Você já reparou nas fotos que acompanham esta matéria? Veículos de carga com três rodas derivado de uma motocicleta e um scooter idealizado para facilitar a vida de pessoas com dificuldades motoras. Esses curiosos triciclos se transformaram em uma alternativa para pequenas e médias empresas que precisam de agilidade na entrega de suas mercadorias. A Tricicar, de Araraquara, no interior de São Paulo, é responsável pela modificação de uma moto street em um veículo para transporte. “A idéia surgiu da necessidade de atender o mercado. Muitos clientes nos procuram, principalmente, motivados pela agilidade, economia de combustível e baixo custo de manutenção destes mini-veículos de carga”, afirma Sérgio Dal Negro, diretor comercial da Tricicar, dizendo que os veículos modificados têm homologação junto ao Denatran.
E que tal unir a funcionalidade da motocicleta com espaço para transportar gás, água, baú para transportar engradados e pequenas compras de supermercados, animais ou até mesmo outras motocicletas. O preço da transformação varia entre R$ 6.100 ou R$ 12 mil. Mas, não se esqueça: Para pilotar qualquer triciclo é preciso usar o capacete e ter carteira de habilitação categoria A.
É bastante simples transformar sua moto em triciclo. “Sempre temos que manter a originalidade do veículo. Isso é prioridade. Fabricamos todos os componentes, apenas adquirimos rodas, pneus, feixes de molas e correntes”, explica Sérgio. Tanto para a Honda CG 150 como para a Yamaha YBR 125 o procedimento é mesmo. Segundo o diretor da Tricicar, é necessário apenas retirar a balança traseira juntamente com a roda.
Depois é conectada uma nova estrutura com eixo e duas rodas de aro 13 na traseira. A fixação é feita por meio de apenas três parafusos: dois presos no lugar original dos amortecedores e um no local da balança traseira.
Outra saída menos utilizada é cortar a ponta do chassi em 150 mm para fazer a instalação. “Porém, esse procedimento corresponde pela menor parcela dos nossos clientes”, explica Sérgio, dizendo que a Tricicar tem como principais clientes a Ultragas, Unisuper e WFB, todas no interior de São Paulo.
Já a parte mecânica da motocicleta praticamente não sofre alterações. “Dependendo do tipo de utilização e peso da carga transportada, instalamos um novo kit de relação. Ou seja, uma coroa mais curta ou alongada. Além disso, o veículo ganha uma corrente reforçada e um novo escapamento”, explica Sérgio Dal Negro. Seja qual for o procedimento, o tempo de serviço não ultrapassa de duas horas.
Outro exemplo vem de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. A Trimoto, do Grupo Targus, também produz um veículo de carga de três rodas, que tem como base uma moto de 125 cm³ de capacidade e oferece soluções especiais para transportar botijões de gás, galões de água, engradados e até compras de supermercado, em opções de baú fechado ou aberto.
Pensando juntamente na fidelização de seus consumidores, o Grupo Pão de Açúcar, de São Paulo, utiliza em algumas lojas um pequeno “furgão” sobre três rodas para as entregas. São ações simples que podem economizar, tempo, dinheiro e, consequentemente, estreitar ainda mais os laços de confiança entre o cliente e o estabelecimento comercial.
O custo da mobilidade
O Sun Trike é um triciclo que atende às pessoas com dificuldades de locomoção. “Um colega sofreu um acidente e perdeu os movimentos das pernas, em 2004. O projeto foi criado por seus irmãos e nos interessamos pela proposta”, explica Armando Dias Ciccone, diretor da empresa. Trata-se de um Suzuki Burgman adaptado com par de rodas dianteiras. “Escolhemos esse scooter pelo baixo índice de manutenção. A transformação custa R$ 5 mil. E utilizamos somente componentes originais. Apenas não fabricamos os rolamentos, os terminais de direção e os tubos de aço carbono utilizados na nova estrutura dianteira”, explica Ciccone.
Para fazer essa transformação é necessário retirar a roda dianteira, mesa, suspensões e coluna de direção. Após uma nova estrutura metálica fabricada pela empresa é fixada ao chassi do scooter. Nesse local que são fixados os amortecedores. As bengalas são retrabalhadas e o sistema de freios dianteiro é duplicado (dois discos e duas pinças) para aumentar a segurança do condutor. Por fim, é feita a conexão das mangueiras de freios, cabo de velocímetro, instalação dos paralamas. “O Sun Trike tem homologação do Denatran e código Renavam. Aliás, agora, também adaptamos o Burgman 400 e também o 650”, conta Armando.
Quem utiliza o Sun Trike diariamente é o funileiro Edson Freitas, que mora no Guarujá, litoral da São Paulo. “Tenho dificuldades de locomoção e utilizo meu triciclo todos os dias. É melhor que uma cadeira elétrica. Fácil de embarcar e pilotar, não fico limitado e, ainda faço minhas tarefas com agilidade”, finaliza.