As medidas do Banco Central para conter o crédito já tiveram impacto sobre o comércio: a venda de veÃculos, em unidades, caiu 7,1% de dezembro para janeiro, segundo o IBGE. Foi a primeira retração em sete meses, e o setor teve o pior desempenho entre os pesquisados.
Desde dezembro, o BC exigiu que os bancos colocassem mais capital próprio em determinadas linhas de financiamento. Com isso, conseguiu ampliar a taxa de juros dos empréstimos e reduzir o número de prestações -que, no caso de veÃculos, chegava a até 72 meses.
Diante desse cenário, as novas concessões de empréstimos a pessoa fÃsica caÃram 5% em janeiro, e uma das modalidades mais afetadas foi a de automóveis. "O aperto do crédito pode explicar a queda das vendas de veÃculos. O setor depende muito de financiamento, e os prazos se encurtaram e o custo subiu", disse Reinaldo Pereira, economista do IBGE.
O fraco resultado de veÃculos provocou um descompasso entre o Ãndice tradicional do varejo do IBGE e o chamado indicador do comércio varejista ampliado -que inclui automóveis e material de construção, setores atuantes também no atacado.
O varejo ampliado registrou queda de 0,2% em janeiro na comparação livre de influências sazonais com dezembro -veÃculos têm o maior peso no Ãndice (32%).
Já as vendas do "varejo puro" subiram 1,2%, na esteira do bom desempenho de super e hipermercados (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (2,7%). Esses ramos respondem à renda e ao emprego em alta e aos preços mais baixos de importados. Ante janeiro de 2010, o comércio registrou expansão de 8,3%.
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC, a principal vantagem das medidas macroprudenciais é "seu efeito quase imediato para segurar o crédito", ao passo que a alta dos juros tem uma defasagem de até seis meses para começar a esfriar a economia.
As vendas de veÃculos devem continuar a se desacelerar, mas não na mesma intensidade de janeiro, diz ele.
Alexandre Andrade, da Tendências, crê que as taxas de juros vão se manter em ascensão e conter o ritmo de crescimento das vendas do comércio -sustentadas ainda por emprego e massa salarial em alta.