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A estratégia vencedora de Jean Azevedo

27/01/2011 - 15:08 - Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO

Se existisse um hall da fama do off-road nacional, Jean Azevedo teria lugar garantido. Ao guidão de uma moto, o paulista de São José dos Campos tem cinco vitórias no Rally Internacional dos Sertões, seis títulos brasileiros na modalidade, e 10 participações no Rally Paris-Dakar na África – entre os bons resultados a melhor colocação de um brasileiro, o 5º lugar em 2003. Em 2008, em busca de novos desafios, trocou as duas pelas quatro rodas. Desde então, pilotando carros, já foi tricampeão brasileiro de rally cross-country, disputou dois Rallies Dakar na América do Sul e já foi terceiro colocado no
Rally dos Sertões.

Mas para o Dakar 2011, por uma decisão estratégica da sua equipe, a Petrobras-Lubrax, Jean Azevedo voltou às motos. A notícia de que disputaria o Rally Dakar 2011, que aconteceu entre 1º e 16 de janeiro na Argentina e Chile, pegou muitos de surpresa. “Decidimos, de fato, em setembro, que eu voltaria para as motos. Foi então que comecei a treinar para valer de novo com a moto”, declarou Jean Azevedo, no retorno ao Brasil.

Quem ouve a resposta pensa que Jean, aos 36 anos, foi apenas fazer número na equipe – o time brasileiro da Petrobras Lubrax é o único do mundo a disputar as três categorias (motos, carros e caminhões). Pelo contrário. Em sua reestréia em duas rodas no rali mais famoso do mundo, o paulista conquistou o sétimo lugar na classificação geral. E de quebra, trouxe na bagagem, o melhor resultado verde amarelo na competição.

INFOMOTO – Você parou de disputar provas em duas rodas por dois anos, mas não abandonou as motos. Percebi que você veio com sua KTM 990 Adventure para São Paulo...

Jean Azevedo – Mas é muito diferente andar de moto na rua e competir de moto. Ando de moto sempre, no dia-a-dia, mas disputar um rali é outra coisa. Não tem nada a ver. Ando de moto desde os cinco anos de idade, em motos off-road, mas tive que voltar a treinar para valer para este Dakar.

INFOMOTO – Como foi sua preparação para andar de moto no Dakar 2011?

Jean Azevedo – A moto exige muito mais preparo físico do que no carro. Pilotar um carro não cansa como a moto. Eu não descuidei da parte física, apesar de ter ido para os carros, mas tive que intensificar os treinos. Em setembro, quando decidimos que eu disputaria o Dakar em duas rodas, voltei a treinar para valer com a moto. Minha maior preocupação era a “readaptação” à moto. A pilotagem é diferente, as referências visuais são diferentes e ao guidão, você está sozinho. Tem de pilotar e navegar ao mesmo tempo.

INFOMOTO – A decisão de voltar à moto foi uma vontade sua ou da equipe?

Jean Azevedo – A decisão foi mesmo estratégica. Era a única maneira de conseguirmos bons resultados nas três categorias. Foi uma decisão pela equipe.

INFOMOTO – E você esperava conseguir um resultado tão bom? Afinal, você foi sétimo na classificação geral, venceu a categoria super production com sua KTM 690 Rally e ainda foi o brasileiro melhor colocado no Dakar 2011...

Jean Azevedo – Não esperava. Preparei-me para o rali, mas fui pra lá sem nenhuma expectativa.

INFOMOTO – Já que você teve a oportunidade de disputar o Dakar em duas e quatro rodas, uma pergunta: qual você prefere?

Jean Azevedo – Pela paixão, prefiro pilotar motos.

INFOMOTO – Mas seu plano profissional é o carro?

Jean Azevedo – Sim. Quero conseguir bons resultados no Dakar pilotando um carro.

INFOMOTO – Do que você precisaria para conseguir esse bom resultado?

Jean Azevedo – De um Volkswagen Touareg. Eles têm uma estrutura impressionante. Hoje, para vencer o Dakar de carro, tem que ser com um Touareg.

INFOMOTO – Quais são os planos para o restante deste ano e para o Dakar 2012? Continuar na moto?

Jean Azevedo – Ainda não temos planos. Cheguei segunda-feira, 17 de janeiro, de Buenos Aires, e mal tive tempo para descansar. Vou sentar com a equipe para conversar, vamos analisar o resultado, o retorno dos patrocinadores para, depois, tomarmos alguma decisão.

Resultados

O Rally Dakar 2011 começou em 1º de janeiro em Buenos Aires e, depois de percorrer mais de 9.000 km na Argentina e no Chile, retornou à capital argentina no último dia 16. A 32ª edição do mais famoso e perigoso Rally do mundo foi realizada pela terceira vez consecutiva na América do Sul – depois de ameaças terroristas que cancelaram a prova em 2008, a organização deixou o continente africano.

O sétimo lugar de Jean Azevedo no Rally Dakar 2011 é ainda mais impressionante se levarmos em consideração que o brasileiro enfrentou cerca de 190 competidores em duas rodas. A sua frente, chegaram grandes nomes do off-road mundial que se dedicam apenas às duas rodas. O vencedor nas motos neste ano foi o espanhol Marc Coma; em segundo lugar chegou o francês Cyril Désprés; e em terceiro, o português Helder Rodrigues.

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