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Em primeiro teste de colisão latino-americano, carros nacionais não vão bem

20/10/2010 - 08:06 - Redação

Com a divulgação dos resultados dos testes de colisão de nove veículos de seis marcas, fabricados e vendidos na América Latina, foi lançado o Latin NCAP, Programa de Avaliação de Carros Novos na América Latina. Grandes fabricantes de automóveis foram postos à prova  pelo programa independente de testes de colisão, pela primeira vez na América Latina e Caribe.

Para a PROTESTE Associação de Consumidores que coordena o teste dos carros nacionais, ficou evidente que ainda não há segurança veicular para motoristas e passageiros nos países latino-americanos. E baixo grau de proteção às crianças no banco de trás.

Neste primeiro teste de colisão, foram submetidos a um rigoroso processo de avaliação utilizando o conhecimento e a experiência de outros NCAP ‘New Car Assessment Programmes’ ao redor do mundo, os seguintes veículos: Toyota Corolla XEi; Chevrolet Meriva GL Plus; Fiat Palio ELX 1.4 (com e sem airbags), VW Gol Trend 1.6 (com e sem airbags); Peugeot 207 Compact 5p 1.4 (com e sem airbags); Geely CK 1 1.3. Vale lembrar que esses modelos são tem a mesma plataforma comercializada e até produzida em outros países do mundo.

Mesmo os mais bem avaliados, com airbag, tiveram ressalvas em relação a riscos de lesões em motoristas e passageiros. Cada carro foi submetido a uma colisão frontal a 64 km/h contra um obstáculo deformável, que simulava outro automóvel.

Infelizmente, a segurança das crianças na América Latina não está tão desenvolvida como em outras partes do mundo. O cinto de segurança é pouco usado pelas crianças nesta região. Está provado que os sistemas de retenção para crianças podem salvar as suas e as vidas dos demais ocupantes o veículo. 

O Latin NCAP aconselha os governos da América Latina e Caribe que o uso destes sistemas de retenção para crianças nos carros seja obrigatório e que sua qualidade técnica seja verificada.

Melhor e pior do teste

O Corolla recebeu a maior nota no teste: quatro estrelas na segurança para ocupantes adultos. Na avaliação são atribuídas "classificações de estrelas" com base no desempenho dos veículos em uma série de ensaios de colisão. O número máximo de estrelas é cinco.

A carroceria do Corolla se manteve estável durante o impacto frontal e o assoalho permaneceu íntegro. Cabeça e peito dos ocupantes tiveram boa proteção. Somente os joelhos ficaram expostos a lesões por ação de estruturas do painel. Houve falha na proteção da criança com três anos (a cabeça bateu nas costas do banco do motorista).

O pior desempenho foi do Geely CK1, de fabricação chinesa, que não é vendido no Brasil. Não obteve nenhuma estrela. Constatou-se risco muito elevado de lesões a todas as partes do corpo do motorista, que poderia até morrer. Para crianças, houve proteção adequada nas cadeirinhas, mas a carroceria muito fraca não absorve o impacto da colisão. A deformação da estrutura do carro é imensa, limitando a chance de sobrevivência do passageiro da frente.

O Geely avaliado não tinha airbag. Mas o risco detectado é tão grande que a presença de um airbag não faria diferença. E as cadeirinhas recomendadas pelos fabricantes não se encaixam perfeitamente ao carro.

Mais resultados

O Peugeot 207, mesmo no modelo que tem airbag, se mostrou incapaz de evitar que o peito do motorista atingisse o volante em caso de colisão frontal. Nem usando cinto de segurança o condutor ficaria a salvo: em caso de colisão frontal, os joelhos, as pernas e os pés poderiam ser lesionados pelos pedais, por estruturas perigosas no painel e por rupturas do assoalho.

Para piorar, a carroceria não consegue absorver impactos mais fortes. O modelo sem airbag, por sua vez, acarreta aos passageiros todas essas ameaças mais o alto risco de lesão na cabeça, o que pode causar problemas graves, inclusive a morte. E alto risco de vida para o motorista, devido ao dano causado pelo volante na cabeça do condutor.

Com ou sem airbag, o Peugeot 207 não é a opção mais segura para quem tem criança, uma vez que a carroceria não suporta a pressão do impacto.

Na avaliação do VW Gol e do Fiat Palio, dois carros muito populares no Brasil, os resultados foram bem parecidos. Nos modelos com airbag, ambos oferecem boa proteção para a cabeça. O Palio, porém, traz um risco médio de lesão no peito.

Em ambos os modelos, os joelhos também se mostraram vulneráveis à ação de estruturas perigosas do painel. E o Gol oferece, ainda, risco aos pés do motorista, devido à posição elevada dos pedais e à fraca estrutura do assoalho.

Nos modelos sem airbag dos dois carros, houve risco elevado de lesões na cabeça e no peito. Há, em ambos, alto risco de vida para o motorista, devido ao dano causado pelo volante na cabeça do condutor.

Quanto às crianças, os dois carros oferecem proteção adequada, mas as instruções de instalação são insuficientes, podendo colocar em risco a estabilidade das cadeirinhas.

No Chevrolet Meriva com airbag houve boa proteção de cabeça e peito. Estruturas do painel colocaram em risco os joelhos do motorista e do passageiro e as pernas do motorista. Falha na proteção da criança com três anos (a cabeça bateu nas costas do banco do motorista).

A PROTESTE defende a antecipação da obrigatoriedade de airbags frontais nos veículos novos brasileiros, prevista para 2014. E que os freios ABS também se tornem itens obrigatórios de segurança veicular. A expectativa da PROTESTE é que  muitas vidas sejam poupadas com a inclusão desses itens de segurança. O resultado completo do teste está disponível no site da PROTESTE: WWW.proteste.org.br.

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