmo ano em que a nova linha de automóveis da Fiat começa a produzir. Seria difícil atingir esse desempenho sem mais uma fábrica. “Todo carro precisa de um motor e nós vamos fazer tantos quanto forem necessários para atender a Fiat”, desconversa Ciranni.