Embora o consumidor brasileiro ainda se prenda a conceitos conservadores em relação às cores dos automóveis – as mais vendidas são prata e preto – a Ford propõe cores mais vibrantes na sua gama de produtos, principalmente nos que se incluem nos projetos globalizados que terão as mesmas cores dos carros vendidos na Europa, América do Norte, África e Ásia.
Segundo Lucíola Duarte de Almeida, Gerente de Marketing de Produto da Ford Brasil, uma das cores que começa a evoluir e se destacar na aceitação dos proprietários, é o branco. “Mas, o catálogo de cores é muito grande e agrada a todos os gostos, para cada modelo”, completa Lucíola.
Uma surpresa é o Ka cuja cor vermelha tem o mesmo percentual de vendas que a prata. No mix de pintura, o branco chega a, aproximadamente, 22% do total produzido, enquanto o azul e o verde também tem boa aceitação, em torno de 6%. O mesmo movimento acontece em relação ao Fiesta Rocam, no qual a cor vermelha tem crescido muito nos últimos anos, em torno de 15%.
No Focus, a novidade é o verde Ipanema que, no último mês de novembro, registrou vendas da ordem de 10% do “mix”.
Entre os carros de luxo, como o Fusion, o branco mostra tendência de crescimento com 12% da preferência. Nas vendas acumuladas de 2010, registra 18% nos últimos meses do ano.
Outra novidade é o caso do EcoSport cujos proprietários escolheram o dourado que se tornou a terceira cor de maior volume nas vendas.
O Edge 2011, que a Ford acaba de lançar no mercado brasileiro, trouxe como novidades o azul e o vermelho Córdoba (que é o mesmo do New Fiesta). Além disso, a Ford já detectou uma demanda reprimida de pedidos para o Crossover Edge branco, o que reforça a tendência do segmento de luxo para essa cor.
Testes
O Campo de Provas da Ford em Tatuí, interior de São Paulo, tem participação importante no desenvolvimento de novas cores para os carros nacionais. Diversos testes são aplicados, entre eles o de resistência ao tempo, tonalidade, ação da água na pintura, aderência etc.
Segundo a Ford, o ciclo de desenvolvimento de novas cores, incluindo aprovação e colocação no mercado, ocupa um período de 2 anos, em média. Todavia, dentro do espírito da globalização, muitas cores que surgem nos Estados Unidos podem ser aplicadas em outras linhas de montagens. Além de se tornarem base para estudos locais, são, automaticamente, vendidas no mercado brasileiro nos produtos globais da empresa.
Dessa forma, as cores vibrantes do New Fiesta e mais recentemente, do Edge 2011, tem potencial para serem aplicadas em produtos da Ford Brasil.
O mercado
Nas concessionárias, de um modo geral, existe realmente uma percepção de que as cores menos tradicionais significam perda de dinheiro no momento da revenda. Trata-se de uma cultura do mercado, mas não necessariamente uma regra. Em relação ao consumidor brasileiro, aos poucos, começa a aceitar cores menos tradicionais.
Na verdade, ele até gosta, mas como tem no carro o seu segundo maior investimento, ele se preocupa com o valor de revenda.
Provavelmente são resquícios da época da inflação galopante onde, depois de um ou dois anos de uso de um carro, ele era vendido com o mesmo valor de quando foi comprado.
Uma das preocupações do consumidor é em relação á garantia da marca. O que fazer, se acontecer de uma determinada cor, por exemplo, desbotar. No caso da Ford a empresa informa que se algum problema ocorrer ele será tratado como qualquer outro item ou peça protegida pela garantia. Assim sendo, o cliente terá o devido reparo.
O fornecedor
A Ford tem se destacado pelo altíssimo nível de fornecedores, como no caso da interatividade com parceria da Microsoft, no sistema de som, com a Sony e, nas tintas, com a gigante DuPont.
Para a DuPont, a escolha de uma determinada cor pelo consumidor tem significados que vão muito além dos conhecimentos habituais. A empresa desenvolve profundas pesquisas e avalia até a psicologia por trás das cores.
“Ao mesmo tempo em que a escolha da cor pode indicar o estado de humor, algumas cores específicas também podem indicar determinados sentimentos. As pessoas precisam de mais cor em suas vidas para fazê-las se sentirem melhores, especialmente em períodos ruins”, explica Kayta Gajdos, psicóloga da Pensilvânia que faz estudos para a DuPont e usa a cor como ferramenta de psicoterapia.
Qual significado das cores
De acordo com Gajdos, prever a preferência de cor é complicado diante das inúmeras cores disponíveis. Apesar da larga escala de tons e efeitos oferecidos pelos fabricantes de automóveis, especialistas como o psicólogo do Texas, Dr. Steven R. Vazquez, criador de uma técnica chamada Terapia de Transformação Emocional, concordam a respeito de determinadas associações gerais da personalidade de cada um com as cores:
• Vermelho ou violeta claro – paixão.
• Vermelho escuro – segurança.
• Azul – comunicação.
• Verde azulado – integridade, totalidade.
• Anil – compreensão.
• Verde amarelado – fortalecido/assertivo.
• Laranja – auto-estima/confiança.
Assim como o fornecedor, a Ford, também reúne todos os dados quantitativos ou qualitativos para formular suas previsões a respeito das novas cores que terão apelo junto aos consumidores. Mas, definitivamente, eles também consideram fatores específicos como influências culturais e psicológicas que possam ter efeitos sobre a preferência das cores, especialmente em períodos de turbulência econômica.
A popularidade do prata, uma cor que significa prosperidade, coincidiu, no início da primeira década do século XXI, com o “boom” econômico. A cor prata liderou o ranking das cores automotivas mais populares desenvolvidas pela DuPont por sete anos. Curiosamente, o surgimento do branco como a cor preferida, em 2007, sinalizou o fim do crescimento econômico marcado pelo “11 de setembro”, segundo Peter Weil, professor associado de antropologia cultural da Universidade de Delaware.
Consultor da DuPont, Weil, passou décadas fazendo estudos interculturais da arte em várias regiões do mundo, especialmente na África. Assim, ele pode estudar e aprofundar seus conhecimentos sobre as influências culturais e sociais na preferência de cores.
“Sabemos que somente nos últimos 35 anos todos os seres humanos processam as cores, biologicamente, da mesma maneira”, afirma Weil, que se dedica a uma especialidade da antropologia cultural – estudo dos povos, suas crenças, práticas, valores, idéias, tecnologias, economia, entre outros fatores – conhecida por “antropologia estética”. “Em muitas sociedades tradicionais, não industriais, as pessoas têm uma consciência adquirida culturalmente de apenas quatro escalas básicas de cor: vermelho, azul, preto e branco. Mas em sociedades industriais, a população é condicionada a perceber um amplo conjunto de cores por causa da globalização, do marketing e de outros elementos”.
A escala de cores, da qual as pessoas têm consciência, é importante, segundo Weil, porque todas as sociedades atribuem determinados valores às cores. A cor prata, que significa prosperidade, uma das mais aplicadas no Ford Fusion, por exemplo, liderou o ranking das cores automotivas mais populares, segundo o relatório elaborado e divulgado pela DuPont, durante sete anos.
Os especialistas da DuPont acompanham e relatam as preferências dos consumidores, em relação a cores automotivas, há 56 anos, por meio do DuPont Global Automotive Color Popularity Report, relatório publicado anualmente no mês de dezembro e que inclui preferências de cor para todas as regiões e determinados países do mundo. Os dados são baseados em informações de fabricantes de veículos, licenciamento de carros, dados de vendas de tinta e métodos analíticos da própria DuPont.
No relatório de 2010, a empresa informou que a cor prata e o preto são as mais populares do mundo. A soma das duas representa 50% da preferência global. No Brasil, onde também são as preferidas, a soma das duas representa ainda mais, 58% do mercado. As outras duas cores mais populares no mundo são o branco e o cinza que, somadas, representam 36% do total. Esses dados indicam que 86% dos carros do mundo não são coloridos!!!
A DuPont é a principal fabricante de revestimentos para carros novos do mundo bem como para o setor de repintura. Todos os anos, os pesquisadores da empresa desenvolvem eventos personalizados para apresentar aos fabricantes de carros o “mix” de cores novas que, acreditam, terão mais apelo junto aos consumidores.
Nas sociedades industriais, a população e consumidores são condicionados a perceber um amplo conjunto de cores por causa da globalização e do Marketing, cada vez mais agressivo e que define quase tudo.
Assim sendo, a escala de cores da qual as pessoas têm consciência é importante, segundo Weil, porque todas as sociedades atribuem determinados valores e identificações às cores. Depois do reinado do “prata” sua popularidade começou a declinar há cerca de dois anos.
O prata foi a cor preferida no DuPont Global Automotive Color Popularity Reports de 2000 a 2006 – mantendo um reinado de sete anos. O branco vem sendo apontado, pelo relatório, como a cor mais popular desde 2007. O branco é associado à transição. Interessante notar que a maior parte da preferência demonstrada no relatório passou a ser pelo branco com efeitos especiais, como o pérola. Então, mesmo que as pessoas tenham passado a preferir o branco, a preferência é por um branco com aparência mais luxuosa e durável do que o branco simples que lembra “giz” e parece desinteressante e institucional.
A escolha da cor também pode estar associada com questões de segurança ou risco. No Leste Europeu, por exemplo, o preto e o cinza aparecem freqüentemente em carros caros, significando segurança, riqueza e aversão a riscos. Entretanto, pessoas mais jovens tendem a se arriscar mais, escolhendo cores brilhantes, que chamam a atenção para seus carros menores e mais baratos.
No Brasil, as preferências dos consumidores são o prata e preto. Quem se aventura pelo vermelho, verde, azul, laranja, amarelo.......?